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Vacina de reforço, por que fazer?

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Hoje vamos falar de um assunto que não me canso e que acho muito importante: vacina de reforço. Por que a vacina de reforço, para crianças de 1 ano e 3 meses, 1 ano e 6 meses e maiores, é tão importante? Para entendermos isso, é essencial conhecer a história das vacinas.

E para contextualizar  o surgimento das vacinas e explicar a importância da vacina de reforço, nada melhor que uma especialista no assunto. É com esse tema, que a Dra. Mariana Oliveira, pediatra, mestre em “ensino e saúde”, estreia sua coluna aqui no MdM. Confira!

Vacina de reforço: por que fazer?

Entre abril e maio/2019 acontece no Brasil a Campanha Nacional de Imunização contra o Influenza, para grupos de risco específicos, entre os quais crianças de até 6 anos incompletos (5 anos, 11 meses, 29 dias). Nessas situações, é comum o questionamento: devo ou não vacinar os meus filhos? Essa questão surge principalmente, quando falamos das vacinas de reforço, para crianças de 1 ano e 3 meses, 1 ano e 6 meses, e maiores.

Contextualizando: surgimento das vacinas

Para contextualizar, vamos falar um pouquinho de como surgiram às vacinas. A primeira vacina de que se tem registro surgiu a partir dos estudos do médico inglês Edward Jenner no século 18. Na época, era bastante prevalente a doença conhecida como varíola, a qual era extremamente grave e devastadora, com uma mortalidade muito alta.

Essa doença é transmitida por um vírus e dá sintomas de febre, calafrios, mal estar, lesões de pele, sendo altamente contagiosa. Edward Jenner observou que pessoas que ordenhavam vacas não eram acometidas por essa doença. A partir daí, com muitos estudos e experiências, ele demonstrou que, ao inocular uma secreção de alguém com a doença em outra pessoa saudável, esta se tornava imune à doença em si, ou desenvolvia sintomas muito mais fracos. Com isso, foi possível o inicio do desenvolvimento das vacinas contra várias outras doenças, a partir do mesmo raciocínio.

E qual é esse raciocínio?

Como funciona a vacina?

O que ocorre é que as vacinas funcionam estimulando o sistema imunológico. Quando são aplicadas, elas introduzem vírus ou bactérias inativas no organismo (são chamados “alergénos”). Sendo que esses serão reconhecidos pela pessoa que tomou a vacina e produzirão os chamados anticorpos que evitam as doenças causadas pelos respectivos micro-organismos. Essa produção de anticorpos ocorre naturalmente no nosso corpo quando pegamos doenças.

As vacinas são tão importantes que, graças a elas, várias doenças foram erradicadas mundialmente, como varíola, e várias foram erradicadas no Brasil, como por exemplo, a poliomielite (paralisia infantil) e como também era o caso do sarampo até bem recentemente.

Vamos trazer essa discussão para mais perto agora. No Brasil, existe o Programa Nacional de Imunização, com vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde, sem nenhum custo adicional além do que já pagamos com os nossos impostos. Nesse Programa, existem vacinas recomendadas para diferentes faixas etárias. Como bebês, crianças, adolescentes, idosos, além de populações de risco, como profissionais de saúde e pessoas com diversos tipos de doenças e de condições de base.

E como são escolhidas quais vacinas fazem parte desse Programa?

A partir de muito estudo dos órgãos competentes, como Ministério da Saúde e Anvisa, que tem dados sobre as doenças de maior risco na nossa população e também sobre a segurança das vacinas, e com o apoio de muitos profissionais altamente capacitados das áreas de saúde coletiva, epidemiologia, infectologia, pediatria, e outras. Por isso que frequentemente vemos mudanças no calendário vacinal, com a introdução dessa ou daquela vacina, com mudanças também de quais laboratórios produzem as vacinas, por exemplo.

E por que tem vacina que devo dar uma vez, outras que devo dar mais vezes?

Isso depende do tipo de doença que queremos prevenir, e da “potência” de cada vacina, ou seja, da capacidade que elas tem de estimular o sistema imunológico da pessoa. Vamos usar como exemplo as vacinas que devem ser aplicadas, de acordo com o calendário vacinal mais recente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), às crianças de 1 ano e 3 meses (15 meses) que são: DTP, Hib, VIP/VOP. Que siglas estranhas! Vamos com calma que explicarei tudo.

  • DTP: tem esse nome porque previne as doenças difteria, tétano, pertussis (coqueluche). O esquema é de 5 doses, aos 2, 4 e 6 meses com reforço aos 15 meses. Um segundo reforço deve ser aplicado entre quatro e seis anos de idade.
  • Hib: previne contra uma bactéria chamada Haemophilus influenza tipo B, que pode causar, entre outras doenças, pneumonia e meningite. A vacina é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade. Atualmente, pode ser dada de forma combinada com outras vacinas.
  • VIP/VOP: contra o vírus da poliomielite, que é dada na forma injetável (VIP) ou oral (VOP), sendo atualmente três doses iniciais de VIP (2, 4 e 6 meses de idade) seguidas de duas doses de VOP (15 meses e 4 anos de idade).

A criança só estará totalmente prevenida se receber todas essas doses indicadas. Caso não receba as doses de reforço, não é possível garantir que seu sistema imunológico produziu anticorpos suficientes para protege-la caso entre em contato com o micro-organismo causador das doenças acima.

Ah mas e os efeitos colaterais? Vale a pena correr o risco, ainda mais se algumas são vacinas contra doenças que nem existem mais?

Aqui que está o ponto principal de toda essa discussão. Efeitos colaterais podem ocorrer sim, mas os principais são, por exemplo, dor e inchaço no local da aplicação, febre por até 3 dias após a vacina, indisposição e dor no corpo. Efeitos graves são raríssimos, sendo inclusive de notificação obrigatória às autoridades competentes, para considerar inclusive o não uso de lotes inteiros de vacina. É muito mais alta a chance de uma criança adquirir uma meningite grave, por exemplo, que possa precisar de internação hospitalar, UTI, e que pode apresentar sequelas, do que a chance de apresentar um efeito colateral grave a uma vacina, como, por exemplo, uma paralisia transitória, para citar uma situação teoricamente possível, mas muito rara.

Em relação às doenças erradicadas, isso só aconteceu porque praticamente toda a população foi vacinada. Porque o vírus ou bactéria que causa determinada doença pode ficar “adormecido” em alguém e, mesmo muitas vezes não causando nada nessa pessoa que chamamos “hospedeiro”, pode ser transmitido a outras pessoas e causar inclusive grandes epidemias. Para as doenças serem erradicadas, os germes que as causam não podem circular entre as pessoas e, para conseguir isso, só vacinando o maior número de pessoas possível.

ATENÇÃO! Casos individuais devem ser discutidos com o seu pediatra! Existem muitas vacinas, muitos efeitos colaterais possíveis e crianças com diferentes histórias e condições clinicas. Tudo isso deve ser avaliado e isso só pode ser feito no consultório do pediatra!

Para mais informações, sugerimos um vídeo para complementar: “Devo vacina ou não?” Qualquer dúvida que ficou, deixe nos comentários! Sabemos que é um assunto complexo que dá muito “pano pra manga”! Obrigada, e até breve!

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