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A transformação de uma mulher em uma mãe

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O grande sonho da minha vida nunca foi ser mãe. Estranho ouvir isso justamente de alguém que tem um blog sobre gravidez e maternidade, mas é a verdade. Desde sempre, meu foco sempre foi minha carreira profissional. Quando era criança, em vez de brincar de boneca ou de casinha, eu preferia brincar de restaurante, banco ou imaginar que eu era Coco Chanel e criar roupas com folhas de seringueira unidas com espinhos de limoeiro.

Fui crescendo e continuei não sendo o ser humano mais chegado nos mini humanos. Muita bagunça e gritaria me irritavam, eu brincava de longe dando tchauzinho e o mais perto que cheguei de uma fralda (até hoje, tenho que confessar) foi quando puxei meu sobrinho que estava fazendo peripécias junto à TV. Ele estava fazendo algo meio perigoso, mas perigoso mesmo se tornou o ato de puxá-lo, pois terminei com os dedos todos melados.

Passei dos meus 25 anos e nada mudava na minha personalidade. Não que eu não quisesse ser mãe e tivesse certeza disso. Pelo contrário, eu sabia que um dia seria, só não tinha acontecido aquela mudança interior ainda, que um dia, mais cedo ou mais tarde, acaba vindo para a grande maioria de nós (maioria, não todas com certeza).

Aí eu fui morar um ano fora, com meu marido mas na época noivo, e as amigas que fiz por lá foram engravidando, uma após a outra, e os bebês, as coisas mais fofas e lindas desse mundo, foram nascendo. Cada ida para a maternidade de uma delas era uma tensão, cada nascimento era uma alegria inexplicável. Eu passei a sentir por aquelas crianças que estavam chegando ao mundo, uma após a outra, um amor inexplicável.

Foi aí que eu percebi que algo havia mudado dentro de mim. Eu estava querendo, e muito, ser mãe.
Voltei ao Brasil, casei e meio ano depois resolvemos tentar engravidar. Devido a algumas complicações de saúde (nada grave, thanks God), demorou seis meses até a gente “liberar” de verdade (quem está tentando ou já tentou engravidar sabe bem o que a expressão significa). E após liberar, por sorte, muita sorte (também quem já tentou engravidar sabe que nem sempre é fácil) eu engravidei rapidinho, três meses depois de iniciamos as tentativas como manda o figurino.

Eu já estava desconfiada da gravidez há uma semana, mas me negava a fazer o exame. Minha vontade de estar grávida era tão grande que eu tinha medo do exame dar negativo. Acho que eu pensava que um dia a mais me deixaria mais grávida e assim não teria chance do exame me decepcionar. Diferente da grande parte dos pais, que corre para a farmácia e faz o exame de urina, fui com o meu marido até o laboratório e fizemos direto o de sangue. Lembro que a moça que tirou o sangue me perguntou: “Você está tentando engravidar?”. Quando eu respondi “Sim”, ela complementou: “Ah, então pode ter certeza que você está grávida. A gente sente essas coisas. Você já sabe, só veio aqui confirmar”. “Será que era mesmo?”, eu pensava. E era!

Pegamos o resultado do exame algumas horas depois, via internet, e não vou esquecer jamais da nossa reação naquele momento. Eu lia e relia os números e não conseguia entender se aquele índice significava grávida mesmo. Onde estava o tão claro “POSITIVO” que eu costumava ver em novelas? Era tão fácil identificar isso na TV! Mas lá estava: “Se o objetivo deste exame é o diagnóstico de gravidez, o resultado acima deve ser interpretado como positivo”.

Posso afirmar que nunca mais, depois desse dia, eu fui a mesma!! (Ai que clichê e piegas, mas é verdade!). O meu corpo mudava aos poucos, mas a minha cabeça aos solavancos. Para completar, eu havia pedido demissão do trabalho cinco dias antes de engravidar. Quando eu confirmei a gravidez, estava cumprindo aviso prévio. Ou seja, eu que desde criança me via como profissional bem sucedida, ia passar alguns bons meses da minha vida vivendo, única e exclusivamente, a maternidade.
E como seria isso? Como eu encararia esse processo? Como eu passaria nove meses em casa, sem fazer quase nada, só vivendo a gravidez? Iria surtar? Essa foi a pergunta que me fiz, que meu marido se fez e me fez e que, com certeza, muitas pessoas que eu conheço se fizeram. Mas foi exatamente o oposto disso que aconteceu.

Eu vivi e estou vivendo (o Léo chegará ao mundo no final de maio) a minha gravidez com toda intensidade e alegria possíveis. Devo confessar que nunca fui tão feliz em toda minha minha vida. Eu me sentia realizada, pela primeira vez em quase 34 anos, da hora que acordava até a hora que ia dormir.
E eu curti a gravidez com tudo que ela tem direito: fiz diversas ultra-sonografias 3D para ver a carinha do meu filhote, mandei dezenas de e-mails para os amigos distantes contando detalhes do que estava acontecendo, fiz um diário da gravidez, planejei e executei todos os detalhes do chá de bebê (decoração hand made 100% feita por mim), viajei para fazer o enxoval, li diversos livros, registrei a gravidez através de centenas de fotos, fiz ensaio fotográfico com fotógrafo profissional, planejei o quartinho nos mínimos detalhes, crie e produzi diversos itens da decoração do quarto, postei, exageradamente, todos os grandes acontecimentos da gravidez no Facebook (aqui entra a expressão “exageradamente” porque qualquer coisa para mim era grandiosa, então eu postava tudo) e, por fim, dei à luz esse blog, que tem sido uma fonte inesgotável de prazer enquanto a fonte principal de alegria da minha vida não chega.

E assim foi e está sendo. Vivi plenamente a minha gravidez (já falo no passado porque 38 semanas é finzinho de gravidez) e indico que toda mulher faça isso. Claro que muitas delas não terão a maravilhosa oportunidade que eu tive, de viver 100% do tempo essa transformação, mas que vivam o que elas puderem desse período incrível, que nos transforma para sempre.

O Léo ainda nem chegou e eu já sinto o tanto de transformação que ele trouxe para a minha vida. Por fora é o corpo, que tem outra forma, e a casa, que já está toda preparada para recebê-lo. Por dentro é tudo: os pensamentos, os sentimentos, os desejos, os anseios, os sonhos.

Meu comentário final, para quem está passando por esse momento único que é a gravidez ou pretende passar em breve é: você nunca mais será a mesma, porque fará questão de ser o melhor que puder ser, de agora em diante, até o último dia da sua vida. Fará questão que seja assim, porque seu exemplo falará mais alto que suas palavras e porque você fará questão que esse seja o seu principal projeto, a sua mais valiosa contribuição para o universo.

Feliz dia das mães, para aquelas que são, para aquelas que serão em breve e para aquelas que estão na expectativa.

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