Depois de muito tempo, volto com um relato de parto aqui no blog. Eu adoro relatos de parto e sempre me emociono lendo, por isso curto tanto compartilhá-los aqui.
Hoje, quem conta sobre o seu parto e início de maternidade é a Juliana Rocha, mãe do Henrique, que nasceu no mesmo dia do Caê (08 de fevereiro de 2015).
Com vocês, uma história emocionante (e até engraçada), cheia de muito amor, surpresas e superação.
Boa leitura.
Meu relato de parto
Por Juliana Rocha
Na semana do parto
Na terça-feira dia 03/02/2015 tinha acabado de completar 35 semanas de gestação e fui a que seria minha penúltima consulta antes do parto, e ao me examinar a Dra Leila disse: “Olha Juliana, você está com o colo aberto, eu consigo tocar a cabeça do bebê, você precisa fazer repouso”.
Eu em minha santa ignorância respondi: “Ah sim doutora, eu já estava pensando em combinar com meu chefe de trabalhar só até o final dessa semana!”
Nesse momento tomei um chá de bússola da doutora que disse que eu não estava entendendo (e não estava mesmo) e que meu bebê poderia nascer a qualquer momento caso eu não sossegasse e que o ideal seria segurar pelo menos até 37 semanas.
Saí de lá com um atestado de 15 dias e uma cara de bocó. Liguei para meu marido que não entendeu a seriedade da coisa naquele momento e depois liguei para minha mãe que disse que estava indo lá pra casa imediatamente.
Cheguei no trabalho falei com meus amigos e depois falei com meu chefe que precisava ir embora, mas que trabalharia de casa até o parto.
Passei uma semana tranquila com minha mãe mal deixando levantar para pegar um copo de água. Dei uma saidinha na quarta-feira para tentar fazer os últimos exames de sangue, mas não consegui. Então voltei pra casa e resolvi que faria no sábado e que meu pai me levaria…. já era muito abuso continuar dirigindo.
Sábado acordei bem, mas o Henrique estava extremamente agitado. Quando estava indo fazer os exames, passei em frente a uma faixa que dizia “Feijoada da Mangueira com Arlindo Cruz” e pensei… ah se eu pudesse. E cheguei a postar no facebook que só não ia por que era capaz de o Henrique nascer na quadra mesmo quando eu desse meia sambada. *rs
Meu marido foi almoçar com o tio dele que fazia aniversário naquele dia, enquanto isso fiquei em casa com meus pais terminando de arrumar o quartinho do bebê.
O Nascimento
Terminamos de arrumar o quartinho do Henrique e só deixei os apetrechos do berço para depois, minha mãe foi fazer os cabelos enquanto isso deitei no sofá da sala e via TV com o meu pai enquanto aguardava meu marido. Estava louca para comer uma pizza, então liguei para o Tiago e pedi para ele levar farinha de trigo que faria a pizza assim que ele chegasse. Estava esperando a farmácia com um estomazil, pois estava meio empanzinada assim como minha mãe.
Logo que a farmácia chegou, comecei a sentir uma leve cólica. Pedi pra minha mãe me dar um Buscopan junto com o Estomazil. Doutora Leila sempre disse, se passar com Buscopan não é nada demais.
Mas a cólica começou a ficar estranha, então mandei uma mensagem para o meu marido perguntando onde ele estava e a resposta foi: Olinda (ele ainda ia demorar).
Falei para o meu pai…Acho que vamos ter que passear no hospital. E ele já ia se levantando correndo. Pedi a ele que ficasse calmo.
Minha mãe com a metade do cabelo feita e a outra não já ia se apressando… ai eu disse: Termina esse cabelo que você não vai assim atrás de mim. Vou tomar um banho e ligar para a médica.
Tomei meu banho contando as contrações que estavam vindo a cada dez minutos… e cadê o pai do bebê?!
Tomei banho, coloquei um vestido e liguei para a doutora, mas foi uma assistente que atendeu: “Oi sou paciente da doutora Leila e estou tendo umas contrações”
A assistente: Qual o seu nome?
Eu: Juliana.
A assistente grita: Leila, outra Juliana! No fundo eu ouço: “A que está com o colo aberto?”
Eu: A própria!
A assistente: Vem pra cá agora.
