A eu que eu não sou escuta, pondera, racionaliza, aceita e no instante seguinte está fazendo tudo certinho, como o outro acha que tem que ser. A eu que eu não sou não decepciona, não dá vexame, não faz ninguém roxo de raiva ou bege de vergonha. A eu que eu não sou é uma lady, sabe se portar, sabe se vestir, sabe fazer exatamente o que os outros esperam que ela faça.
A eu que eu não sou dorme oito horas de sono diárias (bem que eu queria!), não sofre de stress, não sabe o é perder as estribeiras e nunca altera o tom de voz.
A eu que eu não sou, é a eu que tantas pessoas adorariam que eu fosse, mas é a eu que dificilmente um dia eu conseguirei ser. Isso porque, a eu que eu sou é meio louca, meio insana, totalmente sincera e absolutamente humana.
A eu que eu sou grita de raiva, mas também gargalha de alegria. Dorme cedo, mas também vara madrugada. Toma chá às cinco da tarde, mas também enche à cara às cinco da manhã.
A eu que eu sou, é a amiga de todas as horas, a filha que queria ser mais presente, a mãe que se descabela para dar conta do recado e a esposa que nem sempre agrada (mas que quando agrada é pra arrasar).
A eu que eu sou é ainda a eu que estou tentando ser, construir, fazer e acontecer. A eu que eu sou, é uma eterna mudança, de alguém que tem algumas crenças imutáveis e muitas certezas que topa jogar por terra, porque a vida é assim, flexível.
A eu que eu não sou, talvez um dia venha a ser. Só o tempo dirá.