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Um breve relato do que é trocar a fralda de um bebê

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Depois que já temos algumas semanas de experiência como mãe, nos sentimos mais seguras e aptas a trocar fraldas. Mas bem lá no iniciozinho, o negócio é punk. Ainda mais para mulheres totalmente sem experiência nessa área, como foi o meu caso.

Até que realmente a gente perceba que trocar uma fralda não é a coisa mais complicada desse mundo, que não precisamos de treinamento oferecido pela Nasa para cumprir a tarefa, a gente treme nas bases. E foi por isso que eu resolvi fazer esse post, para tirar da cabeça das mamães que trocaram os pés pelas mãos lá na estréia do palco materno toda e qualquer culpa pela sua falta de habilidade. Afinal, quem nunca?O bebezuco veio ao mundo. Aquela coisa gorda, fofinha, cheirosa e cor de rosa que você aguardou ansiosamente por meses e meses. E junto com ele veio o tal do instinto materno, aquele que no primeiro berro do bebezuco já nos transforma em mães com anos e anos de experiência.

Que nada! O bebezuco chega exatamente como mencionei aí em cima, mas a tal da experiência da mãe só vai chegar semanas depois. E é exatamente por isso que história abaixo acontece e se repete.

Último dia na maternidade. Vocês de malas prontas, cacarecos encaixotados e com um bebê lindo, cheiroso e gostoso nos braços, prontos para encarar o mundo. Só que, no último instante, o figurinha resolve despedir-se do lugar fazendo uma caquinha. Nessa hora, você, super nada experiente no assunto troca de fraldas, já se aproxima do telefone para chamar a enfermeira para trocá-lo (sim, vamos confessar, enquanto você esteve no hospital você ouviu o conselho das amigas que disseram “aproveite para não ter trabalho lá, porque quando chegar em casa o bicho vai pegar” e não trocou uma fraldinha sequer). Nesse exato instante, seu marido, um homem ainda no controle de suas faculdades mentais, pois não pariu um bebê há dois dias, sugere que vocês dois façam isso, afinal, a partir daquele momento o negócio será só com vocês mesmos. E aí você responde, dando de ombros “Sure! Claro! Xá comigo! Nunca fiz, mas também não deve ser um bicho de sete cabeças (ou pelo menos não deveria ser)!”. Nesse instante, você pega o bebezuco, coloca ele sobre a cama, tira a ropinha, tira a fraldinha, faz carinha de nojinho, mas segue adiante, super segura e confiante. Limpa a meleca toda, passa a pomadinha e pega a fraldinha para começar o caminho de volta (leia-se: vestir o bebê). Só que aí, olha o azar querida amiga! Justamente a primeira fralda que você pegou veio com defeito. A tal da fitinha lateral de fechar veio sem cola. Você já passou o dedo sobre ela e nada do seu dedo ficar ali grudadinho. “Como é que isso vai grudar na fralda se nem no meu dedo está colando?” Aí, você tenta outra. Mesma coisa! Chama seu marido engenheiro que sabe tudo e pede uma ajudinha, afinal, vai que você está meio doida da anestesia ainda? Só que ele confirma o ocorrido: “Sim, a fralda está sem cola” e ainda sugere “Vamos testar outra”. Aí vocês pegam a terceira unidade do melhor pacote de fraldas que existe disponível no mercado e essa também está com o tal problema. “Não é possível! Vamos chamar a enfermeira”. Sim, nessa hora até ele concorda com você que isso é o melhor a se fazer. Então, você levanta o telefone do gancho (ainda se usa essa expressão?), disca o ramal do berçário e clama por socorro. Assim que a enfermeira entra, já com aquela cara de “o que esse casal com esse pobre desse bebê quer de novo?”  oferece-se para ajudar. Você conta toda a história, que o bebê fez caquinha, que você limpou ele direitinho como orientaram, que você pegou a fraldinha, que ela estava com defeito de fábrica e veio sem a colinha, que você chamou o seu esposo que é engenheiro e inteligente para ajudar e ele também confirmou o problema e que, por fim, vocês resolveram testar outras duas unidades e chegaram à conclusão que: 1. Ou essa tal melhor marca do mercado é uma droga; 2. Ou essa tal melhor marca do mercado resolveu fazer piada justamente com a cara de vocês. Nesse exato instante, a pobre da enfermeira com cara de piedade (ou medo, sei lá) olha bem para vocês dois (D E S A C R E D I T A N D O  no que está vendo) e diz: “Paizinho, mãezinha, não tem “colinha” para fechar a fraldinha. Esse pedacinho aqui não é um adesivo. Ele é uma espécie de velcro, e se vocês encostarem ele na outra “partinha” da fraldinha vão ver que ele fica ali presinho (depois de tantos “inhos” você percebe a irritação – ou fúria, sei lá – da moça e opta por não emitir mais nenhuma palavra).

