Na semana passada participei de um evento muito bacana, promovido pelo laboratório Abbott. Nele, o pediatra e nutrólogo Dr. Carlos Alberto Nogueira de Almeida, da Universidade de Ribeirão Preto, abordou uma questão que costuma deixar as mamães de cabelo em pé: dificuldade alimentar na infância.
Segundo ele, esse problema é quase uma epidemia no nosso país, já que 51% dos lares brasileiros passam por algum tipo de dificuldade na hora de fazer os pequenos comerem.
Bom, eu mesma já passei por vários perrengues, por conta da alergia do Léo, mas o que eu não sabia é que grande parte dos problemas que as crianças tem para se alimentar são de ordem comportamental e, detalhe, causados pelo comportamento dos pais (ou cuidadores).
Bom, antes de chegarmos ao ponto que interessa, que é como contornar ou amenizar esses problemas, vou passar para vocês um pouco das valiosíssimas informações que recebi nesse encontro com o Dr. Carlos Alberto.
Por que surgem os problemas alimentares?
- O bebê/criança tem um problema médico, e por isso não se alimenta bem.
- A criança tem problemas comportamentais ou psicológicos ligados ao momento da refeição.
- Os pais não fazem uma divisão de responsabilidades na hora da refeição. E aqui não digo divisão entre pai e mãe, mas entre mãe e bebê/criança (ou pai e bebê/criança, dependendo de quem costuma dar a refeição). Mas o que isso quer dizer? Basicamente, que os pais costumam querer impor a quantidade que o bebê ou criança deve comer em cada refeição e não respeitam os seus sinais de saciedade, o que é um grave erro.
Mas se essa atitude dos pais está errada, então qual é a correta?
- Ainda não desenvolveu a habilidade para comer determinado alimento (não tem como comer uma maçã, com mordidas, quando se tem cinco meses de idade).
- A criança tem gostos e desgotos, como qualquer adulto. Tem sabores que ela não gosta e não irá comer.
- Existe a questão da neofobia, que é o medo do novo, muito comum na questão alimentar durante a infância.
- A criança tem problemas médicos que a impossibilitam de comer determinados alimentos.
Como cada um desses estilos costuma agir na hora da refeição e o que isso pode causar?
- Tenta controlar a alimentação da criança
- Restringe alguns alimentos
- Pressiona a criança a comer
- Suborna a criança para comer usando recompensas
- Ignora os sinais de fome da criança (a criança tem que domer na hora definida por ele)
O que pode acarretar: calorias mal ajustadas nas refeições, criança come menos frutas e legumes, maior chance da criança estar acima ou abaixo do peso.
- Desiste da responsabilidade alimentar
- Não estabelece limites
- Ignora os sinais de fome ou as necessidades físicas e psicológicas das crianças
Obs.: muitas vezes pais controladores passam a ser passivos quando, após diversas tentantivas seguindo o primeiro estilo, não obtem os resultados esperados.
- Não estabelece limites
- Alimenta a criança com o que, quando e onde ela quer
- Prepara pratos especiais para a criança
- Ignora os sinais de fome
- Orienta a alimentação da criança
- Estabelece limites
- Tentam dar exemplo e conversam sobre alimentação de forma positiva
- Respondem aos sinais de fome da criança
- Eles não obrigam a criança a comer mais quando essa se mostra saciada
- Eles servem como modelo: comem o que querem que seus filhos comam
- Eles confiam que que a criança come o que precisa (não exigem que eles comam o que eles acham que é o ideal)
- Eles conversam positivamente com as crianças sobre alimentação
- Eles estabelecem horários e só dão água entre eles
- Eles oferecem uma boa variedade alimentar
- Evite distrações na hora da refeição
- Alimente para encorajar a fome
- Limite o tempo de duração da refeição (20 a 30min)
- Sirva alimentos com textura apropriada para a idade
- Tolere a bagunça apropriada para a idade
- Incentive a auto-alimentação
- Mantenha uma atitude positiva durante a refeição
Bom, e o que se tira disso tudo? Na minha opinião, alguns ensinamentos básicos mas super importantes:
- Cada pai e mãe tem um estilo próprio de alimentar seu filho, mas nem todos eles funcionam muito bem com os pequenos. O ideal é sempre tentar se aproximar o máximo possível do estilo responsivo e ver o momento da refeição como algo natural e tranquilo.
- O processo de se alimentar é uma via de mão dupla, onde os dois lados tomam decisões. Os pais decidem o que, onde e quando comer, e os bebês e crianças o quanto comer. Isso é extremamente importante, pois a grande parte dos pais está mais para o estilo controlador e tenta impor uma quantidade mínima para seus filhos, o que acaba gerando um stress na hora da refeição.
- O ensinamento vem do exemplo. Se queremos que nossos filhos se alimentem bem, nós temos a obrigação de nos alimentarmos bem e na frente deles, comer o que queremos que eles comam.