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A medida certa do não

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Quando nossos pequenos são bem pequenos mesmo, basicamente nossa função como pais limita-se a dar muito carinho e suprir suas necessidades básicas. Mas conforme eles vão crescendo, a nossa participação na vida desses serzinhos vai se tornando mais complexa.
 
Percebi uma mudança significativa na minha função como mãe quando o Léo adquiriu mobilidade. Ou seja, antes, quando eu o colocava sentadinho em algum lugar e ele lá ficava, eu não tinha que me preocupar muito com o que ele estava fazendo, o que estava colocando na boca (porque era eu quem dava os brinquedos para ele brincar) e em que encrencas ele estava se metendo. Mas a partir do momento que ele começou a se arrastar, engatinhar e ficar de pezinho, as coisas mudaram. E desse estágio para o andar, será um passo, literalmente. Ou seja, em breve, o negócio vai ficar ainda mais complexo.
 
Bom, o que quero dizer com tudo isso é que a partir do momento que nossos filhotes começam a adquirir um pouco de liberdade, através da capacidade de se movimentar, nós passamos do estágio básico de dar carinho e cuidar das necessidades básicas, para o patamar seguinte, que é o da educação.
 
Sim, porque a cada não que passamos a dizer de agora em diante (não abra essa gaveta, não pegue esse chinelo, não mexa nesse vaso,…) estamos privando-os ou permitindo que eles tenham novas experiências e aprendizados, decisão que, penso eu, não é tão simples assim.
 
Para nós, mexer numa gaveta ou tirar algo do lugar pode simplesmente significar perigo eminente ou bagunça na casa. Mas para eles, é uma nova descoberta e um grande aprendizado. Então, é saudável dizer não para tudo? É positivo ficar sempre de olho nos pequenos para garantir a sua segurança total e absoluta? Ou temos que ser um pouco permissivos em alguns momentos?
 
Sinceramente, acho que não existe uma resposta única e absolutamente verdadeira para essas  perguntas. Acho que as respostas irão variar muito de lar para lar, mas eu, pensando um pouco sobre esse assunto assim que o Léo inciou as suas primeiras expedições pelo apartamento, cheguei à conclusão que não quero viver atrás dele impedindo que mexa nas coisas e nem distribuindo nãos aos quatro ventos. Mesmo que isso traga dias com uma boa dose de bagunça aqui em casa.
 
Assim, o modelo de educação do não que eu criei e tenho colocado em prática aqui em casa consiste basicamente em: permitir que o Léo explore o espaço e os objetos que temos dentro de casa sem que o não seja uma constante, mas que, quando necessário, ele apareça em claro e bom tom. Assim, se ele quer abrir uma gaveta e tirar o que tem dentro, eu deixo, desde que isso não represente nenhum perigo para ele (uma gaveta de talhares já não seria possível). Por outro lado, fico de olho para ver até onde a exploração vai e se estiver passando do que eu considero um limite aceitável, eu explico para ele que aqueles objetos não são de brincar e guardo novamente.
 
Claro que o Léo não entende quando eu digo que tal coisa é de brincar e que então agora vai ficar guardadinho. Mas o que tem acontecido é que, com o tempo, depois de algumas experiências, ele mesmo vai perdendo o interesse e não volta a mexer naquilo, mesmo que esteja ali, ao alcance das suas mãozinhas curiosas.
 
Foi assim com o meu revisteiro. Três vezes ele remexeu em tudo, tirou revistas, arrancou algumas páginas. Mas agora passa ao lado e nem olha. Foi, olhou, experimentou, explorou e enjoou. Simples assim e pronto para partir para outra.
 
Mas eu sou assim, permissiva, com tudo? É claro que não. Tudo aquilo que representa algum perigo ou eu tiro do alcance dele, ou repito claramente “não” / “não pode”, sempre que ele quer pegar/tocar. Para deixar ainda mais clara a mensagem, mexo o dedo indicador enquanto falo não e sempre uso um tom de voz firme, mas sem gritar. Se o Léo insiste em mexer, eu tiro ele de perto e repito que não pode, mas no geral, ele tem obedecido bem e quando não funciona, quando a curiosidade é incontrolável e eu tenho a opção de trocar o objeto de lugar, eu o faço (por exemplo: o Léo queria porque queria mexer em uns litros de água que ficavam na gavetinha de baixo da minha fruteira. Só que em cima da fruteira ficava um galão de água de 20 litros. Se numa dessas ele puxasse com força um desses litros e a fruteira tombasse, a tragédia estaria feita. O que fiz, nesse caso, foi tirar os litros de água da fruteira. Pronto, ele perdeu o interesse pelo negócio).
 
Bom, essa minha técnica, do deixar quando não é perigoso, até ele enjoar daquilo e não mais se interessar, e só dizer não quando é realmente necessário, surgiu meio do nada. Não tive nenhum embasamento científico, psicológico, religioso. Foi da minha cabeça e pronto. Mas hoje fiquei feliz, pois li uma matéria do site BabyCenter e acho que estou relativamente no caminho certo.  
 
Lá eles comentam que é importante os pais economizarem no não, justamente para permitirem que os filhos tenham experiências e aprendizados. E quando se tiver de evitar alguma ação, em vez de dizer “não faça isso”, mostrar para o bebê ou criança o que é o certo a se fazer com aquele objeto. Quer um exemplo para entender melhor? Em vez de dizer para o bebê “não jogue o pratinho no chão”, diga simplesmente “o lugar do pratinho é em cima do cadeirão / da mesa”.
 
Bom, esse negócio do economizar no não eu já vinha fazendo, mas hoje aprendi que junto com isso posso ir mostrando o que é o certo a fazer.
 
Não quero, com esse texto, dizer o que é o certo e como vocês devem medir o sim e o não nas suas casas, até porque não sei se o modelo que eu decidi aplicar em casa vai trazer resultados positivos mesmo ou não. Para mim, esse texto tem muito mais o intuito de fazer pensar sobre quando, quanto e como andamos dizendo não para os nossos pequenos e o quanto isso influenciará suas atitudes, não só no curto, mas também no longo prazo.
 
Para mim, a medida do equilíbrio (não dizer não para tudo, mas dizer não e manter essa posição até o fim, sempre que necessário) é a que funciona melhor. Claro que ela dá trabalho, claro que seria muito mais simples não deixar fazer nada ou ser permissivo com tudo, mas  eu prefiro esse caminho, pois acredito que no longo prazo é o que trará resultados mais positivos.

 

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