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Na criação de filhos, como saber o que está certo ou errado?

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De uns tempos para cá tenho percebido um crescente número de livros e artigos sobre como educar e cuidar dos filhos. É um festival de “pode e não pode”, alguns amparados em pesquisas, outros em opiniões derivadas de observações, alguns sérios e outros não, e sinto que esse tanto de informação acaba confundindo a cabeça de pais e mães.

E assim, o acesso a tantas informações, ao contrário do que se poderia esperar, tem exercido um efeito negativo, pois me parece que incrementa as angustias dos pais e desta forma, os torna frágeis diante de uma tarefa tão importante quanto a paternidade e a maternidade.

Outro problema que nasce com o excesso de informações não filtradas – o que mais vemos por aí – é a ausência de parâmetros, o que leva os pais a mudarem sua postura, pinçando o que lhes agrada de cada proposta, o que nem sempre é o ideal.

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Photo Credit: WillRogersPhotography via Compfight cc

Friamente, esta poderia parecer uma boa alternativa – pinçar o que interessa de cada teoria, no entanto, precisamos levar em conta que todos nós temos nossas próprias histórias e, via de regra, temos pontos cegos, que podem nos levar a fazer escolhas guiadas por nossas próprias limitações. A verdade é que somos menos condutores de nossas vidas que pensamos ser, pois dentro de cada um existem forças que não temos consciência e, portanto, não somos capazes de dominar.

Algumas colocações me preocupam, mas uma em particular: “cada pai (ou mãe) sabe o que é melhor para seu filho.”. Como seria bom se ela fosse verdadeira, mas infelizmente não é bem assim. Até porque, quem sabe o que é melhor? Podemos ser bem intencionados, mas o melhor depende de inúmeros fatores, e o principal talvez seja observar como as coisas evoluem na criação dos filhos.

Eu mesma, muitas vezes, me pego avaliando situações com base no que penso ser certo ou errado e, frequentemente, descubro que a vida é muito maior que nossas crenças. É tanto certo e errado que perdemos a capacidade de relativizar as coisas.

A experiência mostra que algumas formas de conduzir as coisas com crianças, sem levar em conta necessidades incontestáveis delas, como por exemplo, cria-las com satisfação em excesso, estão fadadas ao provável fracasso, pois na maior parte dos casos se convertem em problemas, embora sempre existam exceções.

Pelas funções que exerci ao longo de minha vida profissional acabo sendo consultada por muitas famílias e observo que as mais rígidas em relação a qualquer orientação, são justamente aquelas que estão mais disfuncionais. Ou seja, quanto mais as pessoas estão emaranhadas em suas organizações, em suas verdades absolutas, mais elas se mostram reativas ao que vem de fora.

Há algum tempo acredito que para avaliar o que pode e o que não pode na criação de filhos deve-se avaliar caso a caso, pois livros de receita e teorias não são capazes de dar conta da multiplicidade de variáveis que compõe a vida das pessoas.

Também penso que a maternidade e a paternidade não podem tornar a vida das pessoas mais pesada que o peso que elas suportam carregar. Haverá sempre dias bons e dias ruins, mas viver com a certeza de que será muito difícil e que apenas uma operação e guerra é capaz de dar conta da família é sinal que de que alguma coisa está fora do lugar ou não está sendo bem conduzida.

No final das contas, acho que a resposta do “certo ou errado” está em entender a serviço de que as coisas funcionam e que nível de sofrimento existe por traz ou provoca.

Por exemplo, filhos na cama dos pais. Eles estão lá para a família ficar grudadinha na hora de dormir, manter-se próxima e aconchegada, pois isto faz sentido dentro de sua cultura familiar ou estão lá para evitar intimidade e relações sexuais dos pais, ou ainda para não lidar com protestos do filho que decide tudo em casa? Em função dos filhos no seu quarto os pais estão se afastando ou seguem em uma parceria bacana e tem seus momentos de intimidade em outros espaços e momentos?

O mesmo vale para a amamentação, sabe-se que até os 6 meses ela traz inúmeros benefícios para o bebe, isto não entra mais questão nos dias de hoje. No entanto, sua impossibilidade, seja lá por qual razão for, não é atestado de mãe negligente. A mãe pode ser negligente amamentando, tanto quanto não amamentando, da mesma forma que pode ser supercuidadosa nos dois casos.

A idade certa para tirar do peito? Isto é uma decisão muito particular, porém, é importante que se perceba que o filho está crescendo e tanto suas necessidades quanto seus direitos devem mudar. .

Outra questão que nos deixa aflitas é a quantidade de atenção que dispomos aos filhos. Aqui entra o mandar para escola de educação infantil, para casa dos avós, trabalhar ou não. A falta de atenção, a sensação de falta ou o excesso de atenção estão a serviço de que? De uma indisponibilidade interna, ela é momentânea? Permanente? Vem de outros tempos? Está sendo negativa?

Então, minha dica hoje é escute a você, a sua família a escola de seu filho. Preste a atenção nas razões de estar tão exausta, de tantas brigas com o marido, de tanta insatisfação, de tanta agressividade em seu filho. Procure entender quais os mecanismos que produzem estes funcionamentos.

Revise suas próprias convicções, converse com pessoas em que você confia e não apenas com aquelas que pensam igual a você. Escolha um pediatra atualizado e comprometido para cuidar da saúde de seu filho, escolha uma escola séria, que tenha uma orientação compatível com o que você acredita, mas que conte com profissionais competentes, pois eles poderão lhe ajudar a avaliar e reavaliar as coisas ou lhe tranquilizar de que está tudo bem.

Avalie se está nas suas mãos melhorar as coisas ou se precisa de ajuda. Pois a maternidade é certamente a tarefa mais difícil de todas, mas ela não pode se transformar em um peso. O segredo é equilíbrio.

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