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TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O que é o TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade? Sabemos que trata-se de um transtorno neurológico. Mas qual é a causa, quando e como se manifesta e como é feito o diagnóstico? Tem tratamento? Esse é um assunto que traz muitas dúvidas e muitas mamães me pedem para falar a respeito. Eu não poderia falar sem ajuda de um profissional especializado e que entendesse do assunto.

Por isso, é com muita alegria que compartilho com vocês que estamos com uma nova colunista, a Dra. Daniela Bariani, médica neurologista infantil. A Dani estreia no Macetes de Mãe falando sobre TDAH e esclarecendo muitas dúvidas a respeito. Confira!

O que é TDAH?

O TDAH é considerado hoje uma síndrome (denomina-se síndrome toda condição que se manifesta por um conjunto de sinais e sintomas) comportamental com bases neurológias. Isso significa que ocorrem alterações dos sistemas motores, perceptivos, cognitivos e do comportamento e que acomete indivíduos de inteligência normal. Acomete cerca de 6% das crianças e adolescentes, e aproximadamente metade delas levará o TDAH para a idade adulta.

A causa do TDAH é genética. Isso significa que, devido uma informação que já vem no DNA do indivíduo, a quantidade de neurotransmissores (substâncias químicas que fazem a conexão entre os neurônios, como dopamina, noradrenalina e serotonina) estão abaixo do esperado. Dessa forma, embora o cérebro esteja anatomicamente perfeito, seu funcionamento é alterado.

Leita também: TDAH – entenda o problema

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) pode se manifestar como desatenção apenas, como hiperatividade/impulsividade apenas ou como ambos combinados. Há maior prevalência da apresentação desatenta no sexo feminino e da apresentação hiperativa/impulsiva no sexo masculino. Na maioria das vezes, a apresentação desatenta leva mais tempo para ser diagnosticada, pois a criança apenas desatenta chama menos atenção dos pais e professores que a criança hiperativa/impulsiva, que corre, faz barulho, não fica sentada na carteira. Entretanto, os prejuízos sociais e acadêmicos do perfil desatento são tão importantes quanto do perfil hiperativo/impulsivo.

Como é o diagnóstico do TDAH

O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, é feito através da conversa com os pais, informações da escola, observação e exame neurológico da criança. A fim de tornar o diagnóstico menos subjetivo, criou-se critérios que a criança deve apresentar para receber este diagnóstico. Os critérios estão no DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais), criado pela Associação Americana de Psiquiatria. De acordo com o DSM-V, para se dar o diagnóstico de TDAH deve-se preencher todos os critérios de A a E:

– Critério A:

Lista de 18 sintomas, sendo 9 de desatenção, 6 de hiperatividade e 3 de impulsividade (estes dois últimos computados conjuntamente). O ponto-de-corte para o diagnóstico, isto é, o número de sintomas necessários para se fazer o diagnóstico, é de 6 de 9 de desatenção e/ou 6 de 9 de hiperatividade/impulsividade. Além disso, todos estes sintomas devem estar presentes há pelo menos 6 meses.

– Critério B:

O início dos sintomas se deu antes dos 12 anos de idade

– Critério C:

Há comprometimento em pelo menos duas áreas diferentes da vida do indivíduo (casa e escola, por exemplo)

– Critério D:

Há claro comprometimento na vida acadêmica, social, profissional

– Critério E:

Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante outro quadro (esquizofrenia, por exemplo) e não são mais bem explicados por outro transtorno (ansiedade e depressão, por exemplos).

Segue abaixo em tabela:

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Fonte da imagem: http://www.orlandopereira.com.br/clipping/TDAH_(DSM-V)_Criterios_diagnosticos_para_Transtorno_de_deficit_de_Atencao-Hiperatividade.pdf

Muitas vezes os pais têm dúvidas sobre diferenciar a falta de atenção ou uma criança mais inquieta de um problema mais sério como o TDAH. A diferença é: caso eles notem que os sintomas da criança já são duradouros, acontecem tanto em casa quanto na escola e claramente estão levando a um prejuízo social (dificuldade com amizades, exclusão do grupo, baixa auto-estima) ou acadêmico (queda do rendimento escolar), é hora de procurar o especialista.

Os critérios diagnósticos se tornaram um teste chamado SNAP-IV. Este teste é respondido pelos pais e professores e, caso a criança ou adolescente alcance a pontuação mínima, este é considerado uma triagem positiva para possível diagnóstico de TDAH. Segue teste abaixo:

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

O tratamento do TDAH inclui acompanhamento de psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia, esportes, reeducação familiar, a depender de cada caso. O objetivo das terapias é que paciente e família aprendam técnicas comportamentais e estratégias para lidar com o TDAH.

Em alguns casos está indicada a medicação. Há diversas opções, sendo os psicoestimulantes os mais utilizados (ex Ritalina, Concerta, Venvanse). Tais medicamentos devem ser prescritos pelo médico e são considerados seguros quando bem indicados.

Existem alguns mitos sobre o TDAH, que vale a pena esclarecer:

– a medicação “vicia”: diversos estudos já comprovaram que não ocorre vício.

– a criança com TDAH é menos inteligente: não é verdade. Quem tem TDAH tem capacidade intelectual absolutamente normal.

– a criança com TDAH é “preguiçosa” ou “mal-educada”: o TDAH é causado por um desequilíbrio químico em determinados locais no cérebro, responsáveis pela capacidade de atenção, concentração, foco, controle dos movimentos e impulsos. Está além da vontade do indivíduo.

Vale a pena ressaltar que o TDAH leva à prejuízos não só para a criança, mas para toda a família. O fato de os pais não saberem lidar com as dificuldades da criança e com seu comportamento causa um transtorno muito grande dentro de casa. A criança que não recebe o correto diagnóstico e tratamento pode evoluir com sérios prejuízos sociais (isolamento social, baixa auto-estima). E acadêmicos/profissionais (dificuldades de aprendizado, abandono dos estudos, instabilidade no emprego na vida adulta). Por outro lado, o tratamento da criança e da família com as orientações adequadas, devolve qualidade de vida para a família e devolve principalmente a auto-estima da criança e a certeza de que ela é sim capaz.

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