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O desenvolvimento do bebê prematuro

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Sabemos que o carinho dos pais é essencial para o desenvolvimento do bebê prematuro. E numa situação de um bebê chegar antes da hora, a família toda precisa de um suporte maior. Afinal, é um período muito delicado para a saúde do bebê que vai precisar de suporte enquanto estiver no hospital e depois fora dele também.

É considerado prematuro todo bebê que nasce antes de 37 semanas de gestação. No entanto, os prematuros são classificados de acordo com a idade gestacional ao nascer. Ou seja, pode chegar até ao extremo que são os bebês nascidos entre 24 a 30 semanas de gestação.

Não importa a classificação, para todo bebê prematuro é necessário uma equipe multidisciplinar para acompanhar o seu desenvolvimento. E para esclarecer o assunto, contamos com a colaboração da pediatra Marcia Toraiwa. Nesse post, Marcia fala sobre todo o suporte que a família precisa. Inclusive, sobre as alterações que devem ser observadas e acompanhadas em casos de bebês prematuros.

O desenvolvimento do bebê prematuro

Sou daquelas mulheres que se sentem extremamente bem disposta durante a gravidez, que come como um leão e não faz a menor ideia do que é ter enjoo. Ou ainda sentir-se mal de tanto comer.

Portanto, trabalhei, fiz meus plantões, até a minha obstetra me obrigar a parar. Nessa época, ainda fazia bastante sala de parto e a cada prematuro que eu recebia dava um frio na minha espinha: e se fosse o meu?

Ter medo da prematuridade é algo esperado. Afinal, todos só falam sobre os problemas que acompanham o nascimento precoce. O que poucos sabem, e que comprovei com o tempo no consultório, é que apesar dessa lista gigantesca de possíveis alterações a maioria dos prematuros irá se desenvolver muito bem, mas é necessário um trabalho árduo em conjunto com a família e uma equipe multidisciplinar.

O psicólogo e uma boa rede de apoio (familiares/amigos) trazem o suporte psicológico para auxiliar os pais a superarem a fase mais difícil, o nascimento do bebê prematuro.

É o período em que podem surgir as principais complicações, como hemorragia intracraniana, leucomalácea, doença da membrana hialina, anemia, persistência do canal arterial, icterícia, enterocolite necrotisante, entre outros de uma lista extensa de termos médicos complicados. Fase que pode durar várias semanas dentro do ambiente hospitalar.

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Após a alta hospitalar, para o acompanhamento no consultório é importante o vínculo de confiança com seu pediatra/neonatologista que irá guiar a família dentre os diversos especialistas que serão necessários ao longo do seguimento de rotina. O pediatra irá avaliar as características, os riscos e prejuízos causados pela prematuridade após a alta hospitalar. Isso é importante para planejar as ações preventivas visando o melhor desenvolvimento possível.

A equipe multidisciplinar será indicada conforme as necessidades do recém-nascido, como neuropediatra, cardiopediatra, gastropediatra e pneumopediatra. Além do oftalmologista, para avaliação de retinopatias da prematuridade, do otorrinolaringologista e do fonoaudiólogo, para prevenção de possíveis alterações auditivas que todos os prematuros, independentemente da situação ao nascimento, irão precisar.

As consultas de rotina do prematuro devem ser mais minuciosas do que a de um bebê de termo. Pois é necessária uma vigilância bastante próxima do desenvolvimento desse bebê, que precisará de mais estímulos para “alcançar” o desenvolvimento daqueles que nasceram de termo.

Lembrando que a idade esperada para um bebê prematuro deverá ser corrigida para sua idade gestacional ao nascimento. Ou seja, quanto mais prematuro, mais tarde ele pode vir a se desenvolver.

O sono do bebê prematuro

O sono do bebê já é difícil para a grande maioria e para o prematuro há maior risco de alterações. Como inversões do ciclo circadiano (dia/noite) e maior dificuldade para iniciar o sono, pois ele ainda produz pouca melatonina, substância que controla essas funções, além da dificuldade pelo tempo de permanência na UTI neonatal. Uma boa consultora do sono pode auxiliar os pais a “ensinar” o bebê a organizar seus ciclos de sono. Antes mesmo dele produzir melatonina suficiente.

Outra alteração precoce que pode ser observada é na parte motora, com menor tônus (“força”) nos membros e/ou atraso de seu desenvolvimento. O médico fisiatra, o fisioterapeuta e o psicomotricista, indicados pelo seu pediatra no momento necessário, estarão aptos a detectar precocemente, estimular devidamente o bebê e orientar os pais como manter essa estimulação em casa.

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A vigilância do desenvolvimento do prematuro não deve se restringir somente aos dois primeiros anos de sua vida. Na fase pré-escolar e escolar eles têm maior risco de apresentarem dificuldades de aprendizado. Assim como, dificuldades de linguagem, alterações na comunicação, déficit de atenção, impulsividade, hiperatividade, problemas emocionais e de comportamento. Portanto, é indicado o acompanhamento preventivo do psicólogo infantil e do psicopedagogo. Evitando assim depressão, frustração e distúrbios ansiosos que podem acompanhar essas alterações.

Alguns prematuros darão muito mais trabalho e preocupações nos primeiros dois anos de vida, quando comparados aos bebês nascidos a termo. Necessitarão de um olhar mais atendo no início de suas vidas escolares, mas no final o investimento no desenvolvimento do bebê, através de todo o empenho da família e dos vários profissionais, poderão vir ter as mesmas chances de sucesso que todos têm.

Às vezes até mais do que outros como, exemplos famosos, o músico Steve Wonder, cego como consequência de sua prematuridade, Albert Einstein, Winston Churchill, entre outros.

Assista também, no Canal MdM, esse vídeo sobre bebê prematuro:

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