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É cada uma que a gente escuta depois que vira mãe!!!

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Uma coisa que me impressionou no pós maternidade é como as pessoas gostam de se meter na criação dos nossos filhos, dar pitaco e fazer comentários desnecessários (os quais, muitas vezes, são também desagradáveis). E esse tipo de atitude não vem só de gente íntima, que nos conhece a fundo e pensa estar ajudando, vem de desconhecidos, de gente que  cruzamos duas ou três vezes na vida, ou até de completos estranhos que esbarramos na rua. Ou mais sério ainda, vem de outras mães, que já passaram pela mesma experiência e que parecem ter sofrido uma amnésia corrosiva, pois estão fazendo exatamente aquilo que, eu garanto, um dia elas detestavam que fizessem com elas.

Eu já tinha pensado nisso muuuuuuuuitas vezes, quase sempre depois de ouvir alguma coisa que me incomodava ou magoava, mas confirmei que tal problema não era privilégio meu no dia que uma participante do grupo de discussão MdMpostou um desabafo sobre isso e em cima do comentário dela surgiram dezenas de outros.

A ficha de que quase todo mundo daria um pitaquinho a respeito da criação do Léo ou faria um comentariozinho bem desagradavelzinho caiu logo depois que eu cheguei da maternidade. No primeiro dia que eu desci para dar uma voltinha no prédio fui brindada com a super ultra mega tradicional pergunta: “E ele mama bem?” Referindo-se, claro, a mamar no peito. Aí eu, super chateada, magoada e ainda abalada, inocentemente respondi que não, que eu estava tendo que complementar. Aí o que eu escuto de volta? … “Ah, mas não existe leite fraco”. Oi? Como? Desculpe? I beg your pardon? Quem aqui, cara pálida, falou em leite fraco? Eu simplesmente não tinha leite suficiente e não podia (infelizmente) amamentar exclusivamente com leite materno. E o que, o distinto zelador do meu prédio tinha a ver com isso? Isso mesmo, minha gente! Quem fez essa pergunta e depois o comentário nada a ver foi o zelador do meu prédio. Um senhor super fofo, que sempre foi uma graça comigo, mas que nesse dia errou feio! Muito feio!

Bom, mas não paramos por aí. Nesse mesmo dia eu ainda teria outras gratas supresas. Eu segui o passeio pelo condomínio e encontrei com outras mamães, super empolgadas por me verem pela primeira vez sem a barriga e com o conteúdo dela já do lado de fora. De cara perguntaram: “E você está tendo bastante leite?” (Jesus do céu, porque tanta fixação com essa pergunta?). E lá fui eu responder que não, blá, blá, blá… mas antes mesmo de eu terminar de dar a minha resposta a responsável pela pergunta já estava me contando como ela havia tido horroooooooooores de leite, como sempre vazava, como a filha dela mamava bem e por aí afora. Sinceramente… ai credo que falta de tato!

E quando o repertório do tema leite foi enfraquecendo, outro clássico da vida materna começou a pipocar na minha vida: o choro! “Por que seu bebê está chorando?”, “Por que ele chora tanto?”, “Ele chora sempre assim?”. Quando me faziam essas pergunta, juro que a minha vontade era responder: “Você acha que se eu soubesse eu estaria deixando ele chorar desse jeito? É óbvio (ÓBVIO, eu iria frizar muito isso) que já teria resolvido o problema!”. E para a pergunta “Ele chora sempre assim?”, minha vontade era tacar de volta um “Não, só quando encontra pessoas como você!”. Affff! Haja paciência para gente sem noção.

Mas isso, é apenas a ponta do iceberg. Além dessas perguntas nada discretas e agradáveis, ainda existe todos aqueles comentários que beiram a estupidez. Dentre eles, os clássicos “Nossa, como ele(a) é bravo(a)!”, “Como ele(a) é inquieto(a)”,  ou o meu favorito: “Ele(a) tem cólica porque você é nervosa!”. Mãe do céu, quando eu ouvia esse última juro que minha vontade era soltar um “nervosa você vai ver agora quem é!”. Como pode taaaaanta falta de tato? Como?

Agora, do alto dos meus oito meses de experiência como mãe, vejo que muita, mas muiiiiiiita gente, faz comentários desnecessários justamente porque quer parecer mais mãe, mais experiente, mais perfeitinha perante a coitada da outra mamãe que ainda está vivendo aquela fase de inexperiência e insegurança. Algo triste, com certeza, mas que ocorre muito porque uma penca de gente nasceu sem total disconfiômetro.

Hoje, já aprendi a desopilar, a deixar entrar por um ouvido e sair por outro, mas só porque hoje me sinto mais segura no novo papel. No início, é tudo novo para nós, estamos querendo muuuuuuuuuito acertar, fazer o nosso melhor, e qualquer pergunta ou comentário desagradável acaba nos deixando ainda mais perdidas, o que não é nada bom para a mamãe e nem para o bebê.

Então, aqui vai o meu conselho pessoal: se você gosta de fazer comentários e dar pitacos, controle a sua língua. Muito mais que criticar, apoie. Muito mais que questionar, dê suporte. Já se você é uma mamãe mais experiente, cuidado redobrado! Lembre-se que você um dia também foi estreante nesse palco e que também sofreu com muita coisa que ouviu. Então, não esqueça do que você passou, e faça disso um aprendizado para saber direitinho o que falar e quando falar. E se não for ajudar, o melhor é sempre calar.

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