Congelamento de óvulos: o que você precisa saber

O congelamento de óvulos tem sido cada vez mais procurados por mulheres que querem engravidar mais tarde. Isso porque esse é um procedimento que tem o objetivo de preservar a fertilidade das mulheres que desejam ser mãe.

No post de hoje, você vai entender o que precisa saber sobre congelamento de óvulos. Confira!

Congelamento dos óvulos: o que preciso saber

A Reprodução Assistida inaugurada como nascimento de Louise Brown, em 1978, , despertou atenção e rancor por parte de uma parcela da população, por representar uma ameaça, determinada pela presença de uma gravidez, sem o sexo. A evolução das técnicas, entretanto, seguiu um ritmo inexorável, alcançando os vários continentes com a difusão do conhecimento científico, hoje plenamente reconhecidas e aceitas. Fundamental torna-se portanto entender que a RA veio como uma resposta a uma nova demanda da sociedade, e todo o desenvolvimento posterior vai novamente representar respostas para novas demandas sociais.

Da possibilidade de congelar espermatozoides ou embriões para um uso futuro adveio a necessidade de se ajustar também o congelamento de óvulos. Ora, este foi um ponto que necessitou uma resposta mais elaborada, inicialmente ainda uma vez definida por uma questão social quando lei na Itália proibiu a fertilização de não mais do que dois óvulos resultantes de um estímulo ovariano. Isto impulsionou o desenvolvimento de técnica adequada para aproveitar todo o resultado de um ciclo, facilitando novo processo em caso de não-gravidez ou o desejo de gravidez futura.

Como é o processo de congelamento de óvulos

O processo inicial do congelamento de óvulos é o mesmo de um ciclo de FIV, mediante a estimulação dos ovários por período médio de 8-10 dias, com a aplicação de hormônios via subcutânea, com o objetivo de otimizar o aproveitamento do grupo de folículos que se apresenta no início de cada ciclo menstrual, designados como fol[culos antrais. Ao invés de um folículo que cresce no ciclo natural, assume a dominância e chega sozinho como apto no momento da ovulação, a meta é buscar vários dominantes pois estes são o foco para se obter óvulos em metáfase II (maduros), adequados para serem fertilizados por espermatozoides. Hoje nem ao menos precisamos esperar o início de um ciclo menstrual para começarmos a estimulação, pois aprendemos que o processo fisiológico pode ser abordado a cada momento. Assim, mesmo nas situações mais críticas quando o tempo é escasso e precioso para se conduzir a coleta dos óvulos, como nos casos de um diagnóstico oncológico inesperado e um tratamento quimioterápico que pode determinar um grande comprometimento da função ovariana, é possível realizar o ciclo da criopreservação.

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Com a prática definida da criopreservação dos óvulos, as mulheres começaram a buscar a técnica para aumentar suas chances de terem a gravidez após o declínio da sua fertilidade. Muitas vezes já financeiramente independentes ou nesta busca, mas sem um companheiro presente para dividir o empreendimento de ter um filho, o caminho estava aberto e elas começaram a aprender a limitação temporal de sua reserva ovariana e as consequências advindas (Souza e cols,2017). Diante de uma sociedade ainda uma vez em transição, com a postergação de homens e mulheres em assumir um projeto de parentalidade, além da introdução do reconhecimento de outras definições de família como a dos homoafetivos e até dos indivíduos transgêneros, novas possibilidades destes desenhos se apresentaram. Assim, desde uma mulher guardar os óvulos para posterior procedimento e destino de embriões obtidos pela fertilização com um sêmen de doador e transferidos para o útero de uma provável futura companheira, ou até mesmo uma mulher querer congelar seus óvulos antes de um processo de transição, na expectativa de poder utilizá-los.

O que dizem os estudos

Estudos do ponto de vista obstétrico e desfechos perinatais com a utilização de óvulos congelados estão positivos ( Chronopoulou e cols,2021), mas resultados não podem ser garantidos e a informação às pacientes deve esclarecer o fato a de uma possibilidade preventiva. Há uma aceitabilidade boa da idéia de evitar um pânico de achar um parceiro ou sensação de culpa de não ter estado atenta ao relógio biológico. Entretanto, alguns questionaram a efetividade-custo, desde que a utilização destes óvulos poderá não ocorrer (Kluber e cos, 2021. Evidentemente mulheres que congelaram com idades abaixo de 35 anos terão maior probabilidade de resposta positiva numa utilização, mas este processo não pode ser avaliado simplesmente do ponto de vista matemático, visto que há determinantes específicos para cada paciente individualizada, como pode ser necessário mais de uma coleta, principalmente nas mulheres mais velhas. Por vezes, mesmo se venha a ocorrer uma gestação espontânea e nascido-vivo, as amostras congeladas poderão ser importantes numa sequência de projeto parental.

Na América Latina, assim como no mundo, a preservação da fertilidade mostra-se crescente. Os dados da REDLARA( Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida) em 2015 mostraram 3232 ciclos iniciados com este objetivo (Zegers e cols, 2018) atingindo um total de 6687 nos ciclos realizados em 2018 (Zegers e cols,2021), o que significa um aumento de 48,3%. Este era um cenário antes do novo capítulo social, presente e ainda uma vez, ameaçador: a pandemia do Sars Cov-2, ou Covid 19. Passamos o ano de 2020 sob a ameaça viral, estendendo-se o problema para 2021, Já estamos praticamente na metade do ano e a vacinação caminha vagarosa, em relação ao total da população brasileira.

Podemos proceder ao congelamento neste momento, pois a vida não parou. Desta forma, cuidando da segurança dos centros e suas equipes, assim como das pacientes que nos procuram, os procedimentos são realizados dentro de protocolos de segurança e individualização dos casos.