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Você quer um tamborzinho?

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Na coluna de hoje, trago o texto da Nathália Alves do blog Repertório de Mãe. É um texto que fala sobre os limites que devemos dar aos nossos filhos quando ainda são bem pequenos.

Vem cá conferir!

Você quer um tamborzinho?

Aqui em casa quando alguém começa a batucar com o garfo na mesa durante o jantar, é comum vir a pergunta:

– Você quer um tamborzinho?

Virou piada depois que vivi uma cena na farmácia.

Eu estava na fila do caixa já com meu remédio para enxaqueca na cestinha. Talvez houvesse umas seis pessoas à minha frente. Durante a espera pensava o quanto tudo demora muito mais quando a gente está com pressa ou com dor, mas como o medicamento era urgente, respirei fundo e tentei relaxar. Seria o quê? Uns cinco minutos aguardando a minha vez? Não poderia ser tão ruim.

Mal concluí o raciocínio, quando passou correndo por mim um furacão-mirim de uns três anos de idade, adentrando o corredor dos sabonetes.

A mãe, que estava um pouco à frente na fila, não moveu um músculo sequer mesmo notando o ziguezague desenfreado do menino. Não apenas isso como praticamente se colocou de costas para o que acontecia naquele instante com os shampoos na prateleira. Simplesmente a admirei:

– Uau! Que autocontrole! Quando eu crescer, quero ser tranquila como ela – enquanto recordava o meu estresse ao soltar minha filha pequena em lojas cheias de coisas para mexer ou quebrar.

A essa altura o garoto já havia derrubado vários outros produtos. Alguns ele colocava de volta no lugar, mas a maioria ia ficando pelo chão. Todos olhavam para o pequeno tufão e em seguida para a responsável, como num movimento quase automático na expectativa de alguma atitude.

Finalmente uma voz bem calma, suave e baixinha solicita:

– Filho, para…

Ele gargalhava enquanto prosseguia com o show, sempre olhando firme para a mãe que, do mesmíssimo lugar, continuava a “chamar sua atenção” com o imperceptível:

– Filho, para… – tendo um olho no menino e outro no celular.

Acho que todo mundo já presenciou uma situação como essa quando a gente não consegue compreender bem o que a genética é capaz de produzir. Como pode um menino endiabrado ter o mesmo sangue daquela calma toda em forma de genitora?  

É nessa hora que devemos livrar a genética disso. É o ambiente que faz a criança, minha gente, ou pelo menos, boa parte dela. Ninguém nasce “terrível”. É pelo simples fato desta mãe ser tão “tranquila”, sem o menor pulso, que o menino é tão desobediente aos quase três anos de idade, ué! Eu não quero estar nesta farmácia quando ele tiver oito. Às vezes tranquilidade e passividade se confundem mesmo!

De repente, o conteúdo da “bronca” mudou um pouco, mesmo vindo naquele tom elegante de voz:

– Gabriel, vem aqui, filho…

Ele veio bem equipado. Trouxe, com certa dificuldade, um balde enorme de lenço umedecido e duas escovas de cabelo. Sentou no chão ao lado da mãe na fila e, como se não houvesse amanhã, começou a bater forte e descompassado. Como ela permanecia indiferente com o interessantíssimo celular em mãos, o volume do desagradável barulho foi aumentando à mesma medida que aumentava a minha dor de cabeça.

A fila finalmente andara um pouco, e eu não via a hora de sumir dali. Não fosse tão indispensável, eu já teria abandonado o local, não só pelo Aprendiz de Timbalada, mas também pela lentidão do atendimento.

– Filho, para… – ela sussurrava, fixada no smartphone.

As pessoas estavam claramente incomodadas (eu, um pouco mais devido à enxaqueca, claro. Minha mente publicitária me distraía insistindo que eu era sim a protagonista de um comercial de analgésico), foi quando um simpático senhor sugeriu à apática mulher:

– Compra um tamborzinho pra ele, moça!

Todos seguraram o riso, ela sorriu amarelo e ordenou que o moleque recolhesse tudo, o que, obviamente não aconteceu. Foi preciso ela largar a fila para reerguer os corredores do estabelecimento.

Não tenho a pretensão de trazer uma fórmula secreta para pais se fazerem convencer, afinal cada um tem seu jeitinho: um olhar mortal ou o clássico “vou contar até 3”, não importa desde que traga o significado imediato de “fim da linha”. Um combinado que deve ser feito antes, em casa, num momento em que a escuta do pequeno esteja bem generosa.

“Criança é assim mesmo” e (quase) todo mundo tolera isso. Criança precisa brincar e isso é sim muito saudável. E tão essencial quanto a brincadeira é o precoce aprendizado de onde pode e de onde não pode brincar. Criança testa a paciência da gente, chama a nossa atenção em qualquer lugar, já é sabido. E mesmo com tudo isso, ela ainda assim pode ser EDUCADA e reconhecer a existência de limites, a fim de que se torne um adulto sociável. “Não mime o seu filho. Um dia ele poderá ser o chefe de alguém.” Quem discorda deste CONCEITO que criei a duras penas?

Enquanto o ditado diz: “É de pequenino que se torce o pepino”, eu recomendo: “Um tamborzinho no quintal, nada mal”.

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