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O parto do Caê – relato de parto

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E então me sento para fazer o relato do parto do Caê. Pedem-me para escrever sobre isso há dias, mas como é um post muito especial, preciso de tempo, de calma, de paz e de serenidade para escrevê-lo. Coisa que quando se tem um recém-nascido mais uma criança de 2 anos e 8 meses nem sempre é fácil de conseguir.

parto do cae
Foto Line Sena

Bom, o relato do parto do Caê começa no dia anterior ao seu nascimento, quando fui fazer o exame de toque para ver como andavam as coisas. Nesse exame, eu estava com pouquíssima dilatação (algo em torno de 1cm), mas segundo meu médico, com o colo bem “amolecido” e preparado para o parto.

Nessa consulta, ele me alertou, me pediu, me implorou que eu não bobeasse e qualquer sinal de que o Caê estivesse chegando ligasse imediatamente para ele, pois eu deveria ter um parto rápido (Leo, que foi o primeiro filho, teve um parto rapidíssimo. Leia o relato do seu parto aqui).

Nesse dia, depois do exame, passei a sentir algumas cólicas, mas nada de contração. Passei também a me sentir mais cansada, mais relaxada, mais calma e tranquila (coisa bem rara nessa gestação, que passei a maior parte do tempo irritada e surtada). Nessa noite, ainda recebemos a visita de um casal de amigos, que estava de mudança para a França e veio se despedir (e eu fui para a cama quase 1h da manhã, apesar do cansaço). E eu naquele ritmo “paz e amor” sentindo que algo estava para mudar em breve.

Algumas horas depois, nesta madrugada, acordei com duas cólicas fortes. Fui até o banheiro e estava com sangramento. Por volta de 9h da manhã liguei para meu obstetra, falei que estava com cólicas e sangramento, ele falou que era normal, por conta do exame que havia sido feito, e eu comentei que achava que seria naquele dia, pois estava sentindo que as coisas estavam mudando (além de eu estar mais calma e quieta, coisa rara em se tratando de mim, o Caê também estava mexendo bem menos). Meu obstetra pediu para e observar, como ele disse “um olho no peixe e outro no gato”, e a qualquer sinal de alerta, ligar para ele imediatamente.

Passei o dia preguiçosa, quietinha. Como estava desde o dia anterior. Por volta de 19h, fomos até uma pracinha, perto de casa, para o Leo brincar. Lá, percebi que tive uma contração exatamente às 19h, outra 19h15min e outra 19h30min (praticamente indolores). Não comentei nada com ninguém, e só observei.

Quando cheguei em casa, por volta de 20h, tomei um banho e fui jantar. Sentada na sala, comentei com meu marido que tinha tido contrações ritmadas, de 15 em 15min, das 19 às 20h, mas que elas tinham voltado a ficar “descompassadas” e não sentia dor alguma quando elas aconteciam. Nessa hora, ele pediu para eu marcar as contrações, anotar de quanto em quanto tempo elas aconteciam. Achei que nem era preciso, pois elas eram indolores e eu também não tinha visto o intervalo diminuir (pelo contrário, elas não estavam mais ritmadas). Mas como ele havia pedido, resolvi marcar a hora que elas aconteciam e aí vi que o intervalo entre elas estava diminuindo: 15 minutos, 12 minutos, 11 minutos e por aí foi. E de uma contração para a outra diminuia o tempo de intervalo mais e mais.

Enquanto jantávamos, vendo TV, li no Facebook da Line Sena, a fotógrafa que registrou o meu parto (por sinal, um registro perfeito! Amei), que uma familiar sua havia tido bebê na noite anterior, em Curitiba, no posto de gasolina, pois não deu tempo de chegar no hospital. Contei a história para o meu marido e na hora ele largou o prato do jantar, subiu para nosso quarto, trocou o pijama por uma roupa e mandou eu juntar as minhas coisa que a gente estava indo para a maternidade.

Eu, que estava bem tranquila, disse que era desnecessário, minhas contrações não estavam ritmadas e nem doloridas, mas concordei em ligar para o médico. Liguei e ele estava no hospital onde eu teria o Caê, e também concordou que seria uma boa ideia eu ir até o hospital para ele ver como estavam as coisas e, se estivesse tudo bem, eu voltar, se estivesse próximo o parto, ele me internaria. E lá fomos nós. O carro já estava “carregado” com todas as coisas que teríamos que levar desde o início da tarde (meu marido estava em pânico de ter que fazer um parto dentro do carro) e aí foi só eu pegar a minha bolsa e a minha necessaire de maquiagem que era o que faltava na mala da maternidade.

No carro, segui marcando o tempo de intervalo das contrações e vi que ele diminuiu para 6 e, em seguida, para 5 minutos (PS: Leo havia ficado em casa, dormindo, com a minha mãe, que estava aqui. Por via das dúvidas, deixei uma mala pronta para ele poder ir para a casa da outra avó no dia seguinte e lá ficar por 2 ou 3 dias. PS: minha mãe não mora em São Paulo e achamos mais prudente ele ficar na minha sogra, que já está mais acostumada a cuidar dele e com a qual ele também está mais acostumado. Mas isso seria só no dia seguinte).

Por volta de 22h30min chegamos à maternidade. Eu entrei andando, me sentindo ótima, com as contrações ainda fracas e quase nada doloridas (bem diferente do parto do Leo que entrei de cadeira de rodas e urrando de dor). Quando nos dirigimos ao atendimento, eu mesma conversei com a atendente, entreguei os documentos e até brincadeiras fiz.

