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Relato de duas mães que optaram pelo parto normal

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Na minha opinião, toda gestante tem o direito de escolher de que forma quer que seu filho chegue ao mundo, se por parto normal ou cesárea. Mas ao longo dos anos, estamos vendo minguar o número de brasileiras que optam pelo parto normal. Os motivos podem ser medo, insegurança, praticidade ou até preferência do médico obstetra, que com muita lábia e jogo de cintura, acaba levando-as a essa decisão.

Mas ainda há algumas remanescentes que acreditam que “o normal é parto normal” e que buscam e lutam por isso até o final. Se você é uma dessas, saiba que não está sozinha, que há sim outras estranhas no ninho buscando a mesma coisa que você.

Abaixo trago o relato de duas mulheres (uma delas sou eu) que falam justamente sobre isso, sobre as dúvidas e pequenos problemas enfrentados para levar adiante o seu desejo de tentar um parto normal.

Acho que sempre é bom ouvir quem já passou ou está passando por isso. Algumas vezes, isso nos faz pensar e ver mais claramente as coisas, em outras, nos transmite segurança. Boa sorte na sua decisão!

LILIANE JUNQUEIRA ANTUNES – mãe da Clara, de 8 meses

A Clara nasceu de 40 semanas e 6 dias. Eu queria parto normal mesmo, insisti muito com minha obstetra, e ela disse que costuma espera até 40 semanas, mas que como eu queria muito normal, íamos esperar até 41 ou 42, monitorando a cada 2 dias o estado da placenta/bebê. Eu me informei muito sobre indução de parto, casos indicados e não indicados. Eu conversei até com a pediatra da Clara (antes de ela nascer), para saber a opinião dela.

Enfim, como a Clara já estava bem gordinha com 40 semanas (quase 4kg), as médicas acharam melhor não esperar 42 semanas, e marcamos a cesárea para o dia 6 de setembro de noite (quando ela completaria 41 semanas). Eu fiquei muuuito frustrada nesse dia, e saí do consultório da obstetra chorando, porque eu não queria “hora marcada”. Pois bem, mas a natureza é sábia e, no dia 05, entrei em trabaho de parto. As contrações vieram com tudo no fim do dia (de manhã eu tinha feito monitoramento e não tinha nenhum sinal de contração!), e às 23:50 a Clara nasceu. A opção por cesárea foi porque, apesar de eu estar com contrações super regulares (intervalo já estava de 3 em 3 minutos), e intensidade forte, o colo do útero não tinha descido nada, e eu não tinha nem um cm de dilatação. Como eu tinha me informado antes, a indução em geral estimula as contrações uterinas e essas, por sua vez, provocam a dilatação. Com eu já estava com as contrações, a chance de eu dilatar com a indução era mínima. E como o ultrassom da manhã indicou que Clara estava com 3,9kg, seria um trabalho extra tirar a gordinha de dentro!

Enfim, optamos pela cesárea, e correu tudo super bem (mas a recuperação doooooeeeeeu muito). Eu fiquei feliz por não ter tido hora marcada e por, apesar de ter sido cesárea, eu ter entrado em trabalho de parto natural.

Mas já aviso que, aqui no Brasil, a pressão social depois da trigésima oitava semana é forte. É como se o “termo” fosse 38, e não 40. Aqui parece um absurdo ter bebê com mais de 40 semanas! A família toda fica falando que o bebe é preguiçoso etc etc… E todo dia alguém fala: “nossa, mas sua barriga já desceu, está chegando a hora!!!”. Eu ouvi isso durante umas 3 semanas (e, ironicamente, uma das razões da cesárea foi que minha barriga não desceu!!!). Tem que abstrair, e curtir o barrigão enquanto pode!

E ainda tem o lance do mecônio, mas ele pode acontecer a qualquer momento. Uma amiga minha entrou em trabaho de parto com quase 39 semanas, chegou no hospital com 7cm de dilatação, mas no meio do trabalho o bebe fez cocô e tiveram que fazer a cesárea – ela já tinha até tomado a peridural! (correu tudo super bem, e não teve nenhuma complicação).

