

Hoje, eu trago a história da leitora Rúbia Genaro, uma mãe que me contatou, há alguns meses, pois seu filho tinha muita dificuldade para mamar e ela desconfiava de APLV. Depois de consultar uma especialista em amamentação, ela teve o problema resolvido, descartou suas suspeitas e hoje amamenta seu filho normalmente e com enorme prazer. Conheça essa história e inspire-se.
Dificuldades para amamentar e a experiência com uma especialista em amamentação
Por Rubia Genaro
Quando estava grávida, li e ouvi histórias de mães que ficavam horas e horas tentando acalmar seus filhos devido à temível cólica. Ficava amedrontada só de pensar nesse assunto. Pois bem, Felipe veio, as cólicas não (ufa!), mas a amamentação … ah, essa sim me pegou de jeito!
Aos dois meses e meio ele deu sinal de irritabilidade quando eu tentava amamentá-lo. Algumas vezes tinha que colocar a chupeta pra ele se acalmar para ele pegar o peito novamente. Comentei isso com a pediatra, mas ela não deu muita importância e nem eu, afinal, talvez fossem alguns dias que ele estivesse mais irritado.
Mas, houve um dia ele chorou tanto quando tentei amamentá-lo que me assustei e logo liguei para a pediatra. Ela disse que ele poderia estar com algum desconforto e receitou um remedinho e pediu para eu esperar para dar de mamar. Depois de muito tempo é que ele foi aceitar o peito e eu super preocupada devido ao tempo que ele ficou sem mamar.
Então, a cada dia, a situação foi ficando mais imprevisível. Ele começou a chorar muito, arquear as costas para trás, soltar muitos gases (principalmente quando estava mamando) e o seu intestino estava mais lento. Mas tinha um detalhe que me deixava menos preocupada: mesmo depois de todo esse estresse, quando eu estava tentando amamentá-lo, se o meu marido o pegasse no colo, ele parava de chorar na hora e, às vezes, até sorria. Assim, logo descartamos que pudesse ser algum tipo de dor.
A recomendação da pediatra era amamentá-lo de 3 em 3 horas, segui isso à risca. Mas com todos esses desafios, era tão difícil! Não me sentia confiante de sair de casa, com medo dele ter aquele comportamento estranho em público.
Diante desse “quadro”, fui achando jeitinhos (como uma boa brasileira…risos) para ele se distrair. As mamadas das 6h e das 9h eram normais porque ele ainda estava dormindo e, às vezes, também não tínhamos problema na mamada do meio-dia. Também descobrimos que, quando ele estava sonolento, mamava normalmente e foi essa estratégia que começamos a adotar. Meia hora antes do horário dele mamar eu fazia ele adormecer. Só assim eu conseguia amamentá-lo. Fazia isso em todas as mamadas.
Mas, chegou uma hora que ele não queria mais dormir, principalmente nas mamadas da 21h e da meia noite. O jeito era colocar no carro, dar algumas voltinhas até ele pegar no sono, chegar em casa nas pontas dos pés, amamentar, colocar ele no berço e respirar aliviada por mais uma vez ter conseguido alimentá-lo. Eu e meu marido fizemos isso durante 29 dias! Mas criar forças e fazer disso uma rotina estava me desanimando.
Muitas pessoas, vendo por tudo que eu estava passando, ficavam me culpando, falando que ele havia perdido o interesse de mamar no peito porque dei chupeta e mamadeira, que isso era confusão de bicos, etc…. Então a tristeza começou a bater. Mas pensava: porque isso só com o meu filho? Tantas mães dão chupeta logo na maternidade e mamadeira porque tem que ir trabalhar e os bebês se adaptam. Isso não é normal, alguma coisa está acontecendo…
Nesse meio tempo fui tomando calmante fitoterápico (receitado pela pediatra). Afinal, segundo a “sociedade”, a culpa de não conseguir amamentar é SEMPRE da mãe! Não só a pediatra, como outras pessoas achavam que eu estava muito ansiosa e estava tornando o momento de amamentar estressante. A pediatra me recomendou dar mamadeira na mamada da meia-noite, pois era a mais difícil. Tentei duas vezes e, depois disso, ele também não queria mais pegar nenhuma mamadeira nem chupeta. Para o meu desespero ele não pegava mais nada!
Um dia, meu marido, conversando com uma amiga do trabalho que havia acabado de voltar de licença-maternidade, descobriu que ela também teve muitos problemas referentes à amamentação e nos indicou uma enfermeira obstetra especializada em amamentação.
Fiquei meio receosa, porque fui em pediatras, tentei vários métodos, rezei para Deus todos os dias e nada parecia ter resultado. Mas, como já tinha tentado tanta coisa, não custava nada tentar mais uma vez. Pesquisei sobre a especialista e vi que ela tinha ótimas referências. Liguei para ela, que se prontificou a vir em minha casa no dia seguinte.
Essa mulher foi um anjo! Super calma, passou confiança para mim, me explicou que eu estava fazendo tudo correto. Prestou atenção como o Felipe agia, nos brinquedos, no quartinho dele e me ouviu (e muito! risos). Fez várias perguntas e, lógico, acompanhou o momento mais temível: a hora de amamentar!
Meu marido saiu mais cedo do trabalho para acompanhar. Pegamos o Felipe acordado e confesso que o medo dela não ter explicação ou ele não ter a reação que tinha todos os dias passava a cada minuto pela minha cabeça.
