Você já ouvir falar em extero-gestação? Ouvi pela primeira vez esse termo quando o Leo era recém nascido. Um amigo do meu marido comentou conosco sobre isso e fiquei supercuriosa para entender melhor, só que na época, devido a loucura que era a minha vida, nem deu para ir atrás de mais informações.
Mas me lembrei dessa conversa esses últimos tempos e agora, com mais calma, resolvi ir . E pesquisei sobre o assunto, pelo qual me encantei. Para explicar este conceito, vou precisar fazer este post meio papo-cabeça, mas tenho certeza que você também vai achar interessante.
O nome extero-gestação quer dizer uma espécie de continuidade da gestação fora do útero e para entender isso é preciso falar um pouco de evolução das espécies. Isso mesmo, a ideia é bem relacionada com as diferenças entre os seres humanos e as outras espécies de mamíferos que habitam nosso planeta.
Quem primeiro formulou o conceito foi o antropólogo inglês Ashley Montagu, mas o responsável por tornar mais popular foi o pediatra norte-americano Harvey Karp. Ele inclusive chama essa gestação fora do útero de “quarto trimestre”. A proposta é que, nos primeiros três meses de vida, o bebê receba alguns cuidados que simulem um pouco da vida dentro do útero para que ele se desenvolva melhor e mais tranquilo.
Tudo isso se faz necessário pois o bebê humano é o único mamífero que não nasce pronto para ter um grau alto de independência. Já notou que bebês cães, gatos, bezerros ou mesmo as girafas nascem já sabendo andar? E os humanos precisam ainda de um ano inteiro até que consigam se movimentar sozinhos? Consequentemente, isso faz com que eles também sejam dependentes para se alimentar e muitas outras coisas.
É que, para ter um cérebro maior que o de todas as outras espécies – e isso foi o que tronou o ser humano diferente em termos evolutivos de todos os outros e capaz de ter o lugar no mundo que tem hoje – os nossos bebês precisam nascer antes que o seu cérebro esteja completamente desenvolvido. Portanto, muitas das nossas habilidades ainda não estão completas quando nascemos. Se o nosso cérebro tivesse o tamanho final necessário para um bebê nascer mais independente, nosso corpo não o comportaria e não comportaria o parto.
Interessante, não é mesmo? Eu não sabia de nada disso até ir pesquisar este assunto. Bom, para compensar essa espécie de “prematuridade” de desenvolvimento com que o bebê nasce mesmo que seja a termo, a extero-gestação propõe que a gente simule a vida dentro do útero por mais um tempinho, para que ele vá se acostumando melhor com a vida aqui fora até ser mais capaz de lidar com ela. São atitudes relativamente simples que, como confortam os bebês, deixam toda a família também mais em paz e harmonia. Abaixo eu conto cinco passos desenvolvidos pelo Dr, Karp, para fazer isso em casa com seu bebê:
- Tato – antes seu filho ficava dentro do seu útero, quentinho, rodeado de água e seguro num espaço pequeno. Do lado de fora é muito diferente. A ideia é recriar aquele aconchego . Você pode embrulhá-lo com um sling e deixá-lo em contato com a sua pele ou fazer um pacotinho ou casulo com uma fralda e mantendo ele embrulhadinho.
- Coloque-o de lado – sabe quando colocamos a cabeça do pequeno nas nossas mãos e o resto do corpinho apoiado no braço junto ao nosso corpo? Estamos simulando um pouco da posição fetal, que traz conforto e calma
- Barulhinho bom – dentro da barriga, seu filho ouvia os sons do seu coração e dos intestinos, tudo reverberando no líquido da bolsa. Parece que era uma zoeira sem fim, mas o hábito é tudo nessa vida, a gente sabe. E eles se acalmam ao ouvir sons similares. Pode ser o “shhhh” que você faz com a boca, o aspirador de pó ou o secador de cabelos ligados a uma distância segura dele.
- Pra lá e pra cá – balançar seu filho é outra maneira de simular o que ele vivia dentro da barriga. Por mais que você não fizesse movimentos bruscos, atividades físicas ou qualquer coisa do gênero, só o fato de caminhar ou se mexer já fazia com que as coisas se mexessem para ele lá dentro. Vale dançar, balançar o carrinho, o berço, colocá-lo em uma rede ou no canguru.
- Dedo na boca – os bebês se acalmam com o peito, a mamadeira ou mesmo a chupeta porque no útero eles ficavam com as mãozinhas muito perto do rosto e, assim, chupar os dedos era uma coisa constante. Mais um motivo para você investir na amamentação em livre demanda!
Confira, nesse vídeo, mais detalhes sobre a teoria da exterogestação:
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