Mas a moral da história é que esse terror que nos colocam do tal mecônio depois da 40 semana… Not true! Pode acontecer a qualqur momento depois que o bebê está prontinho!

Enfim, meu conselho é: informe-se mesmo e pense em quais condições vc abriria mão do parto normal. E pense sempre que o melhor parto é o que tem mamãe e bebê saudável!
SHIRLEY HILGERT – grávida de 37 semanas do Leonardo

Aqui no Brasil, a coisa mais comum é ver médico danto todo o tipo de desculpa para induzir a mãe a marcar a cesárea e eles já saberem, com antecedência, o dia e hora que terão que estar no hospital. Com sete meses de gravidez eu mudei de obstetra e um dos motivos foi isso. Eu já estava pegando um bode fenomenal do meu médico, pois ele era sempre frio, direto, conciso nas palavras. Minhas consultas eram rapidíssimas, ele só respondia o que eu perguntava, nunca trazia informações novas. Isso que ele é um médico super conceituado aqui de São Paulo, todo bambambam e que cobrava uma grana por consulta (só particular, é claro!).

Para completar o quadro, ele me enrolou horrores para passar o orçamento do parto (uma fortuna), não aceitou negociar nem um centavo e, ainda, eu comecei a sentir que ele iria me induzir a fazer uma cesárea. No único dia que eu quis tocar no assunto do parto ele simplesmente respondeu: parto não dá para planejar, não dá para saber como será, só mais para frente, quando analisarmos as condições do seu corpo. Ah, tá! Mas custa conversar? Me ouvir? Saber o que eu prefiro? Quais são minhas dúvidas, incertezas e receios?

Enfim… fiquei muito indignada e resolvi que ia mudar. Na hora bateu aquele desespero, porque eu já estava com sete meses e não era bem assim para um médico me aceitar nessa altura do campeonato.

Por sorte, algumas semanas antes, eu encontrei com um parente relativamente próximo do meu marido e descobri que ele era Obstetra. Quis porque quis marcar uma consulta com ele (Feeling? Intuição? Destino? Desespero?). No fim conversamos por duas horas, eu, ele e o meu marido, e eu resolvi mudar. Eu gostei muito dele porque ele é super atencioso, faz consultas longas, tira todas as dúvidas com a maior paciência do mundo, traz informações novas e, ainda, é super a favor de parto normal.

Ele fez doutorado nos EUA e trabalhou alguns anos lá, então tem um pouco aquela cultura de que o normal é parto normal. Não gosta de agendar parto e isso foi ótimo pq era também o que eu queria.
Provavelmente, eu deva esperar sim até 41 semanas para ter o Léo. Claro que ele já disse que irá me monitorar direto depois que passar de 40 semanas, mas o legal é que nós dois, eu e o médico, queremos a mesma coisa: um parto normal, mas que respeite os meus limites e do bebê.

Gostaria muito de poder esperar o Léo mostrar a hora que ele quer vir ao mundo e aí, se as condições permitirem, ter um parto normal, se não, fazer uma cesárea, mas de coração tranquilo porque não fui forçada a isso, foi uma decisão minha, buscando manter a segurança de todos os envolvidos (eu e o bebê).

Nessa semana farei uma ultrasonografia e o exame de toque. Por enquanto, o Léo ainda não encaixou (só está virado), mas eu já entrei em um processo de “encurtamento” do colo do útero, acho que é esse o nome. Como ele também não será um bebê enorme (o cálculo é que ele tenha entre 3 e 3,2kg na semana 40) as chances de eu conseguir um parto normal vão aumentando. Claro, ainda tem todo o resto, como o bebê encaixar, dilatação, etc…, mas por enquanto, estamos no caminho. Eu e o Léo!

Obs.: Os dois textos foram baseados numa troca de e-mails entre eu e uma amiga minha, a Lili. Agradeço demais as palavras incentivadoras da Lili e o fato dela ter liberado a sua história para ser compartilhada aqui no Macetes de Mãe. Lili! Super obrigada!!!

OBTENHA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O PARTO NORMAL:
Clique aqui para assisir a um vídeo informativo sobre parto normal produzido pelo site www.bebe.com.br em parceria com o hospital Albert Einstein.

 

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