Em seguida, chegou meu obstetra. Nisso, eu já estava fazendo o exame de cardiotoco, que confirmou as contrações de 5 em 5 minutos (dor próxima de zero) e a saúde do bebê. Por volta de 23h, ele fez um exame de toque em mim e verificou que eu estava com 4cm de dilatação e confirmou que eu não voltaria para casa. Que o Caê nasceria naquela madrugada e era só uma questão de horas (pouquíssimas horas, como fui descobrir logo).

A partir daí, a coisa começou a mudar de figura. As contrações começaram a se tornar doloridas, bem mais doloridas, uma após a outra, e próximo a 23h30min, eu quase não andava mais, não falava e só urrava. Tudo muito, muito, muito rápido. (Aqui, um detalhe: até 23h e alguns poucos minutos, eu ainda teclava no whatsapp com amigas, dando notícias de como estavam as coisas e até mandando fotos. A louca!).

Quando foi 23h50min, meu obstetra resolveu fazer outro exame de toque e verificou que eu já estava com 8cm de dilatação (em 50min, passei de 4 para 8, abaixo de  muita, muita dor. Não vou negar) e nessa hora ele ainda me perguntou se eu tinha certeza de que não queria tomar anestesia, pois, se quisesse, essa era a hora de avisar, pois daria tempo do anestesista chegar ao hospital (ele sabia do meu interesse por parto natural, mas prudência resolveu questionar). Eu respondi que preferia ter o anestesista lá e que na hora iria decidir. Se aguentasse, faria sem anestesia.

Poucos minutos depois, lá fomos nós para a sala de parto. Nessa hora, eu já estava sentindo a dor máxima e o próprio obstetra falou que dor maior do que aquela eu não sentiria, então, talvez a anestesia não fosse mesmo necessária (se estava aguentando isso, aguentaria até o final). Foi o que faltava para eu tomar a decisão: eu iria até o fim. Não tomaria a anestesia. Podiam dispensar o anestesista que o Caê chegaria ao mundo de parto natural.

A partir desse momento, já estávamos na sala de parto e começaram os procedimentos para o período expulsivo que foi, assim como no parto do Leo, muito rápido. Eu fiz força, eu gritei, mas gritei como nunca na vida, porque sentia que era isso que eu precisava fazer. E acho que ajudou (risos).

Depois de 6 forças, exatamente às 00:47 do dia 08 de fevereiro, Caê veio ao mundo, pesando 3.335kg e com 49cm de comprimento. Exatamente da forma que eu estava imaginando (e não sabia se iria conseguir): de parto natural.

Assim que ele saiu, ele veio direto para o meu colo e ali permaneceu por bastante tempo. Muito mesmo (aqui, meu agradecimento especial à pediatra que acompanhou o nascimento do Caê, que respeitou todas as minha solicitações). Ele também não passou por procedimentos invasivos: não foi aspirado (não faz mais parte do protocolo do hospital) e também tomou vitamina K via oral em vez de aplicada com injeção. Quanto a mim, também tive meus desejos atendidos durante o parto: não recebi soro de ocitocina, não fui anestesiada, não fizeram ipisiotomia em mim. A única intervenção “diferente” que houve, com o meu consentimento, foi a ruptura da bolsa, que foi estourada, pois mesmo com dilatação total ela não havia rompido.

Com certeza, o nascimento do Caê se equipara ao nascimento do Leo em emoção. Nem mais, nem menos. O amor que senti assim que ele saiu de mim é algo que não vou esquecer nunca. Não vou apagar jamais da minha memória o cheirinho que ele tinha, o toque no seu cabelo, o calor da sua pele. E eu pude aproveitar isso por muitos e muitos minutos. Uma alegria sem fim.

Tentei dar de mamar na sala de parto, mas não consegui pela posição que me encontrava (já esperava por isso, pois eu estava deitada, na posição tradicional de parto normal/natural), mas assim que fui para a sala de pós parto, ele veio para o meu peito, o pegou em seguida, e ficou mamando por bastante tempo. O que foi muito significativo e importante para mim, pois com o Leo tive dificuldades na amamentação e torci, rezei, pedi muito para dessa vez ser diferente. E se estava começando bem, eu me enchia de esperanças para seguir assim.

Assim que o Caê nasceu, eu não senti mais dor. E por não ter sido anestesiada, eu me sentia ótima, totalmente alerta e podendo curtir demais o meu filhote. Logo subimos para o nosso quarto e lá ele passou a noite conosco.

Uma coisa que senti de diferente no nascido do Cae em comparação com o nascimento do Leo é a sensação de já me sentir “à vontade” com ele, como se a gente se conhecesse há muito tempo e não a apenas poucos minutos. Lembro que, com o Léo, houve um estranhamento inicial (e agora? como será? o que fazer?) mas com o Caê foi tudo muito mais natural, tranquilo e seguro (Ah a experiência de ser mãe de segunda viagem!).

E assim o Caê chegou ao mundo. E este é o relato do seu nascimento. Nem de perto consegui transcrever aqui o que vivi naquela noite, mas pelo menos deixo um pouco de tudo aqui registrado, para que ele leia, no futuro, como foi a sua estreia nesse mundo que já o recebeu de braços abertos e cheio de amor para dar.

E agora algumas fotinhos do seu nascimento. E prometo amanhã postar um registro completo, com diversas imagens detalhadas, para vocês sentirem um pouco mais do que foi essa experiência incrível, emocionante e inesquecível que é parir o amor.

Fotos: Line Sena

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Foto Line Sena
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Foto Line Sena
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Foto Line Sena
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Foto Line Sena

 

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