Categorias: Comportamento/Desenvolvimento Infantil

Nossos filhos não ficam entediados

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Nossos filhos não ficam entediados. Outro dia caminhando no parque com a @vivianwolff_ comentei que eu fico chocada como as crianças não sabem / não conseguem ficar entediadas. No mesmo instante, a Vívian concordou e falou que até já escreveu sobre como a nossa geração será a última a ter capacidade de sentir tédio.

Nossos filhos não ficam entediados

Voltando um pouco na história: a primeira pessoa a lançar luz sobre a importância do tédio foi Domenico de Masi, falando especificamente sobre o ócio criativo. Ou seja, de acordo com seus estudo e reflexões, o ócio/tédio, do qual acreditávamos ser necessário fugir, afinal, era tempo perdido, era, na verdade, tempo essencial para que a imaginação e a criatividade (dentre outras coisas) pudessem aflorar.

Só que agora, como sentir tédio, como desfrutar do ócio? Crianças desfrutam desse seu tempo livre correndo para a TV, tablet, vídeo game. Ou seja, o tempo de ter a mente vazia e o corpo desocupado e, assim, serem capazes de refletirem, de acharem uma solução pro tédio, decriarem/inventarem/fantasiarem alguma brincadeira ou passa tempo acabou.

E por não viverem esses momentos de tédio/ócio, por estarem sempre ocupados com algo, quando se veem diante do “não tem nada pra fazer”, eles não sabem lidar com isso. Eles se frustram, ficam irritados, tem rompantes explosivos e por aí vai.

E aqui, mais uma coisa a dizer: nós, mães e pais, também somos um pouco responsáveis por isso. Isso porque, muitos de nós fomos aqueles pais e mães que não suportavam ver seus filhos entediados e, inclusive, se culpavam quando viam isso acontecer.

Achavam que tinham que estar sempre fazendo algo para fazer por eles/ para eles. No anseio de acertar, me arrisco a dizer que erramos (e podem dar a opinião de vocês sobre isso, mesmo que seja completamente outra. Aqui inversas visões são muito bem vindas porque a intenção nunca foi ditar regras, mas levar a reflexão).

Pequenas mudanças

Enfim, temos refletido sobre isso por aqui. Temos tentado, aos poucos, deixar os meninos sem ter o que fazer, por mais frustrante que seja, já como um exercício para o que a vida lhes reserva. O que fizemos: tiramos cada um dos meninos de uma atividade que eles tinham e, nesse horário, eles tem que inventar algo pra fazer que não seja recorrer à passividade da TV (tablet e vídeo game já nao faziam parte desse horário).

Estamos no início, com muito a evoluir, mas tenho certeza que será um extremo ganho para todo mundo.

E por aí? Crianças experimentam um porco de tédio? Como é? Como elas se sentem quando tem que esperar por algo sem ter nada para fazer? Mandem bala na discussão que ando reflexiva ultimamente.

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