Acredito que, uma das primeiras grandes e importantes decisões que nós, mães e pais, temos que tomar após o nascimento dos nossos filhos é o que fazer com o bebê quando se volta a trabalhar. As opções não são muitas, basicamente as alternativas se resumem a babá, escolinha ou avós (ou algum outro parente), mas já é o suficiente para nos deixar doidas, sem saber exatamente o que decidir e o que é o melhor para nossos pequenos.
Eu comecei a viver essa situação há alguns meses, quando optei por voltar a trabalhar no início desse ano (veja aqui o post que falo sobre isso). Desde esse momento até efetivamente decidir o que faria, pensei muito, li a respeito, conversei, ouvi experiências, mas, acima de tudo, OUVI MEU CORAÇÃO.
Deixar com avós não era uma possibilidade no meu caso. Minha mãe mora em outro estado e minha sogra, apesar de não trabalhar fora, trabalha, e muito, na sua casa. Assim, ela não teria como assumir 100% o Léo nas horas que eu tivesse que ficar longe dele. Esse cenário fez com que me restassem apenas duas opções: babá e escolinha.
Primeiramente, cogitamos deixar o Léo com uma babá, mas na casa da minha sogra em vez de aqui em casa. Eu vou trabalhar só meio expediente, de casa, e justamente por isso que para mim seria importante ele ficar aos cuidados de alguém em outro lugar. Por eu ser aquele tipo de mãe que não desliga nunca do filho, que está sempre com os olhos e os ouvidos totalmente voltados a ele, pensei que de nada adiantaria eu ter uma pessoa para cuidar do Léo se eu continuasse por perto. O que aconteceria é que a qualquer chorinho ou reclamação do Léo eu largaria tudo e iria lá ver o que estava acontecendo. E isso, sinceramente, não seria nada positivo, principalmente considerando-se que a intenção dessa mudança era justamente eu voltar a trabalhar, algo que exigiria minha atenção e dedicação exclusivas por algumas horas.
Bom, então foi daí que a ideia da babá cuidando do Léo na casa da avó surgiu. Mas ela orbitou as nossas mentes por pouco tempo, pois comecei a achar que ter uma pessoa estranha dentro de casa, e ter de ficar de olho nessa pessoa e no neto, seria responsabilidade demais para a minha sogra. Afinal, a partir do momento que ela aceitasse essa situação, tenho certeza que ela se cobraria pelo bom andamento do arranjo e acabaria deixando de fazer várias coisas (viajar ou passear, por exemplo), para não me deixar na mão. Nada justo! Ideia abortada e aí nos restou a alternativa final, que era colocar o Léo num berçário.
Aqui, quando falo em alternativa final, quero deixar claro que não quero dizer última alternativa. Muito pelo contrário. Desde o início, meu coração sempre pendeu para a opção escolinha/berçário. Entretanto, eu não queria tomar nenhuma decisão por impulso, e aí fui cogitando e analisando outras alternativas. Depois de muito pensar a respeito, ver e rever mil vezes todos os prós e contras, eu acabei tendo ainda mais certeza que NO MEU CASO e NESSE MOMENTO DAS NOSSAS VIDAS, essa é a alternativa para nós.
Eu sempre vi muitos pontos positivos em escolinha, muito mais que negativos, e isso acabou pesando muito na nossa decisão. Além disso, visitei sete berçarios/escolinhas no meu bairro e me senti 100% confortável em deixar o Léo em pelo menos dois deles. Isso também me deu mais segurança ainda.
Mas afinal, o que eu, Shirley, levei em conta na hora de tomar essa decisão? O que me fez efetivamente decidir por uma escolinha em vez de uma babá?
Bom, aqui quero deixar claro que essa é a MINHA opinião PESSOAL, e que de forma alguma eu considero ela uma verdade universal. É simplesmente o que funciona para mim. Mas como funciona para mim, pode funcionar para outras pessoas, então optei por compartilhar aqui quais foram os fatores que realmente pesaram no nosso processo decisório.
Vamos lá…
1. EU sempre me senti mais segura em deixar o Léo aos cuidados de várias pessoas do que de apenas uma. Não me sentiria confortável de deixá-lo sozinho com uma babá, pois nunca teria 100% de certeza do que estaria acontecendo dentro da nossa casa (e não sou a favor do uso de câmeras de monitoramento, pois acho que a privacidade de qualquer ser humano deve ser respeitada). Para mim, ficar numa escolinha passa mais segurança porque lá há várias pessoas trabalhando, várias pessoas envolvidas, então é mais difícil que alguma coisa errada seja feita e ninguém veja.
2. Outra coisa que eu sempre achei positiva em escolinha é que a criança tem contato com outras crianças e com vários estímulos, o que acaba ajudando no seu desenvolvimento cognitivo e psicológico. O Léo é um bebê que sempre demonstrou gostar muito de estar no meio de outras pessoas e, principalmente, de outras crianças, e nunca curtiu ficar sozinho sozinho (por exemplo, ele em um cômodo da casa e eu outro, mesmo que por minutos). Isso também me fez achar que o ambiente de uma escolinha, com vários adultos e crianças em volta, também seria mais agradável para ele.
3. Também tenho na escolinha a segurança de saber que ela sempre estará lá, no mesmo horário, sem faltas e atrasos. Coisa que nem sempre se pode contar que terá com uma babá. Essa insegurança de não saber se no dia seguinte a moça irá aparecer ou se chegará na hora não me agrada muito.
