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Deficiente auditivo: como falar com quem não ouve

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No dia 26 de setembro é celebrado o dia nacional do deficiente auditivo. Essa data foi escolhida porque, neste dia, houve a inauguração da primeira escola para deficientes auditivo no Brasil, em 1857. No Brasil, são aproximadamente 7 milhões de deficientes auditivos e muitos deles sofrem com a exclusão. Principalmente, crianças. Muito por conta da falta de acessibilidade ou pelo tratamento que recebem.

Para aprendermos um pouco mais sobre essa condição, a fonoaudióloga Raquel Luzardo, colunista do MdM, nos ensina um pouco mais sobre o universo das pessoas surdas. Para a Raquel, atitudes simples, como olhar no olho enquanto conversamos com um deficiente auditivo, podem fazer a diferença para essas pessoas. Confira o post que está cheio de dicas de como nos comunicarmos com os surdos, mesmo que a gente não saiba a linguagem dos sinais.

Como falar com quem não ouve – Mais do que tentar falar é fazer-se entender

Brincar no recreio da escola, ir a uma festinha de aniversário, acompanhar os coleguinhas em um passeio da escola são tarefas comuns e fáceis para a maioria das crianças. Mas para os surdos se trata de um desafio e tanto! Afinal, são pouquíssimas as pessoas que sabem libras – a linguagem brasileira dos sinais. É a dificuldade de comunicação, ou a total falta dela, a grande barreira para os deficientes auditivos. E para os papais e mamães que têm uma criança surda, é um desafio e tanto!

Muitos pais perdem o chão quando descobrem a deficiência auditiva dos filhos. Insegurança e medo podem ser alguns sentimentos comuns neste momento. Os pais não devem se sentir mal por passar por isso. Mas é importante que eles se preparem para ajudar os filhos: eles terão um papel fundamental no desenvolvimento dessas crianças com deficiência auditiva. Uma criança surda pode ter uma rotina como qualquer outra se tiverem sob tratamento adequado.

Dia 26 de setembro – Dia Nacional do Deficiente Auditivo

E aproveitando que no final desse mês de setembro, dia 26, é a data para ser lembrada o Dia Nacional do Deficiente Auditivo, quero chamar a atenção para este assunto. A “deficiência invisível”, como muitos costumam chamá-la, marginaliza quase 7 milhões de pessoas só no Brasil. A exclusão dessa parcela significativa da sociedade poderia ser amenizada com gestos como, por exemplo, olhar nos olhos durante a conversa, o que facilita a comunicação com o deficiente auditivo.

Uma forma de mantermos a comunicação com eles é através da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Porém, nem todo surdo utiliza a LIBRAS. Há também as crianças surdas oralizadas, que se comunicam através da fala oral, leem os lábios e podem ou não usar próteses auditivas e/ou IC (implante coclear). Quando esses também falam a língua de sinais, são chamados de surdos bilíngues. Para que se sintam valorizados e incluídos, é extremamente importante tentar conversar com os surdos com respeito e paciência.

Fale de frente!

A expressão o corpo fala, faz ainda mais sentido com os surdos. Quando falamos de frente, trazemos a contribuição do olhar e de todo o corpo para a conversa. A percepção visual dos surdos é mais aguçada e eles conseguem captar a mensagem, seja pela leitura labial ou mesmo pela expressão facial, que contribui com o entendimento da mensagem.

E como se comunicar com os deficientes auditivos?

Aqui vão algumas dicas:

  • Os surdos sinalizados geralmente leem os lábios pelo menos um pouco. Se você perceber ou souber que o surdo é usuário exclusivo da LIBRAS e realmente precisar falar com ele, fale de maneira simplificada. Ele provavelmente irá te entender e responder como puder (falando oralmente, por sinais ou até escrevendo);
  • Se o surdo usuário da LIBRAS estiver acompanhado de intérprete, dirija-se a ele e não ao intérprete;
  • Para chamar um surdo, você precisa de algum sinal visual ou tátil. Você pode abanar as mãos, acender e apagar uma luz ou até tocar o ombro dele de leve. Jamais dê um cutucão com força ou um tapa agressivo;
  • Não fale mastigando. Além de não ser educado, a mastigação atrapalha bastante a leitura labial, tornando os lábios ilegíveis. Não adianta insistir. Termine de mastigar e, só aí, conclua a conversa;
  • Evite ambientes escuros. A iluminação é um fator que influencia muito a leitura labial. Se a iluminação ambiente não for adequada, vale qualquer improvisação: isqueiro, lanterna ou luz do celular;
  • Espelho é um grande aliado nessas horas. Se você estiver no banco da frente de um carro, por exemplo, e quiser falar com um surdo oralizado no banco de trás, posicione o espelho retrovisor de modo que ele visualize sua boca;
  • Fale de frente para a pessoa articulando bem os lábios;
  • Fale de um jeito natural. É mais importante falar devagar do que gritar;
  • Seja direto, evite frases muito longas;
  • Se a pessoa pedir para repetir, repita;
  • Evite conversar em ambientes com muito ruído;
  • Quando houver várias pessoas no mesmo local, peça falem um de cada vez e não todos ao mesmo tempo.

De tudo isso, se sentir à vontade, toque gentilmente no deficiente auditivo, fale claramente e repita se necessário, que ele irá entender. E, o mais importante: seja paciente.

 

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