Hoje, dia 25 de maio, é o Dia Nacional da Adoção (clique aqui para saber mais sobre a criação dessa data) e para celebrar essa data tão importante, eu compartilho com vocês uma história linda, verdadeira, tocante e inspiradora.
A Priscilla Aitelli, autora do blog Mammy Antenada, já tinha escrito para o Macetes de Mãe há alguns anos, contando sobre a sua gestação do coração e, na época, seu post teve uma enorme repercussão.
Nele, ela contava sobre a espera pela chegada do(s) seu(s) filho(s) adotivos e como a história toda tinha se desenrolado até ela chegar a essa decisão: adotar uma criança.
Pois bem, a história terminou com um final mais do que feliz, com a Pri ganhando dois lindos filhos.
Bom, na verdade, a história está recém começando, mas pelo o seu primeiro capítulo já encerra com muita alegria, realização e amor.
Venha conferir! O texto é emocionante!
Adoção – a nossa história
Por Pri Aitelli, autora do blog Mammy Antenada
Lembro-me como se fosse hoje quando escrevi para a Shirley contando sobre a minha Gestação do Coração e enviando fotos do ensaio fotográfico que fizemos para registrar espera pelos nossos filhos.
Na época, não sabíamos quantos filhos viriam e quais eram as suas idades, mas algo me dizia que estava próximo, muito próximo.
A Adoção não era o nosso plano A, ela era simplesmente o plano que nos levava a maternidade como qualquer outro com o qual nos deparamos ao longo dessa jornada e no qual depositamos toda a nossa vontade e amor de sermos pais. Foram diversas tentativas de “coito programado” (que só o nome tira o tesão e não tem preliminar que faça esquecer que “tem que ser agora!”, hehehe), cinco inseminações artificiais e uma fertilização in vitro. Dentre todos esses procedimentos, duas gestações que não chegaram ao seu final feliz: um filho no colo.
Eu já tinha conversado com o marido, explicando que não aguentava mais as doses cavalares de hormônios e todo o investimento psicológico, além do financeiro (estalecas contadinhas para cada procedimento feito), então começamos a repensar as coisas.
Claro, já vinha ha algum tempo processando toda essa carga de informação e acontecimentos, e a pergunta que sempre vinha na minha cabeça era: “Quero ser mãe? Ou quero engravidar?”.
Confesso que, por um tempo, eu tinha o sonho de engravidar, da barriga, da transformação do corpo, do parto, mas o “querer engravidar” deu lugar ao “querer ser mãe”. Então nos firmamos no plano que tínhamos, já iniciado com a entrega dos papéis, no meio dos procedimentos de reprodução assistida que estávamos fazendo. Ou seja, fomos em busca da maternidade/paternidade através da adoção.
Esse também não foi um período fácil. Muita burocracia, espera e até descaso em algumas situações. Foram quatro anos entre a entrega dos papéis e a chegada dos nossos filhos. Quatro longos anos.
E não, nosso telefone não tocou. Eu que corri atrás, me engajei na causa, participei de grupos de apoio a adoção virtuais (e ainda participo), grupos de busca ativa e, numa dessas surpresas que a vida nos proporciona, achei meus filhos.
Marcos, na época com 11 anos, e Erica, com 3 meses, irmãos biológicos, faziam parte de um grupo de mais quatro irmãos que foram destinados à outras duas famílias da mesma cidade que a nossa, para manterem o vínculo.
Ele nasceu pra mim em 14 de março de 2016. Magrelo, cabelo grosso e penteado para o lado. Cheiroso, vestia calça e jaqueta jeans e uma camisa xadrez. Tímido, não era de muitas palavras, e também não gostou muito da mãe beijoqueira que arrumaram pra ele (e que insistia em deixa-lo com marcas de batom nas bochechas).
Apesar de conhecermos a Erica no mesmo dia que conhecemos o Marcos, já nos foi informado que não poderíamos leva-la para casa junto com ele. Seu processo de destituição não tinha sido julgado junto com o dele.
Imaginem o coração de uma mãe tendo que deixar um de seus filhos “para trás”. Me senti mãe de gêmeos prematuros, levando um filho para casa e deixando o outro no hospital sob cuidados especiais.
Mas, após 7 meses da chegada do Marcos, o processo da Erica foi findado e finalmente fomos buscá-la. Agora, sim, estávamos todos juntos.
Esses meses foram de muitas descobertas, desafios (nivel facíl, difícil, hardcore e megaultrapower) e ansiedade. Mas sabe aquela frase que diz: “Temos que confiar nos propósitos de Deus?”. Pois é, naquele momento eu não entendia muito bem o porque que tinha que ser daquele jeito, porque era tudo mais difícil pra mim, mas hoje tenho a convicção de que era o melhor para todos nós.
Para o nosso filho ter um momento só dele foi fundamental. Nesse período, ele foi “filho único”, recebendo toda a atenção e o amor que nunca teve. Quanto à nossa filha, não podíamos arriscar traze-la antes do tempo. Isso poderia acarretar em algum problema jurídico que depois poderia ser usado pela genitora como forma de reverter, através de recursos, a destituição do poder familiar. Já quanto a nós, ou melhor, principalmente quanto a mim, esse tempo só com o Marcos também foi importantíssimo, pois houve muita exigência psicológica na nova estruturação familiar e a necessidades de se ensinar novos valores e tantas outras coisas (como a alfabetização, por exemplo).
E quando a Erica chegou, Marcos já estava bem adaptado, nos propiciando gastar a energia física que um bebê de 1 ano nos exige.
Se houve ciúme com a chegada da Erica? Sim! Houve regressão do Marcos? Um pouquinho. Mas nada fora do normal que acontece em toda família com a chegada de um irmãozinho.
Hoje, vejo que os desafios da maternidade são os mesmos para mães de filhos biológicos e/ou adotivos. Para ter certeza disso, é só você se juntar a um grupo de mães que estão conversando em um parquinho. Passaremos por perrengues, testes, birras? SIM! Todas nós! Momentos difíceis superados com dedicação e amor.
A adoção pode ser plano A ou plano B, se ele está no seu coração, regue essa sementinha com amor, ela também te levará a maternidade.