4. Ainda, eu entrei na escola com quatro anos, claro que bem mais velha que o Léo, que tem apenas oito meses, mas guardo na minha memória lembranças muito agradáveis dessa fase. Acho que por eu ter tido uma experiência tão positiva no meu “debut” nesse meio eu também posso ter pendido mais para essa opção. Ou seja, aqui pode ter até algo meio inconsciente, de “o que foi legal para mim, vai ser legal para ele”. Sei lá se é isso mesmo, mas tal hipótese já me passou pela minha cabeça.
5. Por fim, outra coisa que pesou demais na decisão, é que eu me senti muito segura e satisfeita ao visitar algumas escolas e, graças a Deus, tenho condições de arcar com os custos das escolas que eu gostei. É quase certo que se eu não tivesse encontrado nenhuma escola que me agradasse de verdade eu teria postergado um pouco mais os meus planos de voltar ao trabalho. Ou teria revisto a decisão. De forma alguma, eu entregaria o Léo aos cuidados de uma equipe na qual eu não tivesse 100% de confiaça ou o deixaria em um ambiente que não considerasse seguro. Felizmente, tive possibilidade de escolha, e isso é muito importante.
Mas é claro que nem tudo são rosas, e que escolinhas também tem seu lado negativo. Sei que o Léo tem chances de ficar bem mais doente do que se tivesse sendo cuidado por mim ou por uma babá, mas estou disposta a correr esse risco. Como disse meu pediatra: para os males do corpo a gente tem remédios, mas para os males da alma (de uma criança que é exposta a uma situação de perigo ou é mal tratada), o que se há de fazer?
Bom, mas enfim… depois de rever tudo isso que eu acabei de compartilhar com vocês, de parar para pensar e analisar tudo que esteve envolvido nesse importantíssimo processo decisório, chego, mais uma vez, à conclusão que nesse caso, assim como em tantos outros que dizem respeito à maternidade, a melhor opção é sempre aquela com a qual nos SENTIMOS mais SEGURAS. E essa segurança vem do CORAÇÃO, muito mais do que de análises e julgamentos racionais.
Tenho uma amiga que optou por escolinha, mas no fundo sempre esteve com um pé atrás. No dia que ela deixou seu filho lá, foi embora chorando, com o coração apertado e super angustiada. No dia seguinte, descobriu que a escolinha deixou seu filho chorar até pegar no sono de cansaço. Na hora, ela rodou a baiana, deu um escândalo, tirou o menino de lá e decidiu deixá-lo com a avó. Agora, com calma, ela irá procurar uma babá para cuidar do filhote dela na casa da mãe dela. Agora, o coração dela está em paz.
Acho que nesse impasse de babá x escolinha x avó cabe a verdade máxima da maternidade: seguir o coração. Antes e acima de tudo. Ele, sempre, sabe a resposta certa.
Para ajudar um pouco mais nessa decisão (ou para colocar ainda mais lenha na fogueira, nem sei!) eu trago aqui o depoimento de duas amigas que optaram por alternativas diferentes. Uma ficou com a escolinha, outra com a babá. Cada uma delas comenta os seus motivos pessoais para a decisão.
Espero que mais esse “tiquinho” de informação ajude vocês a pensarem melhor no assunto e assim a SENTIREM melhor essa importante questão. Ao longo dos próximos dias irei retomar o tema, em outros posts, pois nessa semana o Léo inicia a adaptação na escolinha e eu acho que terei inspiração para vários textos. Vamos ver…!
Depoimento 1 – Laura Braga Vieira, mãe da Júlia, de dois anos e cinco meses
Com 8 meses minha filha começou a freqüentar o berçário. No meu caso contar com as avós estava fora de cogitação, já que nenhuma delas mora em São Paulo. E esse foi um fator fundamental na tomada de decisão. Como não moro perto da minha família precisava de algo que estivesse todos os dias ali, no mesmo lugar, no mesmo horário, com a mesma rotina. Só assim eu conseguiria me reorganizar. Eu busquei por algo que não me deixasse na mão, não faltasse, não chegasse atrasado e nem precisasse sair mais cedo. E que além disso proporcionasse conforto, tranqüilidade, socialização e desenvolvimento para minha filha.
Hoje eu sou uma mamãe que levanta bandeira do berçário/escola porque vejo o quanto minha filha se desenvolveu, vejo a felicidade que ela vai para a escola e os vínculos de amizade que ela estabeleceu.
Depoimento 2 – Natália Campos Marchi, mãe da Valentina, de seis meses
Quando o fim da minha licença maternidade começou a se aproximar, visitei várias escolas, de todos os gostos e valores possíveis. Pensei em colocar integral ou meio período. Depois de muita conversa com o meu marido, nossa decisão foi babá. A Nilda não é somente uma babá, ela já virou da familia. Ela trabalhou na minha mãe durante 18 anos, desde que eu era pequena. A Valentina, agora com seis meses, ficará em casa, com ela, enquanto eu trabalho o dia todo. Tenho horário flexível e a sorte de morar perto do trabalho, portanto, na hora do almoço vou vê-la também.
Não sou daquelas mães defensoras que o filho TEM que ficar em casa, com a babá ou a avó. Aliás, na maternidade aprendi que não se pode julgar o que as mães acham, elas simplesmente fazem o melhor pelo filho (mesmo sendo questionadas pelo mundo ou se sentindo culpadas). Muito pelo contrário, acho que a escola ensina muito. Mas nesse momento da minha vida, essa é a melhor opção. Quando ela caminhar, vou colocá-la meio período na escolinha.