Passado o intervalo que ele tinha que mamar, fui tentar amamentar e ocorreu o que ele fazia todos os dias, arqueava o corpo para trás, chorava muito e se debatia para sair do colo. Meu marido pegou o Felipe no colo e ele abriu um sorriso.
Ela disse:
– Ele não quer mamar.
– Como assim??!! – Eu e meu marido perguntamos indignadíssimos.
Então, ela pediu para esperarmos mais uma hora, porque bebês nessa idade já não necessitam mamar de 3 em 3 horas, pode ser de 4 em 4 horas.
– Impossível!!! – Disse à ela.
Porque eu disse isso com a maior convicção? Simples: porque nas consultas que tive com as pediatras, perguntei se podia passar das 3 horas de intervalo, já que chegaria uma hora em que ele ficaria com fome e iria mamar. As pediatras disseram que isso poderia virar uma bola de neve e estressar mais ele. Segundo elas, cada vez que eu tentava amamentá-lo achavam que eu criava muita expectativa e passava isso pra ele. E cada vez mais que eu tentasse ou deixasse ele sem mamar, ele iria ficar mais irritado e eu não conseguiria amamentá-lo.
Enfim, conversamos mais por uma hora e lá fui eu para poltrona de novo. Fiz questão de tentar o peito esquerdo, pois sempre tive dificuldades para ele pegar esse lado. E tchãrãããã, ele mamou e ficou bonzinho como um anjinho. :)
Explicação da especialista: bebês maiores não necessitam mamar com três horas de intervalo igual recém-nascido, poderiam ser três ou quatro horas de intervalo. Mas me aconselhou a não dar em livre demanda.
No caso do Felipe tinha mais um agravante: ele tinha quase 3 meses, mas com comportamento de um bebê de 5 meses. Ele não se concentrava para mamar. Muitas coisas chamavam atenção dele no quarto – como as pelúcias coloridas, a poltrona, a cor da minha blusa,o meu cabelo, a claridade e, acredite, até as minhas conversas com o meu marido. Ou seja, era muita informação e aí ele se desconcentrava e perdia o interesse por mamar (eu não tinha percebido que, ao conversar, poderia estar atrapalhando-o pois todas as vezes que via mães amamentando, conversar era uma coisa normal).
Devido ao estímulo com os brinquedos e brincadeiras, Felipe estava com uma idade mental avançada e infelizmente não soubemos identificar isso antes. Por isso, foi ótima a opinião de uma pessoa especializada para nos dar a diretriz do que estava acontecendo.
Tiramos tudo do quarto que chamava atenção dele e meu marido teve que deixar de participar desse momento. Ainda, ela recomendou que, quando eu fosse amamentar fora de casa, procurasse um lugar mais calmo, para evitar atrapalhar o Felipe nesse momento.
Outro ponto que eu eu sentia muita insegurança e que a consultora me ajudou era a quantidade de leite produzida. Eu pensava que não tinha leite suficiente, pois, quando tentava tirar com a bombinha, saía apenas 30ml, porque o meu peito parou de vazar na terceira semana após o parto e porque, por mais que eu pulasse as mamadas, não precisava esvaziar as mamas. Mas a especialista em amamentação me explicou que isso não é um problema, mas é algo ótimo, pois meu corpo se ajustou à demanda, produzindo apenas o que o Felipe precisa.
Mesmo sendo mãe de primeira viagem, nunca deixei que opiniões de algumas pessoas influenciassem as minhas. Ouvi por um bom período que eu era inexperiente e tinha que seguir alguns métodos, que sinceramente para mim são “malucos” e que não se encaixavam com nada do que pensava. Sempre fui muito educada e ouvia essas pessoas. Então, percebi que intuição de mãe é melhor do que qualquer tipo de palpite, até mesmo quando ele vem em forma de “conselho”. Cada mãe é de um jeito, cada filho é de um jeito. Cabe a cada mãe saber o que é melhor para ambos. No fundo sempre soube que a culpa não era minha e por isso não suportava todos me dizendo que era culpada porque fiz isso ou deixei de fazer aquilo. Meu marido sempre me deu todo suporte e me dizia para não ouvir ninguém, que estávamos fazendo tudo certo, que poderia ser uma fase do bebê (e não é que ele estava certo?). Ele foi meu porto seguro e fez com que meu mundo não desabasse. Me ajudou em tudo que precisei.
Hoje vejo que sem a ajuda de uma profissional já teria desistido de amamentar, até porque já tinha passado por outras dificuldades desde que o Felipe nasceu. Ou seja, amamentar para mim sempre foi um grande desafio!
Depois de ter passado por tudo isso, descobri que as UBS (Unidade Básica de Saúde) dão apoio à mães que tem dificuldades em amamentar. Tiram dúvidas, ensinam a pega correta, como extrair e armazenar o leite, também dão todo suporte para que a mãe amamente exclusivamente no peito até os 6 meses de idade do bebê. Então, por mais que não tenha condições de pagar uma profissional especializada, vá a uma UBS e terá todo suporte necessário.
Para algumas pessoas amamentar é algo muito fácil, mas para quem tem dificuldades, cada vez que o bebê mama é uma conquista!
Confira, nesse vídeo, 10 dicas para aumentar a produção de leite: