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Viajar para descansar? Com filho? Ah, tá!

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Nesse final de semana que passou, viajei com o Léo e o pai dele. Na verdade, fomos na quinta e voltamos no domingo. Era um evento da empresa que o Otávio trabalha e nós encontramos com ele na metade do caminho, para seguirmos o resto do trajeto juntos (fomos sozinhos – eu e o Léo- até o Rio e lá encontramos com o pai dele, para viajar mais três horas até o destino final).

Bom, uma viagem dessas, de três dias inteiros em um resort, enche a gente de esperanças. É claro! Achamos que vamos curtir a praia, o mar, a piscina, vamos descansar, relaxar, dar boas risadas e voltarmos com as baterias recarregadas. Mas, posso falar? Está beeeeem longe de ser assim!

Quer dizer, o mar vai estar lá, a piscina e o sol também, mas relaxar que é bom… nada! Porque o filhote vai demandar. E muito! Afinal, tudo é novidade, ele vai querer mais é curtir (E quem condena? Eu também queria.) e aí não vai parar um minuto.

Bom, vou contar aqui para vocês, resumidamente, algumas das peripécias que vivemos nessas viagem que supostamente era para ser de descanso e diversão e que virou de correria e agitação. E vou começar desde o princípio, antes mesmo de sairmos de casa, só para vocês verem (ou lembrarem, quem já passou por isso), como são as coisas quando se tem muito mais do que a bagagem  para levar. Lá vamos nós…

Como iríamos sair de casa na quinta bem cedo (tínhamos que estar no aeroporto às 7h da matina) eu preparei tudo desde a noite anterior. Coloquei no Léo para dormir vestindo uma roupa confortável e com a qual ele poderia viajar. Pensei: assim, só terei que dar a mamadeira e trocar a fralda quando acordarmos, o que será bem mais prático que trocar a roupa toda.

Mas sabe que em se tratando de filhos é só a gente programar uma coisa que acontece outra. É claro que o Léo resolveu abrir as comportas no meio da noite e acordou todo molhado no dia seguinte. Mas foi todo mesmo: body, calça de baixo, calça e casaco de cima e até o saquinho onde ele estava dormindo. Moral da história: tive que trocá-lo inteirinho, correndo, já irritada e atrasada e ainda catar uma roupa de última hora para ele vestir. Mas beleza, lá fomos nós.

Chegando no aeroporto gastei os 10 reais mais caros da minha vida. Paguei um carregador de malas para levar a minha mega mala (que tinha as minhas coisas e as do Léo) e a mochila dele (coisas de mão) enquanto eu empurrava o carrinho. Juro, acho que andei uns 30 passos e chegamos no check in. Queria me matar por ter jogado fora 10 reais, pois se soubesse que o trajeto era tão curtinho assim teria feito eu mesma, levando a mala na cabeça, tipo aquelas senhoras que carregam água no agreste. Mas tudo bem, o que importava era que tínhamos chegado a tempo e o meu final de semana incrível estava prestes a começar.

Passado o check in, fomos para a sala de embarque. E é claro que o Léo aproveitou a oportunidade para conhecer melhor o aeroporto. Quer dizer, para conhecer melhor, analisar nos mínimos detalhes, explorar com atenção mesmo, o caminho que separava o nosso banquinho de espera de uma escada rolante que ficava há uns 100m dali. Juro, acho que fiz esse trajeto umas 20 vezes e decorei cada mínima rachadura e sujeira de cada um dos diversos azulejos que pisei enquanto o Léo ia em direção à tal escada e eu ia acompanhando ao lado. E assim ele foi, diversas vezes, andando a passinhos de tartaruga manca até chegar ao destino almejado e tentar descer uma escada que subia, que eu, é claro, não deixei (haja paciência, haja costas, haja boa vontade!).

>>> Confira dicas para viajar de avião com um bebê:

E assim, seguimos nessa novela banco-escada por uns 40 minutos, quando eu dei graças a Deus por nos chamarem e eu poder embarcar, sentar, e em poucos minutos encontrar o pai do Léo que iria me ajudar pelos próximos dias.

Só que quem disse que as coisas seriam tão fáceis assim? Claro que não. Quase chegando no Rio senti um calorzinho na minha perna. Na hora, já sabia o que era, mas mesmo assim fui dar uma checadinha. E, claro, eu estava certa. O Léo tinha feito xixi, o xixi tinha vazado, estávamos eu e ele mijados. Com o avião já quase aterrizando eu corri para aquele minúsculo banheiro que já é difícil de caber um quanto mais dois, sendo um deles um bebê que quer ver, mexer, experimentar, chutar e morder tudo. Mas não tinha opção, eu teria que trocar TODA a roupa do Léo pela segunda vez no dia, e olha que não era nem 10h da manhã ainda!

