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Sim, nós mães nos sentimos (muito) sozinhas no início

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O primeiro ano, especialmente os primeiros meses, de vida do bebê trazem um turbilhão de sentimentos novos à mamãe. Mas uma coisa que nem todo mundo imagina que a gente passa nesse período é por momentos intensos de solidão.

Se durante a gravidez visitas não faltavam, agora você se depara com um recém-nascido (e “só” ele) para cuidar o dia todo! As saídas com outros adultos vão diminuir e as conversas acabam fazendo falta (afinal de contas, o seu bebê ainda não consegue te responder!).

Caso você, futura ou nova mamãe, está passando por isso, o post de hoje pode te trazer um pouquinho de conforto. Nele eu divido com vocês a tradução de um texto originalmente publicado no portal Romper, em que uma mãe relata como é essa sensação de solidão durante o puerpério.

Tenho certeza que a leitura vai valer a pena. Confira:

mãe solitária
Photo Credit: icd10for Flickr via Compfight cc

 

Honestamente, se tornar mãe é tão solitário

Uma livre tradução do texto “Honestly, Being A New Mom Is So Lonely”, de autoria de Gemma Hartley e publicado no site Romper.

Quando você está grávida, todo mundo tem algum conselho para dar sobre como são os dias como pais de um recém-nascido. Todo mundo te diz como essa fase passa voando. Eles te encorajam a aproveitar cada segundo. Se você piscar, vai sentir falta. Mas ninguém te diz como as horas podem ser longas quando você não tem ninguém para conversar além do seu recém-nascido – que só fica te observando com os olhos arregalados e nem consegue te responder. Ninguém menciona o quão solitário é criar um recém-nascido, e essa é justamente a única coisa que eu gostaria que alguém tivesse me dito, assim pelo menos eu saberia que não estava sozinha ao me sentir sozinha.

Quando eu trouxe meu bebê para casa pela primeira vez, eu estava sentindo um monte de coisas: alegria, excitação, medo, pavor, mas um dos sentimentos mais constantes durante as primeiras semanas de maternidade foi a solidão.

Eu me formei na faculdade apenas uma semana antes de ter dado a luz. Eu trabalhava o dia todo em um local em que eu estava em contato constante com outras mulheres, gastando meu expediente dobrando roupas e falando sobre a vida. Eu estava acostumada a ter pessoas em volta de mim o tempo todo, e de repente eu estava o dia inteiro em casa, todo os dias com um recém-nascido, e eu não estava preparada para perceber o quanto eu gostaria de ter uma interação adulta novamente – ou quão pouco eu conseguiria uma.

Eu achei que os pedidos de visitas para me ver e ver meu filho começariam a chegar, mas depois da maratona de pessoas que vieram nos ver no hospital, e depois de alguns amigos que vieram em casa com comida e presentes, foi um silêncio total. Eu sei que meus amigos e minha família estavam tentando me dar espaço para eu me ajustar à maternidade, mas o que eu realmente precisava era de alguém para conversar ou sair para que eu pudesse me sentir eu mesma novamente. Eu me senti esquecida e abandonada.

Eu nem tive o meu marido para aliviar a solidão em criar o nosso recém-nascido. Quando ele chegava em casa, eu precisava de ajuda para acalmar o bebê e que ele ficasse “de plantão” para que eu pudesse tomar banho. Eu estava sempre tão cansada ao longo dos dias em cuidar do nosso recém-nascido que eu não conseguia pensar com clareza suficiente para falar com ele – e mesmo que eu estivesse com energia, eu sentia que não tinha nada para falar.

Meus dias eram dolorosamente iguais. Não havia nada de novo para relatar, nenhum cliente para reclamar, nenhuma realização acadêmica para compartilhar, como costumava ser. O máximo que eu poderia esperar era uma história de fralda selvagem para contar e, sinceramente, eu preferiria não ter nada a dizer a esse respeito.

Eu gostaria de ter sido mais preparada para a solidão da maternidade, ou pelo menos, de saber que depois ficaria mais fácil. Embora me ajustar para ficar com o meu recém-nascido em casa fosse difícil, eu tornei tudo ainda mais difícil para mim mesma não pedindo a única coisa que eu precisava: alguém para conversar.

Eu senti como se eu devesse ficar fechada para todos, porque é isso que você deve fazer quando tem um bebê. Você deveria ficar em casa criando um elo com o seu filho. Você deveria estar aproveitando cada momento. Mas a verdade é que fica chato olhar para o seu recém-nascido e falar com alguém que não pode te responder o dia todo, todos os dias.

É estranho se sentir sozinha quando você está constantemente amarrada com outro ser humano, mas a verdade é que é uma experiência solitária. Eu me senti tão isolada nesses primeiros meses que eu me peguei imaginando se eu tinha errado em me tornar mãe. Eu amava o meu bebê, mas eu não amava a vida que veio junto com ele, sendo uma mãe que fica em casa. Eu ansiava por interação e uma conversa adulta, e isso desapareceu de repente.

Felizmente, a maternidade se tornou muito menos solitária ao longo do tempo. Quando fiquei mais confiante de levar meu bebê para o mundo, consegui me reconectar com os amigos. E à medida que o meu bebê crescia, ele se tornava mais responsivo, tornando a maternidade muito mais gratificante. Manter os relacionamentos é muito mais difícil agora do que antes de ser mãe, mas vale a pena afastar a solidão que senti quando entrei na maternidade. Você precisa de uma aldeia para sobreviver a esta jornada, porque criar um recém-nascido é difícil, mas sentir-se como se estivesse sozinha é muito mais difícil.

Gemma Hartley é escritora freelancer e mãe de três filhos.

A solidão durante o puerpério já foi tema de um Conversa de Mãe, série de vídeos do canal do Macetes de Mãe (você nos acompanha por lá? Se não, inscreva-se agora!). Nele, eu compartilho o relato sincero de uma leitora sobre os efeitos dessa fase na vida da mulher – e, como nos contou Gemma nesse texto, a solidão é mais um deles! Confira:

 

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