Categorias: experiências | Relatos e Impressões pessoais

Em maternidade não tem jeito de acertar. Pelo menos aos olhos dos outros.

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Certa vez ouvi de uma desconhecida que julgar as outras pessoas é muito feio (ok, isso todo mundo sabe) mas que julgar mães é pior ainda. E, na minha opinião, essa moça estava coberta de razão. Entretanto, pelo visto, tem muita gente que não pensa dessa forma e, aí, o barraco está armado.

Eu participo de alguns grupos de discussão sobre maternidade no Facebook e quer saber… É só ter algum tópico sobre parto, amamentação ou forma de criar os filhos que o negócio degringola para a baixaria. É incrível! Nunca vi como mães adoram julgar e, claro, condenar outras mães. Até parece que elas não estão no mesmo papel e que também não passam por dificuldades ou tem seus momentos de insanidade.

Quer ver como é???? (Se é que você ainda não viu ou viveu isso)

Quem optou pelo parto normal mete pau em quem por, livre e espontânea vontade, optou pelo parto cesárea. Quem escolheu a cesárea acha um absurdo o parto humanizado, porque traz (supostamente) riscos para a mãe e o bebê. Quem escolhe o humanizado ou natural então, tende a achar que tanto o parto normal quanto a cesárea não são normais. O natural é parir sem qualquer intervenção que amenize a dor.

Mas ok, aqui até que o julgamento é mais velado, sem tantas acusações descaradas. Mas agora tente questionar o direito de escolha pela não amamentação? Jesus do céu. A casa cai. O céu cai. O universo todo entra em colapso. Mães que simplesmente não quiseram amamentar são crucificadas vivas. Mesmo aquelas que, por algum motivo, não puderam também são julgadas e sobre elas cai os veredito de não teve paciência, é egoísta, não quis de verdade e por aí afora.

Aí vamos adiante… Chegamos no papo criar os filhos by yourself, contar com a ajuda de uma babá ou colocá-lo no berçário/creche. As mães que optaram por abrir mão de suas carreiras para ficar mais com seus filhotes costumam ter aquele olhar altivo, examinando lá do alto da sua doce arrogância aquelas que decidiram contar com uma ajuda extra. Se botar no berçário com quatro meses então, é o fim dos tempos. Aquelas que contam com alguma ajuda, seja de babá ou berçário, tendem a julgar menos as outras, mas se auto massacram.

Participei essa semana de um evento do site bebe.com.br, sobre o tema Mãe Perfeita x Mãe Possível, e me chamou atenção a história da blogueira Cris Guerra. Quando seu filho Francisco tinha dois meses, ela voltou a trabalhar e, na loucura que transformou-se sua vida, ficou sem leite para amamentá-lo. Para completar, a Cris havia ficado viúva há pouco tempo (o pai do Francisco faleceu quando ela estava com sete meses de gestação) e assim nem a figura paterna seu bebê tinha por perto. E como os avós também eram falecidos, o Francisco acabou sendo criado desde cedo por uma babá. O que isso acabou gerando? Inúmeras críticas a ela, que numa situação dessas aceitou voltar para o trabalho tão cedo e terceirizar a criação do seu filho. Mas gente, vamos ser sinceros, ela ia fazer o quê? Sem marido, sem pai e mãe para ajudar e ainda sem emprego? Aí que o Francisco não sobreviveria mesmo.

Hoje o Francisco tem cinco anos e está muito bem obrigada. Ele não mamou no peito até seis meses e não conviveu com a mãe dia e noite até um ano de idade, mas é um menino feliz e realizado.

A Cris Guerra foi para o seu filho o que muitas de nós estamos tentando: ser a melhor mãe que podemos ser, dentro das nossas limitações físicas e psicológicas.

Quando vejo algumas mães batendo boca e cada uma defendendo veementemente o seu ponto de vista como essa fosse a verdade universal (e por consequência desmerecendo a posição contrária), me dá uma certa tristeza. Afinal, todas nós estamos na mesma situação e quem julga hoje, corre o risco de ser julgada e condenada amanhã. Acho que já basta a culpa que todas nós naturalmente carregamos (ou vc ainda não ouviu o ditado que diz: junto com um bebê nasce uma mãe e, com ela, o sentimento de culpa?), não precisamos de mais inquisidores para piorar a situação.

Por fim, quero dizer que tive o Léo de parto normal, não consegui amamentá-lo exclusivo até os seis meses (na verdade ele tomou complemento desde sempre) e optei por cuidar dele até pelo menos um ano de idade, sem ajuda extra. Isso não me faz uma mãe melhor nem pior que qualquer outra. Apenas uma mãe a meu modo. Do jeito que deu!

Em tempo:
Mamães que não julgam as demais mamães, por favor, não sintam-se ofendidas com esse texto. Fiz uma generalização como forma de expressão, para chamar a atenção para o problema. Mas é claro que existe sim mães sensatas que já aprenderam que não ganham nada apontado o dedo para o nariz das outras.

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