E como desgraça pouca é bobagem (ai que exagero! kkk!), assim que eu comecei a despi-lo, o avião começou a descer MESMO!. E aí foi um Deus nos acuda! Mexe daqui, mexe dali, equilibra o filho, equilibra as próprias pernas e reza para o bebê não cair dentro da privada. Tarefa cumprida, tudo pronto! Todos salvos e sem nenhum dedo quebrado. Léo limpinho e sequinho. Eu ainda mijada e me sentindo nojenta (mas para amenizar o mal estar passei un lencinho umedecido na minha calça e segui o baile).

Ufa, chegamos no primeiro destino da viagem: Rio, a cidade maravilhosa! Lá encontrei com o pai do Léo, nos reunimos com os demais colegas dele e pegamos o busão que nos levaria até o destino final, três horas depois. Sim, quase caí para trás quando soube que ainda teria mais três horas de viagem (que viraram mais de quatro, mas até aí eu não sabia) e que teria que dar conta do Léo sem dormir até lá (ele dificilmente dorme quando tem alguma novidade rolando).

Mas a viagem até que foi tranquila, ele dormiu no meu colo (me deixando quase sem poder me mover por uma hora, dada a posição que ele ficou. PS.: o Léo tem sono super leve, então, nunca arrisco) e chegamos no tão aguardado resort.

Ah! O paraíso! Eu estava pronta para relaxar e curtir. Terceirizar um pouco dos cuidados para o pai e me esticar numa cadeira na beira da piscina. Ledo engano! O pai participaria de um evento de treinamento e o pequeno animado ficaria 100% comigo por ainda mais algumas horas. Mávamoquevamo que descansar é pros fracos!

Belezinha! Lá fui eu com o Léo encontrar algumas conhecidas, jogar conversa fora, e gritar 200 vezes “não tira o brinquedo da amiguinha”, “não coloca a caca na boca”, “não, isso não é de comer”, “volta aqui”, “fez cocô? de novo?”… E por aí foi… tudo como era de se esperar!

Até que, num lapso de consciência da minha cabeça de mãe louca, eu me toquei que uma coisa faltava: o carrinho do Léo. Sim, nossas malas estavam no quarto, nós estávamos no quarto, o Léo também estava por ali, mas cadê o carrinho dele? Tinha sumido! S U M I D O  gente! Simples assim! Desaparecido! No hotel ninguém soube, ninguém viu. A empresa do ônibus que fez o transfer também disse que não tinha conhecimento e estava tentando contatar o motorista, e assim ficamos nós sem o carrinho dele para nos locomover pelo tal do resort e chegar do nosso quarto (que ficava em um dos lados do complexo) até o restaurante, piscinas e brinquedoteca (que ficavam do outro lado) por vários dias. Nem preciso dizer como foi cansativo, com uma criança que ainda não anda direito e com euzinha aqui ainda me recuperando das três costelas que trinquei há quase dois meses.

E olha que o carrinho não foi o único objeto não encontrado. Assim que comecei a abrir a mexer nas coisas que levei me toquei que havia esquecido meu óculos de sol (numa praia! quem merece????), minha escova de cabelo (pótz!) e a minha escova de dentes (pótz ao cubo! que raiva!). Por sorte, meu marido, tinha uma escova de dentes extra na sua bagagem e aí eu consegui passar o final de semana sem aquele bafo de demônio da Tasmânia (Claro que não ficaria. Nem que tivesse que ir de táxi até a cidade mais próxima e gastar na viagem o equivalente a 100 escovas de dentes novas).

Bom, mas como a intenção da viagem era um pouco de diversão, resolvemos esquecer os contra tempos e tomar um vinho, no quarto, após o jantar de confraternização da empresa. Na hora de brindar, eu tive a brilhante ideia de agradecer o fato de ter voltado a ter noites inteiras de sono e nessa hora fui lembrada pelo meu (sábio) marido de que eram melhor nem falar, para não dar azar. E pimba! Dito e feito! A noite não foi inteira de sono. Lembro de ter acordado pelo menos três vezes com o Léo chorando, de ter sido tirada da cama definitivamente antes das 7h da manhã (detalhe, em casa o Léo estava dormindo até 10h!) e de ter tentado, por exatas três horas, colocá-lo para dormir de novo. Sem sucesso, é claro!

