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Mães que amam demais

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No post de hoje, nossa colunista, a psicóloga Kenia, fala sobre mães que amam demais. Sabemos que amor nunca é demais, porém qual é o limite da superproteção? Vamos entender a que ponto isso pode fazer mal para os nossos filhos. Confira!

Mães que amam demais

Algumas mães controlam todas as escolhas de seus filhos e costumam culpá-los quando não aceitam opinião acerca da escolha da namorada, da profissão, entre outras decisões pessoais, incentivadas pelos ciúmes, pelo medo de ficarem só, e de se depararem com a própria vida, sem distração. Elas usualmente, exploram conselhos invasivos, impostamente benéficos, mas na verdade, estes conselhos mascaram uma necessidade de conquistarem apenas o seu bem estar.

Elas possuem a tendência a tornarem-se controladoras, manipuladoras e ciumentas em grande parte do tempo. Um ponto importante é o de que estas mães, carecem de projetos de sentido de vida, elas não desfrutam de bons vínculos adultos, e bem estar emocional, projetando todo o afeto e realização em seus filhos.

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Estas mães não estão bem emocionalmente e em muitos casos, necessitam de psicoterapia, para praticarem o autoconhecimento e recuperarem propósitos que lhes devolverão o sentido de vida.  Sobretudo, elas também apresentam comportamentos muito comuns de chantagearem e tentarem dominar seus filhos para conseguir atenção e afeto de alguém que apresentaria culpa expressiva em negá-los.

Estas mães se comportam sempre podando, dominando, invadindo, exigindo atenção e controlando seus filhos a maior parte do tempo, acreditando que estão agindo desta forma para o bem deles, pois, sem sua direção e atenção integral, algo muito ruim poderia acometê-los, mas na verdade, estas atitudes mascaram profundas questões de ordem pessoal, como a baixa autoestima, a falta de projetos pessoais e uma desordem emocional.

Muitas destas mães já apresentavam problemas emocionais com anterioridade a maternidade e somente conseguiram atribuir um sentido para suas vidas, após se tornarem mães, e neste sentido, acontece um risco muito grande de depositarem toda a suas expectativas em seus filhos, desumanizando-os e os retirando de si mesmos, tornando-os inaptos para estabelecerem relacionamentos interpessoais sadios ou desenvolverem uma conexão importante consigo mesmos.

Alguns comportamentos das mães que amam demais

Exageros nos abraços e frequências de beijos, dentre outras manifestações afetivas como os frequentes elogios irreais; cobranças de afeto; muitas perguntas e conversações que retiram o foco da criança em si mesma; identificam os filhos como pequenos e vulneráveis, como se fossem eternos bebês para que necessitem delas; controlam todas as decisões de seus filhos, impondo sua opinião ou usando a manipulação para conduzi-los nas tomadas de decisões; apresentam irritabilidade quando não são atendidas de imediato; possuem dificuldades de construírem uma rotina com prazeres e significados longe dos filhos; pouca sociabilidade com adultos; falta de autocuidado; ausência de sonhos e objetivos; prejuízos na autoimagem e autoconceito; são mais propensas a ansiedade e depressão; apresentam crenças negativas acerca do mundo, das pessoas e de si próprias; entre outros.

A mãe superprotetora justifica que os filhos exigem atenções constantes. Algumas mães relatam na psicoterapia que os filhos saudáveis dormem junto aos pais e algumas que permitem que o filho durma em seu próprio quarto, referem sentir medo de que ele morra, indo verificar sua respiração à noite. Essas mães levam um tempo para declarar em voz alta na psicoterapia, que se sentem escravas do filho por dedicarem todo o seu tempo e referem estar arrependidas da maternidade. É absolutamente normal que as mães tenham sentimentos ambivalentes acerca da maternidade, mas as mães que amam demais, mascaram estes sentimentos com a superproteção.

A importância de amar a si mesma para ensinar o amor

Amar os filhos necessariamente implica em ensiná-los sobre a vida de forma consciente e equilibrada, ensiná-los sobre valores que devem distanciá-los da superficialidade e aproximá-los dos outros seres mais possíveis de estabelecerem vínculos legítimos que propiciem solidariedade, humildade, honestidade, respeito e acesso ao verdadeiro self, sem defesas e personas.

É muito importante ensinar o amor, o vínculo e as trocas afetivas para o desenvolvimento dos filhos, mas também é importante ensiná-los a amar e a respeitar o outro de forma saudável, para assim saber fazer escolhas e merecerem ser amados, importante ensiná-los sobre limites, direitos e responsabilidades; porém, nada melhor do que o exemplo no processo de educação de seus filhos, sendo fundamental que estas mães, saibam viver a suas próprias vidas  de forma satisfatória para que seus filhos modelem uma forma mais saudável e feliz de viver.

Apoio incondicional impede o crescimento dos filhos?

