Semana passada vivi uma situação que me emocionou. Por vários motivos.
Leo irá passar por uma pequena cirurgia em breve e, por conta dela, o médico pediu alguns exames, incluindo de sangue. No dia de fazer o exame de sangue acordei tensa, pois não sabia como ele iria regir. Leo já tinha tirado sangue algumas vezes, quando era bem bebezinho, e sempre havia sido um caos. Então, agora eu estava com medo que a coisa se repetisse.
Eu achei que ele fosse dar um daqueles shows dele de sempre, em que gritava, se debatia, chorava, não deixava sequer que pegassem seu braço. Achei que fosse ser exatamente assim. Só que com o agravante que agora ele está maior, está com mais força, e aí eu não conseguiria segurá-lo sozinha e, talvez, nem conseguíssemos fazer o tal exame.
E assim, com esse medo dentro de mim, fomos até o laboratório. No caminho, eu falei para o meu pequeno que iríamos tirar um pouquinho de sangue dele e, quando ele me perguntou se iria doer, eu falei que sim, mas que seria uma dor bem menor que a dor de uma vacina.
Fui dizendo que era importante para a saúde dele, que ele já tinha feito quando era bebê mas que não lembrava, e que eu estaria lá, juntinho dele. Enfim, dei a real do que iria acontecer, mas tentei acalmar o meu pequeno.
No laboratório, aguardamos alguns minutos, junto com outras crianças que também estavam lá para tirar sangue, e logo fomos chamados. Assim que entramos na sala de coleta, Leo se calou. Sentiu que era chegada a hora. Quando as enfermeiras falavam com ele e brincavam, ele respondia sério. Ele também obedeceu direitinho tudo que elas mandaram ele fazer – sente no colo da mamãe, dobre esse braço, estique o outro, deixe a mamãe te abraçar – e não quis desviar o olhar quando uma delas se aproximou dele com a seringa na mão.
Durante todo o tempo, ele ficou olhando. Ele viu elas apertarem o elástico no braço dele, passarem o lencinho com álcool para limpar a pele, aproximarem a seringa e o picarem. E foi nessa hora que meu pequeno me emocionou. Foi nessa hora que eu tomei um choque de realidade.
Leo aguentou firme e forte enquanto elas botavam e tiravam da seringa tubinhos cheios de sangue. Ele ficou com os olhos cheios de lágrimas, apertou os lábios, ficou tenso, mas não chorou. Nem gritou. Nem fez escândalo. Nem disse que era para parar.
Ele ficou ali, encarando aquele que, para ele, devia estar sendo um momento de extrema tensão. Não tanto pela dor, mas pelo medo (quem não lembra o quanto a gente temia agulha quando era criança). Ele ficou ali, se mantendo forte, mostrando que havia crescido e que entendia que aquilo era importante e necessário e que, por isso, ele iria aguentar.
Nesse momento, eu me emocionei. Ver meu pequeno segurando o choro – com aquele carinha de criança segurando o choro que vocês conhecem bem – cortou o meu coração, ao mesmo tempo que me encheu de orgulho.
Em nenhum momento eu disse que ele não poderia chorar. Não mesmo. Mas ele não quis chorar. Ele quis se mostrar forte e corajoso. Ele quis se mostra o menino que havia se tornado. Não mais um bebê.
Pois é amigas, uma hora ou outra em suas vidas vocês irão se deparar com alguma situação que irá escancarar na cara de vocês que seus pequenos cresceram. Que o tempo passou e eles cresceram. Que eles não são mais aqueles bebezinhos e que, quando a gente menos esperar, já nem precisarão mais de nós. E para mim foi essa situação. Foi essa luta do Leo contra o medo, foi esse choro contido, foi essa vontade de se mostrar corajoso.
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Nunca vou esquecer a carinha do meu pequeno no momento que ele cerrou os lábios e engoliu o choro . Nunca vou esquecer aquele momento dele tentando ser “grande”. Esses poucos minutos me deram uma lição de vida, me provaram que o tempo passa, e rápido demais. E que quando eu menos esperar, quando eu piscar os olhos, eles já cresceram.