Isso me fez aparecer no café da manhã do hotel, lotado de colegas de trabalho e suas esposas, com uma cara de louca que fugiu do manicômio (e que estava há uns três dias sem banho) e sem ainda ter um óculos de sol para disfarçar o estrago. Ai que raiva!!! (por sorte, eu não tinha sido a única mãe a ter tido uma noite difícil – algo denunciado pelas olheiras das demais – e aí me consolei com a ideia de que não era a única naquele barco furado).

Bom, a essa hora, eu só conseguia pensar que, se tudo seguisse como foram essas primeiras horas das nossas mini férias, o negócio prometia. Ah, se prometia!

E é claro que tudo seguiu sim mais ou menos dessa forma, com o nosso pequeno divertindo-se horrores naquele lindo e maravilhoso destino paradisíaco e eu e o pai dele nos revezando entre cuidar dele, descansar um pouco e tentar aproveitar as atrações do local (a atração que eu mais aproveitei foi a brinquedoteca. Certeza!).

Para nosso azar (ou sorte, vá saber, podia ter sido pior) o carrinho do Léo só foi localizado e entregue no hotel no último dia, poucas horas antes de voltarmos e depois de eu ter dado um piti daqueles e feito um discurso bem bem longo mesmo enumerando alguns pontos como: Você tem ideia do que é viajar com um bebê e ficar sem carrinho? Você tem ideia do que é voltar para casa e seguir sem esse carrinho, sendo que você o utiliza todo santo dia? Você tem ideia de quanto custa um carrinho de bebê, pois mais simples que seja o modelo? Como é possível perder um carrinho de bebê? Estamos falando de um carrinho e não de um canudinho! E por aí foi, com certeza com a mulher achando que eu estava vivendo uma TPM daquelas e pensando seriamente em incluir o meu marido nas suas orações (afinal, para aguentar uma mulher como eu ele deveria ser um santo!)… Mas enfim, depois desse super piti, o carrinho foi localizado e entregue, e assim um pouco do meu bom humor perdido voltou e eu já conseguia não ter vontade de chorar cada vez que ouvia a palavra carrinho, carro ou afim.

E, no final, depois de tudo, vocês devem estar se perguntando: “Mas a viagem foi boa?”. Resposta: “Claro que foi! Foi ótima!” Conhecemos um novo destino, aproveitamos (mesmo que só um pouquinho) um hotel ótimo, demos algumas boas risadas, curtimos momentos diferentes e gostosos em família e eu ainda reencontrei amigas.  Mas dizer que uma viagem com filhos serve para relaxar e descansar, ah, isso não serve mesmo!

Léo curtindo o lugar.

 

PS1: Já que eu levantei aí em cima um monte de momentos tragicômicos dessa viagem, acho que também vale a pena ressaltar os momentos “não tem preço” dessa aventura:

  • Descobrir que o Léo faz mais sucesso com as crianças do que eu imaginava (Ouvi de outra mãe que ele foi escolhido o bebê mais fofo da viagem pelos filhos dela – e olha que tinha muito bebê por lá – e algumas meninas muito, muito, muito queridas não podiam ver o Léo que corriam para abraçá-lo e apertá-lo. No início, ele tinha um pouco de medo, depois, ele mesmo abria os bracinhos e esperava o abraços. Quase morri de tanto amor ao ver isso. Pena que não registrei!).
  • Ver o Léo batendo palmas empolgadíssimo no final de uma pocket show (Parecia que era a sua banda favorita que estava tocando!).
  • Dar, pela primeira vez na vida, para o Léo comer uma comida que não foi feita por mim ou pela babá, e ele definitivamente não passar mal com isso. Nem de longe! (O Léo tem APLV e a gente sempre faz a comida dele para evitar qualquer traço de leite).
  • Ver o Léo experimentar novas frutas e sucos e amar! (principalmente que uma delas foi melancia, minha fruta favorita, que ele já havia provado e recusado).
  • E, por fim, tomar uma garrafa de vinho na companhia do maridão e ouvir ao fundo o som do mar (e o som do filho chorando que nos fez interromper o programa por duas vezes. Mas tudo! Super valeu mesmo assim!).

E antes de acabar definitivamente com esse post, vem o PS2:
Antes que você me chame de “aquela blogueira à toa que reclama por ir para um resort enquanto eu estou aqui em casa ralando feito bicho e malemale vendo a luz do sol”, gostaria de voltar a destacar que a viagem sim valeu muito à pena. Como valem todas as viagens em família. Só que já temos que partir tendo em mente que será mais aventura que descanso, mais momentos “com emoção” que momentos “relax total” e que, com certeza, vamos voltar muito mais acabadas do que quando partimos. :-)

Sindo assim, tendo isso em mente, é só pegar a estrada e curtir divertidíssimos dias. :-)

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