Eu debochei quando diziam que eu tinha que deixar minha bolsa arrumada, então para acalmar as amigas de plantão, coloquei tudo em uma sacola plástica e nesse momento eu penso: Caracas, vou totalmente sem glamour ganhar meu filho!
Minha mãe deu um jeito nessa parte da bolsa. Ela e meu pai estavam prontos, quando chega meu marido serelepe e pimpão com agua de coco e um bonequinho que eu havia pedido para ele comprar.
Aí eu digo: filho, você não percebeu que nós estamos arrumados não? Estou passando mal e estamos indo para o hospital!
Ele ficou louco e foi pegar uma blusa quando eu percebi que ele estava cheio de cabelo que tinha cortado. Pois eu o fiz tomar banho, afinal ele não ia atrás de mim daquele jeito! *rs
No carro um perguntava para o outro: Alguém tem dinheiro para o pedágio? (bendito débito automático que nos faz andar sem um puto) Pois tínhamos dinheiro para o pedágio, assim partiu maternidade.
Meu pai a 110 km, 120 km e eu era a pessoa mais calma apesar das contrações.
Entrei na maternidade às 22:16h e à 00:15h nasceu o meu príncipe!
Pensa que acabou? Não.
Não tínhamos dinheiro para pagar o estacionamento, que não aceitava o tal débito ou crédito. O banco alí de perto, só permitia saque das 06 às 22h. Resultado: Meus pais presos no hospital, sem dinheiro e com fome!
Eita noite longa!
O que ninguém me contou sobre o pós parto
Quando voltei para casa, fui invadida por uma mistura louca de sentimentos e medos. Medos que nunca senti em minha vida. Peguei meu bebê e o apresentei seu quartinho. Depois disso, sentei na poltrona com ele no colo e desatei a chorar…. e assim foi pelo menos por toda a primeira semana.
Quando estava chorando meu marido chegou preocupado querendo saber o que estava acontecendo e eu disse: É emoção (e muito medo).
Durante a primeira semana de vida do Henrique eu chorei todos os dias…. chorei por cansaço, chorei por medo de não ser uma boa mãe, chorei por que ele chorou, chorei por que ele engasgou e chorei por que amamentar no início foi um suplício, na verdade foi impossível.
A amamentação
A hora do mamar eu chamava de hora da guerra. O Henrique não pegava o peito de jeito nenhum. Berrava com o peito dentro da boca, mas não mamava. Era meia hora de choro para tentar fazer ele pegar.
Tentava um peito, tentava o outro… ficava sem blusa e seu peito se torna público.
Vem a mãe, a avó… passa o avô, o pai, o marido na porta… todo mundo ali e você exposta tentando fazer algo que sempre imaginou que seria simples.
Depois de 1 hora de choro e quase 4 horas sem mamar, apelei. Compra uma bomba que vou dar mamadeira.
Vem também a frustração de não conseguir amamentar, o cansaço, o medo e tudo de novo.
Quando uma amiga perguntava: “Quando posso visitar o Henrique?” A vontade sincera era de dizer “Quando ele fizer 18 anos tá bom!”
Que período desesperador! Até que com 20 dias de vida, durante uma crise de cólica a noite meu marido o embalava enquanto eu engolia uma comida ele disse: Tenta colocar ele no peito. E nesse momento ele pegou!
Fiquei imóvel achando que se ele soltasse nunca mais pegaria de novo. Ah que alegria! Eu consigo amamentar….. mas eu não sabia de nada inocente!
No terceiro dia dando de mamar eu pedia mais 5 partos normais, mas não queria dar de mamar. Que dor insuportável e eu só me perguntava sobre as caras de paisagem que via as mulheres fazendo ao dar de mamar nos comerciais da TV. Como??
O Henrique golfava meu sangue. Passei a noite mordendo uma fralda, apertando o travesseiro, chorando e contando os minutos para tirar ele dali.
Por que ninguém me disse que podia ser tão ruim e doloroso? Minha mãe até falou sobre isso, mas não com a intensidade que deveria. Ninguém te fala o quanto pode ser difícil e você acaba se sentindo uma fraca, uma completa idiota.
Mas como ouvi a gravidez inteira, também ouvi no pós parto: Isso passa…. daqui a pouco melhora!
E passou. Hoje Henrique mama bem, não me contorço enquanto amamento (passou a ser algo natural) e eu passaria por tudo isso novamente!