Muitas pessoas tem me feito perguntas sobre gravidez e Covid. Então, pedi para um de nossos colunistas abordar este assunto aqui no blog para tentarmos entender um pouco melhor a respeito.
Este é um assunto que ainda gera muitas dúvidas e o melhor a se fazer sempre é tomar o máximo de cuidado possível. Confira o post!
GRAVIDEZ E COVID
Desde o seu surgimento, com o primeiro caso descrito em dezembro de 2019, a doença COVID 19, causada pelo SARS-CoV-2, impôs a toda a sociedade a necessidade de cuidados especiais devido a suas características de elevado potencial de transmissão pelo sistema respiratório, de pessoa a pessoa. Já no início da pandemia, em março de 2020, se sabia ser uma doença de maior gravidade e mortalidade em idosos e pessoas com doenças crônicas.
Devido às diversas alterações fisiológicas na gravidez, as mulheres nesta situação podem ser mais vulneráveis às infecções respiratórias, devendo ser consideradas como um grupo de especial atenção, visto tratar-se de um binômio mãe-bebê. E, dentre elas estão particularmente aquelas no 2º e 3º trimestre que apresentam comorbidades como obesidade, asma, doenças do coração, por exemplo.
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Nos Estados Unidos, a taxa de mulheres infectadas por SARS-CoV-2 ao nascimento variou de 2 a 20%, dependendo do nível da doença nas comunidades estudadas. Embora alguns estudos atuais apontem na direção de maior gravidade em mulheres grávidas, outros estudos não mostram tão claramente tal relação, com exceção para os casos citados onde há outras condições, concomitantemente.
O fato é que o entendimento da doença COVID-19 na gravidez tem evoluído rapidamente e alguns pontos são defendidos de modo bastante claro:
. Até o momento, a chance de o vírus causar algum tipo de malformação para o feto é inexistente;
. A taxa de transmissão mãe-bebê intra-útero ou no parto/amamentação é extremamente baixa, aparentemente estando relacionada com formas mais graves de doença materna, portanto com maior carga viral, tendo esses recém-natos evoluções benignas;
. Estudo recente não demonstrou a presença do vírus no sêmen de pacientes infectados e outros, ainda, identificaram anticorpos IgG no sangue de recém-natos de mulheres que tiveram Covid, o que aparentemente sugere ser proteção vinda da mãe;
. Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação em gestantes, puérperas e lactantes deve ser recomendada apenas evitando-se a vacina Oxford/Astra – Zeneca, suspensa no país nesse grupo de pacientes, no momento. Tal postura firme do Ministério da Saúde se alinha ao combate à pandemia também nos cuidados às gestantes. As diretrizes dirigidas a estados e municípios enfatizam a vacinação durante a gravidez e puerpério.
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Mesmo que os dados sobre a evolução da COVID-19 na gestação ainda não sejam definitivos, já são bem mais consistentes do que há 1 ano; assim, novas recomendações podem surgir com o transcorrer do tempo. Do mesmo modo, todas as mulheres que planejam engravidar ou mesmo as que já estão em tratamento para tal, devem ser vacinadas, seguindo atentas ao calendário vacinal de seu município. As principais entidades médicas mantêm e reforçam as recomendações de prevenção, como o distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras.
REFERÊNCIAS
Zambrano LD et al. Update: characteristics of symptomatic women of reproductive age with laboratory-confirmed SARS-CoV-2 infection by pregnancy status-United States, January 22 – October 3, 2020. MMWR. Morb Mortal Wkly Rep 2020, 69.
Martinez Perez O et al. The association between COVID-19 and preterm delivery: a cohort study with multivariate analysis. MedRxiv 2020; 21:273.
Siston AM et al. Pandemic 2009 influenza A virus illness among pregnant women in the United States. JAMA 2020; 303: 1517-25
Galang RR et al. Severe coronavirus infections in pregnancy: a systematic review. Obstet Gynecol 2020; 136: 262-72.
World Health Oraganization. Report of the WHO-China Joint Mission on coronavirus Disease 2019 (COVID-19)
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