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Afinal, o que é criação com apego?

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Você já ouviu falar sobre criação com apego? O termo (que veio do inglês “attachment parenting”) é uma teoria criada por um psicólogo britânico que defende uma criação bastante próxima dos filhos com os pais. Cada vez mais, o assunto vem sendo difundido pelo Brasil e, inclusive, pais famosos têm aderido a filosofia para criar seus filhos, caso dos blogueiros Thalita Bernardes, do Mamãe Felícia, e Thiago Queiroz, autor do Paizinho, Vírgula!.

Thiago é um dos principais precursores da criação com apego por aqui e, reunindo informações das páginas dele – incluindo traduções no portal da Attachment Parenting International (API), uma organização internacional focada no tema -, separei dados sobre o assunto para você também ficar por dentro da iniciativa (e, quem sabe, pegar inspirações para ajudar na criação dos pequenos aí na sua casa). Confira:

criação com apego
Photo Credit: mmanuals Flickr via Compfight cc

Como surgiu a criação com apego?

O psicólogo John Bowlby foi o criador, ainda nos anos de 1950, da teoria do apego. O ponto principal do trabalho dele foi a percepção de que, especialmente nos primeiros meses de vida, a criança tem uma necessidade muito grande de se sentir segura, e quem proporciona isso a ela são os adultos de sua convivência, por meio da proximidade, inclusive física.

De acordo com o trabalho de Bowlby e de outro psicólogos e estudiosos do desenvolvimento infantil, esse convívio bem pertinho da criança com os pais é de fundamental importância para que ela se desenvolva física, emocional e neurologicamente, justamente por conta da segurança que ela sente com o pai ou o cuidador por perto.

E, a consequência, é que os pais conseguem reconhecer e atender as necessidades dos seus filhos mais prontamente (outro fator que contribuiria para o desenvolvimento do pequeno).

Os oito princípios da criação com apego

Para difundir melhor o assunto, foi criada pela API os “Os oito princípios da criação com apego”, que lista alguns cuidados para os pais desenvolverem essas ligações seguras com o seu filho desde cedo, que são as seguintes:

  1. Preparando para a gestação, nascimento e criação: isso significa que, antes mesmo do bebê nascer, os pais devem se informar e estudar sobre como desejam criar seus filhos. Isso envolve desde a escolha sobre como trazê-los ao mundo (qual o tipo de parto que você gostaria para ter o seu filho?), como amamentá-lo, como é (e já pensar em organizar) a rotina com o recém-nascido até, enfim, ler mais sobre as filosofias de criação que existem para encontrar a que faz mais sentido para você e para o seu parceiro (segundo a teoria, é fundamental, aliás, que os dois pais conversem sobre todos esses aspectos juntos antes de tomar a decisão sobre o que adotar para a criança).
  2. Alimentando com amor e respeito: na criação com apego, a amamentação é de fundamental importância, afinal, trata-se de um dos primeiros vínculos de segurança que a mãe pode estabelecer com o seu filho. A amamentação em livre demanda é bastante difundida na teoria também, porque é uma forma de o bebê demonstrar, por seus próprios sinais, quando está bem alimentado ou não. Com isso, vai ficando mais perceptível para os pais e cuidadores as suas reais necessidades. E o mesmo vale para a introdução dos alimentos sólidos, que só deve começar quando o pequeno demonstrar sinais de que está pronto para esse novo tipo de alimentação, independentemente da idade.
  3. Respondendo com sensibilidade: este é um dos princípios mais característicos da criação com apego, porque significa que os pais devem estar sensíveis aos seus filhos para, com isso, estabelecer uma relação de segurança com eles. Na prática, isso significa, por exemplo, não ignorar o choro do pequeno (mas ver a atitude como uma forma de comunicação e tentar entender o que ele precisa), dar conforto ao filho durante um ataque de birra (compreendendo que também se tratam de emoções reais) e entender que a criança precisa de contato físico constante (fazendo uso, por exemplo, de slings e cangurus).
  4. Usando o contato afetivo: ainda falando sobre a necessidade de contato físico constante, na criação com apego isso também implica no contato afetivo, ou seja, encarar que esse contato se trata de uma forma de estreitar laços. Segundo a teoria, os pais devem aproveitar todos os momentos com a criança para fazer contato afetivo, como durante o banho, a amamentação e as brincadeiras. Uma dica para isso é fazer massagens para acalmar os pequenos.
  5. Garantindo um sono seguro, física e emocionalmente: de acordo com a criação com apego, as crianças só dormem quando se sentem seguras. É por isso que eles levantam a importância, por exemplo, da cama compartilhada, para mostrar aos filhos que a hora de dormir também é um momento de segurança e proximidade com os pais.
  6. Provendo cuidado consistente e amoroso: essa parte se refere aos momentos de separação dos filhos. Por exemplo, boa parte das mamães retornam ao mercado de trabalho depois do nascimento dos pequenos e precisam deixá-los com cuidadores. Segundo a criação com apego, os relacionamentos diários constroem laços e, por isso, é muito importante que as horas passadas com as crianças depois do trabalho sejam valorizadas ao máximo, assim como estimular uma relação bacana delas com os cuidadores. Mais uma dica é estruturar uma rotina que inclua o filhote, e não que o faça se adaptar a algo que já existia antes de ele chegar.
  7. Praticando a disciplina positiva: a ideia desse princípio é que os pais tratem os filhos como gostariam de ser tratados. Lembra daquelas teorias antigas (como muitos de nós fomos criados, inclusive) baseadas no autoritarismo e na punição? Segundo a criação com apego, é muito mais válido educar uma criança de maneira empática e respeitosa, apostando sempre em exemplos positivos e tentando compreender o mundo e o comportamento dos pequenos através dos seus olhos.
  8. Mantendo o equilíbrio entre a vida pessoal e familiar: a criação com apego também defende que, apesar de um bebê exigir mais cuidados, todos os membros da família têm as suas necessidades e precisam (e merecem!) que elas sejam atendidas. É por isso que eles defendem a busca por um equilíbrio em meio a toda essa rotina. Criar uma rede de apoio com pessoas de confiança para dividir as obrigações e, também, respeitar os seus próprios desejos (mas lembrando-se sempre que uma rotina com crianças é diferente) são algumas dicas válidas nesse sentido.

O que dizem sobre a criação com apego?

Existem críticos à teoria, que afirmam que educar os filhos dessa forma ajuda a criar crianças exigentes e menos flexíveis, que esperam que tudo ocorra do jeito delas. Mais uma objeção é que esses pequenos acabam ficando menos dispostos a explorar o mundo, pois têm as suas necessidades atendidas mais prontamente.

Já em relação aos pais, uma crítica comum de quem é contra a criação com apego é afirmar que os adultos acabam ficando muito cansados em educar os filhos assim, pela exigência de contato e atendimento constante.

Por outro lado, os defensores da teoria dizem que, com o passar dos anos, a criança por si só vai dando sinais de que não precisa mais desse contato físico tão constante com os pais. É nesse momento, inclusive, que ela passa a explorar mais o relacionamento com os outros.

Para quem preferir ler na íntegra essas informações pelo site da API, o link é esse aqui. Lembrando que as medidas se aplicam tanto para recém-nascido e bebês como para crianças maiores.

Vale destacar ainda que a criação com apego compreende e defende a ideia de que cada família é única, o que significa que nem todas as regras podem funcionar para todos os lares. “A Criação com Apego não é uma receita de bolo para criação de filhos, portanto, a API recomenda que os pais usem seu próprio julgamento e intuição para criar um estilo de criação que incentive o apego, e que funcione para sua família”, escreve a associação em seu portal.

Inclusive, aqui no blog e no canal do Macetes de Mãe no YouTube eu já falei sobre algumas das medidas listadas aqui e minha experiência com elas. É o caso, por exemplo, da amamentação em livre demanda e da cama compartilhada. Assista a seguir (e se você ainda não acompanha o canal do MdM, inscreva-se já):

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