Algumas mães oferecem tanto apoio incondicional mesmo quando seus filhos cometem falhas importantes, como por exemplo, apresentar atitudes egoístas e individualistas, impedindo aos seus filhos de se tornarem seres humanos mais evoluídos, utilizando uma atitude superprotetora e prejudicial, mascarada de amor incondicional. É muito importante que as mães ajam de forma assertiva e mostrem aos seus filhos as atitudes que afetam os outros, ensinando comportamentos mais responsáveis de forma consciente.

Como a criança sente a separação da mãe superprotetora

Quando a mãe e a criança não conseguem elaborar o momento da separação, elas ficarão cativas na impossibilidade de se separar. Segundo algumas teorias psicológicas, a angústia diante da separação é tão grande, que cada ausência da mãe é sentida pela criança com o temor de tê-la devorado, ou de tê-la odiado até a morte.

A ambivalência materna se apresenta como uma necessidade estruturante, sendo que sua ausência induz e pode evoluir para uma psicopatologia importante e comprometer expressivamente a vida do filho. Para Winnicott a mãe ‘devotada comum’, é aquela que alcança o “estágio especial de preocupação materna primária sem ficar doente, um estado que exigiria suficiente saúde psíquica da mãe para desenvolvê-lo e para desvencilhar-se dele. Uma espécie de ‘doença normal’.

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O filho da mãe superprotetora, não suporta a ausência da mãe por muito tempo, mas costuma demonstrar irritação quando a mãe o invade com seus cuidados protetivos excessivos, seja de higienização ou busca de atenção.

A ambivalência materna

A compreensão sobre o amor é apresentada na obra freudiana como representante da corrente sexual como um todo, depois de uma síntese das pulsões, componentes da sexualidade sob domínio da genitalidade e a serviço da reprodução, se mostrando ambivalente quando aparece acompanhado de impulsos de ódio contra o mesmo objeto.

Freud situa a origem do amor como essencialmente narcísico, o popularmente dito “amor materno verdadeiro” é mito, de um amor inteiramente devotado ao objeto. A ambivalência materna é, entretanto, uma necessidade estruturante; a ambivalência pode ser “positiva” ou “negativa”, ou ainda, o ódio pode ser estruturante ou destruidor ao bebê.

Observa-se em muitos casos que a mãe parece sentir que seu ódio dirigido à criança é tão potente e destruidor, que o nega e o evita, temendo constantemente a morte do filho. Ela se sente escrava dessa criança, estando sempre a seu dispor, ao mesmo tempo em que impede que o filho consiga se separar dela e o invade com cuidados excessivos. A criança reage a esta invasão apresentando comportamentos de hiperagitação motora, irritação e negação do cuidado imposto. Mediante aos estudos freudianos, observamos que a mãe presentifica em seu laço essa porção ‘oral’ de um amor voraz que é capaz de destruir o objeto em nome do amor.

A Mãe excessivamente boa

A “mãe excessivamente boa”, é representada como um mito, sempre devotada à criança, mas na verdade camufla sentimentos de inferioridade, uma vida pobre socialmente, autocuidado prejudicado, crenças de desvalor e desamor, baixa autoestima, sentimentos de defectividade, problemas com relacionamentos conjugais.

Alguns teóricos, afirmam que a mãe violou os desejos da criança, satisfazendo-a além das necessidades, por medo de que ela morresse de privação ou que buscasse cuidados em outros, sem ela. Essa angústia vem do fato de que sua libido se engolfou nesse objeto que dela saiu, em vez de permanecer em relação com os de sua margem de idade, para ela, adultos de seu sexo e de outro sexo.

No entanto, para que o filho siga nesse trajeto permeado por castrações que vai do nascimento à independência, é preciso que a mãe se adapte, a cada etapa, a um novo formato de relação com seu filho. Essas crianças, identificadas como objeto do fantasma materno, se veem investidas da missão de reparar a mãe de suas feridas narcísicas, e são colocadas neste lugar ruim, destituído de conscientização e segurança.

Segundo Freud, o amor traduz a relação do Eu total com um objeto sexual fonte de sensações agradáveis, ao qual se estabelece uma ânsia motora que visa aproximação do objeto ao Eu, a fim de incorporá-lo. Por outro lado, odiamos o objeto fonte de sensações desagradáveis, o que aumenta a distância entre o objeto e o Eu.

Aprender uma comunicação mais assertiva é fundamental para manter a saúde mental de ambos, evitando as sequelas destrutivas e possibilitando maior autonomia e felicidade a seus filhos e a si própria. Uma relação madura e autêntica, que cria felicidade e autonomia é aquela que deixa viver e também se permite desfrutar de uma vida. Aprender a diferenciação entre conscientizar, orientar e manipular ou impor seu ponto de vista é a chave para desfrutar de uma vida saudável para mães e filhos.

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