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Perigos do uso do andador

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Olá mamães, o assunto hoje, aqui na coluna Desenvolvimento Infantil do Macetes de Mãe, são os riscos do uso de andador. O texto foi escrito pela fisioterapeuta Leila Suzuki Saita, da equipe da Paedi.

Sobre o uso de andador

Por Leila Suzuki Saita – Fisioterapeuta

Olá mamães, hoje vou abordar um assunto que já é consenso entre as Sociedades de Pediatria: a contra indicação do andador infantil. Mas entenda melhor o porquê refletindo sobre algumas as considerações que talvez vocês desconheçam.

andador
Imagem: Google Images

O andador é contra indicado pelas Sociedades de Pediatria de vários países da Europa, EUA, Canadá e, também aqui no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) desaprova seu uso desde 2009, quando uma criança faleceu após acidente com o equipamento, no Rio Grande do Sul. Em 2013, uma liminar de proibição de comercialização do andador foi decretada em resposta a uma ação civil pública elaborada pela SBP.

O andador infantil é a principal causa de acidentes com crianças entre 5 e 15 meses. Ele permite que a criança se movimente com muita velocidade, até 1 metro por segundo. Qualquer objeto que trave a sua rodinha pode tombá-lo e a parte do corpo mais exposta é a cabeça do bebê. Um simples sapato ou brinquedo no chão já pode causar esse tipo de acidente. Mas os casos mais graves estão relacionados à queda de escadas e desníveis de piso, podendo resultar em lesões graves, como traumatismo craniano e fraturas. Outros acidentes relatados são queda em piscina, alcançar materiais perigosos ou tóxicos, esbarrar bruscamente em móveis ou puxar fios e toalhas. Um dos fatores que coopera para que esses acidentes ocorram é a falsa crença de que a criança está segura no andador, possibilitando que o adulto volte sua atenção para outras tarefas. É sempre importante lembrar que a maioria dos acidentes infantis acontecem quando quem está cuidando da criança está por perto, mas não consegue alcançá-la a tempo.

Outra questão é que, ao contrário do que pensam muitos pais, o andador não contribui para que o bebê aprenda andar e, de fato, pode até atrasar esse processo. Seu uso atrapalha a formação correta dos movimentos e do equilíbrio do bebê. Para que a estruturação adequada ocorra é necessário que a criança passe pelos deslocamentos naturais nas fases do rolar, rastejar, engatinhar, levantar e buscar apoio para andar.

A posição que o bebê fica sentado no andador é diferente daquela que ele vai precisar manter para andar. Suas pernas ficam mais abertas, o abdome relaxado para frente e quase não coloca peso nos pés, usando apenas a ponta para se impulsionar. Além disso, muitas vezes o bebê é colocado cedo demais neste equipamento, quando ainda não tem força suficiente nem para se colocar em pé por seus próprios meios apoiando em algo.

Além disso, apesar da velocidade e da mobilidade que a criança pode atingir no andador, o fortalecimento muscular é na verdade prejudicado, pois a criança gasta menos energia com ele do que tentando alcançar o lhe interessa utilizando apenas sua própria força. Aliás, os objetos que deixa cair no chão não podem ser reavidos, diminuindo suas possibilidades de exploração e de repetição de tentativas.

O parachoque que rodeia a criança no andador não permite que ela visualize onde estão seus pés e, por outro lado, lhe permite esbarrar em qualquer coisa sem cair ou sofrer consequências, de modo que os mecanismos neurológicos responsáveis pela percepção de corpo e espaço são afetados, podendo prejudicar seu equilíbrio. Por fim, ela não sofre os tombinhos naturais, importantes para desenvolver as reações de proteção e o equilíbrio.

Há sempre um risco de prejudicar o desenvolvimento do bebê ao não respeitar sua evolução natural e individual, pulando etapas essenciais para seu o desenvolvimento com uso de recurso externo.

Confira também esse vídeo sobre o uso de andadores:

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