Bom, nesse momento, ela deixa o quarto tendo certeza que aquele bebezuco lindo e até então tão bonzinho não sobrevive mais de duas semanas. Assim que fecha a porta, faz duas orações e pede encarecidamente para nunca mais atender casais como vocês e para Jesus Senhor todo Poderoso ter piedade da pobre criaturinha que está a mercê desses dois alienados.

Você, sem saber se ri ou se chora (sou se tudo junto ao mesmo tempo) deixa a maternidade desolada, pensando e repensando que espécie de mãe não sabe sequer fechar a fralda de um filho (não é nem trocar, é fechar!).

Mas tudo bem, no caminho de casa você se recompõem (afinal, se você não estiver bem para cuidar do bebê quem fará isso por você?) e jura que chegando em casa as coisas serão diferentes. Até porque o mais difícil de tudo você já aprendeu: como fechar a fralda!

E é claro que o bebezuco resolve sim que vai levá-la a um treinamento exaustivo de troca de fraldas para que você nunca mais tenha qualquer chance de dizer que não sabe como fazer isso. E então a novela começa. São mais ou menos uns oito cocôs ao longo do dia, todos depois de você ter acabado de trocar a fralde de xixi e deixado o bebê limpinho e cheiroso. Sua casa já adquiriu aquele cheirinho característico e quando alguém comenta “Ai que delícia, casa com cheirinho de bebê” você fica na dúvida se é sincero mesmo o se se trata de um deslavado deboche.

E claro que tem também a novela da troca do xixi. Sim, quem disse que é desafiador só trocar fralda de cocô? Claro que não! Na apostila de treinamento das mães está bem claro que tudo tem que ser intenso, forte, marcante, para a pobre coitada repensar duas vezes se irá ter outro filho ou se irá colaborar com o controle da taxa da natalidade do planeta.

Por mais ou menos umas duas semanas, você é perseguida pelo fantasma da fralda que vaza. Isso mesmo. Você coloca a fraldinha melhor marca do mercado bonitinha e ajeitadinha no bebezudo só que, minutos depois, já avista aquela mancha úmida arredondada aparecendo no bodyzinho dele. Jesus Pai! O que você fez para merecer isso? E aí, uma simples fralda vazada, adicionada ao seu baby blues que anda te deixando doida, fazem o mundo cair. Você chora desesperadamente porque é uma péssima mãe, porque todo mundo no mundo sabe trocar fralda e você não, porque o Inmetro não regula adequadamente a fabricação de fraldas, e por aí afora. E você chora, chora mesmo! A cada fralda trocada, a cada fralda vazada e a cada maquinada de roupa que você avista sendo lavada e se recorda que metade das roupas que estão lá estão mijadas.

Querida amiga, isso é triste, é desesperador, pode parecer loucura e exagero, mas é verdade. Eu mesminha vivi as duas histórias relatadas acima. Me senti uma péssima mãe por não saber que as fraldas vem com velcro e não com adesivo e por ter o talento único de colocar tão mal as fraldas que minutos depois o Léo já estava todo molhado.

Mas é claro que quando você está prestes a desistir de tudo, a contratar uma pessoa só para trocar fraldas e a assinar um documento jurando para a humanidade não colocar mais filhos no mundo, a natureza, que não é besta nem nada, te presenteia com o dom da experiência. Depois de várias fraldas perdidas, várias lágrimas derramadas e vários ataques de mimimi (mãe pode!) você aprende, como num passe de mágica, a arte de trocar fraldas.

Mas é claro que aprende só o primeiro estágio (claaaaaaaaro), aquele em que o bebê quase não se mexe e deixa você fazer tudo com ele. Agora espere chegar na próxima fase, aquela em que o bebê rola, senta, levanta, grita e chuta no trocador. Ah! Essa é outra fase que deixa a gente doida, e que exige mais se vira nos 30 ainda, para manter o bebê lá em cima, o nosso auto-controle no lugar e a casa de pé.

Porque maternidade é isso minha gente, quando estamos aprendendo a lidar com uma coisa, vem outra e nos mostra que o treinamento prossegue, que ainda não estamos 100% aptas e que criatividade, boa vontade e calma são tudo nessa vida!

PS 1: Para aquelas que estão quase em estado de desespero, afirmo que hoje sei trocar fraldas (mais ou menos uns 400 dias depois da primeira trocada).

PS 2: Eu tenho tantas histórias para contar de trocas de fralda que acho que dá para fazer uma série desses posts. Vou pensar no assunto.

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Assista no Canal MdM, esse vídeo com dicas de como trocar a fralda sem a criança dar um show:

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