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Amamentação e as dúvidas sobre o peso do bebê

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No post de hoje, a nossa colunista de Aleitamento Materno, Gabriela Giacheta fala de um assunto que costuma gerar muitas dúvidas nas mães de recém nascidos: será que meu filho está mamando o suficiente para ganhar peso?

Ela esclarece um pontos bem importantes e alerta para o fato de muitos pediatras orientarem o uso de complemento muito precocemente e sem necessidade. Boa leitura!

bebe mamando
Photo Credit: malmesjo via Compfight cc

 

Amamentação e as dúvidas sobre o peso do bebê

Por Gabriela Giacheta, Consultora em Aleitamento Materno

Pessoal, hoje estou aqui para falar de algo que é  uma dúvida muito comum das mamães: o peso do bebê.

Qual mãe aqui nunca foi questionada, principalmente nas primeiras semanas de vida do bebê, sobre o peso que ele nasceu, se já havia engordado ou se ela achava que só o peito era mesmo suficiente?

Pois bem, essas perguntas chegam como uma bomba quando nós, mulheres mortais, estamos vivenciando um puerpério e, mais ainda, se estamos passando por alguma dificuldade na amamentação.

Infelizmente, muitas vezes, a falta de esclarecimento já começa no consultório do pediatra, que espera que o bebê alcance X gramas/dia e, se isso não ocorrer, prescreve de cara um complemento.

Fazem isso sem ao menos darem maiores explicações, ensinam que para cada dose de leite em pó precisa um certo volume de água (isso já vem instruído no produto) e pronto. Pra muitos pediatras, dessa forma está resolvido, afinal, em alguns dias a criança irá retornar ao consultório com um ganho “adequado” de peso e o “problema” terá acabado.

Só que quando isso acontece, o que temos é uma mãe frustrada, sentindo-se incapaz, sem apoio e orientação e um bebê sendo desmamado. Mas o peso….ahhhh sem dúvidas ele estará dentro do “padrão” e o bebê cheio de dobrinhas, que é o esperado pela sociedade (familiares, principalmente).

Mas sobre essa situação, é importante salientar algumas coisas:

Um recém-nascido perde uma porcentagem do seu peso ao nascer  e isso varia de criança para criança (entre 8 e 10%). Só que olhando só para os números, muitas e muitas vezes, o problema já começa na maternidade, porque o bebê perdeu 12% e não o percentual ideal e aí, inicia-se a introdução de complemento podendo atrapalhar a descida do leite (apojadura que ocorre entre 72 – 96hrs após nscimento e, no caso de cesáreas, até um pouco mais tarde).

Em torno do seu décimo quinto dia de vida, normalmente, o bebê vai ter recuperando seu peso de nascido. Veja bem, em torno do décimo quinto dia, alguns antes, outros depois, pois precisam de mais alguns dias (mas claro, mantendo sempre acompanhamento médico).

E nessa situação, de que o ganho de peso não é o esperado, é muito importante levar em conta o feedback que a criança dá antes de tomar qualquer atitude precipitada quanto ao oferecimento de fórmulas. E esse feedback pode ser positivo ou negativo.

Quando falo em feedback positivo quero dizer um bebê que dorme, apresenta de 5 a 7 fraldas sujas de xixi ao dia, evacua algumas vezes também (mas lembrando que aquele que mama somente peito pode ficar até 7 dias sem evacuar) e apresenta um bem-estar geral.

Já um feedback negativo seria menos que 5 fraldas sujas de xixi por dia, choro excessivo, dificuldade para dormir / descansar ou então, sono excessivo, que pode ser causado por hipoglicemia do bebê devido à falta de alimento.

Só que o que acontece é que, muitas vezes, um bebê com feedback positivo não ganha o esperado pelo pediatra e pela tabela de crescimento, que nos mostra números, somente números. Ou seja, em vez de ganhar 20 gramas / dia ou mais, ganha “apenas” 15 gramas / dia, e aí, para essa criança, que ainda esta estabelecendo um vínculo com a mãe e com a amamentação, é prescrito complemento.

Temos, então, outro um grande problema: na maioria das vezes, esse complemento é ofertado por mamadeiras, o que afeta diretamente, a curto ou médio prazo, a amamentação e a produção de leite. O bebê pode ter uma confusão de bicos e ir desmamando precocemente dessa mãe que, dia após dia, irá produzir menos leite por falta de estimulo e sucção adequados.

Vale lembrar que, nesse texto, não estou falando dos bebês que apresentam real necessidade de complementação (para esses o complemento pode ser dado por  meios alternativos, como o copinho, a translactação, a sonda dedo, etc… evitando assim desmame precoce), mas daqueles que recebem complemento por não estarem dentro do padrão imposto por profissionais de saúde e por tabelas.

Muitas vezes, o ganho de peso do bebê não ocorre de forma esperada porque a pega e/ou posicionamento estão incorretos ou porque a mãe troca-o de peito antes do momento certo. Nesses casos pode-se ter:

  • mulher com fissuras pela pega incorreta;
  • bebê que mama pouco, se cansa e dorme, mas logo em seguida, quer mamar de novo (isso ocorre porque com a pega incorreta ele  não consegue ordenhar do peito da mãe tudo o que precisa, se cansa facilmente e não se satisfaz);
  • o bebê que só mama o leite anterior,  que vem primeiro (aquele que hidrata) porque se cansa pela pega incorreta ou porque a mãe troca de peito antes dele soltar e, assim, não alcança o leite posterior que é o que engorda.

Nestes casos, grande parte das vezes, a solução é apenas corrigir a pega/posicionamento que as coisas já se resolvem.

Meu conselho para a mulher que quer amamentar é manter livre demanda, dar muito colo, carregar no sling, se informar, deixar seu desejo imposto perante os familiares e amigos, buscar ajuda profissional adequada e acreditar em si mesma.

O leite materno é  digerido pelo bebê mais ou menos em hora e meia. Dessa forma, é super normal um bebê em AME (aleitamento materno exclusivo) mamar a cada uma hora e meia / duas horas, ou seja, ele não pede para mamar em intervalos curtos porque seu leite é fraco ou porque você tem pouco leite, mas porque isso é normal.

Já o leite artificial requer um processo de digestão diferente, mais demorado porque é um leite “estranho” e o bebê precisa de um maior tempo para digerir. Por isso, demora mais para querer mamar novamente. Mito é  achar que o leite artificial sustenta mais!

Confie em você, no seu poder de nutrir, busque informações e profissionais humanizados e deixe de lado esse “bebê padrão” que a sociedade (e muitas vezes nós mesmos) impõe. Bebê saudável e feliz, que tenha seu tempo e ritmo respeitados, isso sim deve ser um “bebê padrão”.

>>> Confira, nesse vídeo, 10 dicas para aumentar a produção de leite:

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