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Hora de voltar a cuidar da gente

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mãe relaxandoQuando um bebê nasce, a dedicação é completa. No início, eles precisam 100% de nós. Mal e mal temos tempo para comer, tomar um banho quente, fazer uma refeição decente. Mas depois dessa correria insana dos primeiros dias, quando é que nós, mães, voltamos a pensar em nós, a nos cuidar, a fazer coisas simples e básicas, necessárias e que nos dão prazer?

Isso depende muito. Varia de mulher para mulher e de situação para situação, pois nem todas as crianças dão trabalho na mesma intensidade. Algumas mães, uma semana depois que o filhote nasceu, já estão fazendo as unhas e dando um trato mínimo no visual (eu só consegui quando o Leo tinha dois meses e porque eu tinha o casamento de uma amiga para ir), já outras, como eu podem levar quase dois anos para retomar um pouco da antiga vida (e falo um pouco, porque retomá-la na sua totalidade, depois da chegada de um filho, é bem difícil. A vida é outra.).

Antes do Leo nascer, eu lia de quatro a cinco livros por mês (e só gostava de livros enormes), caminhava ou corria pelo menos cinco dias por semana, me alimentava muito bem e sempre achava tempo sair com meu marido, para encontrar minhas amigas, ir ao cinema, passear ou fazer um monte de outras coisas que sempre amei. Mas aí ele chegou e tudo virou de pernas para o ar.

Até o Leo ter três meses, eu mal e mal comia. Ele passava o dia chorando e eu correndo atrás do rabo para dar conta daquela rotina quase insana que vocês bem conhecem. Do terceiro ao sexto mês as coisas melhoraram, pois começamos a tratar a sua APLV, mas mesmo assim minha vida ainda era um caos (Leo ainda dava muito trabalho para mamar e isso atrapalhava toda a rotina). Após o sexto mês ele estava melhorzinho, mas aí começou o desafio da introdução de sólidos e a cada novo alimento era uma nova reação. Com nove meses as coisas pareciam estar entrando nos eixos, com ele indo para a escolinha e eu tendo algumas horas de tempo livre, mas aí tivemos que tirá-lo da escola (crise na sua APLV) e nos adaptar à uma rotina com babá (sim, eu me dei por vencida e me convenci que precisava de ajuda). Tudo isso sem contar que, até um aninho, o Leo acordava toda santa noite. Sendo que em algumas noites chegava a acordar seis, sete, oito vezes. Isso mesmo! Oito vezes!

Por fim, quando meu pequeno fez um aninho, as coisas começaram mesmo a entrar nos eixos. Ele começou a dormir a noite toda (de uma hora para a outra, como que por milagre), já estava adaptado à babá e eu passei a ter um pouco de tempo “livre”.

Quer dizer, eu achei que teria. Essa é a verdade. Assim que eu consegui cortar um pouco do cordão umbilical que me ligava ao Leo e ter um pouco de tempo para mim, eu me entreguei de corpo e alma ao Macetes de Mãe. Enquanto não estava com o Leo (mesmo tendo babá, eu ficava muitas horas do dia com ele), eu estava pesquisando e escrevendo para o blog, buscando inspirações para a fanpage, respondendo emails e comentários das leitoras e por aí afora.

Saí de uma entrega total para me dividir em duas entregas de 50 / 50. Metade do tempo eu era dedicada ao Leo. A outra metade ao Macetes de Mãe. E, ainda, aos finais de semana,  havia todos os cuidados com o marido que, coitado, também acabava ficando em terceiro plano (meu marido trabalha de segunda a quinta em outra cidade, então, só nos vemos no final de semana mesmo). Mas e eu, onde entrava EU nessa história? A verdade é que não entrava. Eu me abandonei.

Eu não lia mais (só livros relativos à maternidade), não praticava exercícios físicos, não me alimentava como deveria. Eu tinha engordado, tinha deixado de cuidar da minha aparência (estava com uma queda absurda de cabelo e com a pele péssima) e vivia de mau humor. Essa é a verdade. Era assim que eu estava.

Por quase dois anos, fiquei desse jeito. Não estava em segundo, terceiro ou quarto planos na minha própria vida. Estava no décimo, eu acho. Até que um dia, há pouco tempo (um mês atrás, mais ou menos), resolvi dar um basta.

Passei um ano da minha vida 100% entregue ao Leo. Depois mais um ano me dividindo entre o Leo e o blog. E agora estava pronta para iniciar um terceiro ano onde essas duas coisas iriam se equilibrar com uma terceira: EU MESMA.

Há quase um mês iniciei o processo de mudança. Comecei a cuidar da minha alimentação (e já perdi 2kg), voltei a correr, voltei a ler (livros que não são de maternidade), estou me dando o direito de ter mais tempo livre, recobrei a minha vaidade (me arrumo mais para sair, ou até para ficar em casa, comprei algumas coisas que namorava há tempos e outros mimos…) e tenho buscado fazer mais coisas que gosto e que estavam abandonadas: sair sozinha com o marido, encontrar mais frequentemente amigas queridas, ir ao cinema ou simplesmente esticar as pernas e respirar.

Hoje olho para trás, analiso essa experiência forte e intensa que é a maternidade e chego a uma conclusão muito clara: a maternidade é uma entrega extrema, total e absoluta. Pelo menos para boa parte de nós. E se não tomarmos cuidado com esse sentimento tão colossal e que, muitas vezes se basta por si próprio (amamos em demasia nos doar a quem amamos) corremos o risco de sermos afogadas ou anuladas pela vida de mãe.

Eu sempre fui independente, sempre fui ativa, sempre gostei de me cuidar (sem ser exagerada) e de me agradar. E onde foi parar essa eu por quase dois anos? Ela ficou escondida, ofuscada por uma Shirley mãe que se bastava, porque essa entrega completa também é prazerosa.

Mas chegou uma hora que a Shirley de antes da maternidade começou a clamar por ar, a pedir para voltar à tona e à cena e eu, com muito prazer, estou trazendo-a de volta.

Tenho certeza que a Shirley de antes não estará aqui complementamente nunca mais, isso porque ela não existe mais da forma que era. Ela cresceu, amadureceu e deixou algumas características para trás. Mas a sua essência continua a mesma e agora, quase dois anos depois, está pronta para voltar a viver de novo.

O que quero dizer com toda essa história e com esse texto enorme é o seguinte: uma hora você vai sentir vontade, necessidade, de cuidar de você mesma de novo. Se antes de você sentir isso alguém lhe falar isso, você irá se sentir mortalmente ferida (imagine alguém dizendo: “Amiga, está na hora de você voltar a se cuidar!”. Pra matar, né!), mas na hora que você perceber essa necessidade de verdade, vai mover montanhas para fazer as coisas acontecerem.

Em breve, trarei novos posts sobre o assunto. Sobre esse momento de retomarmos um pouco a nossa eu de antes, sobre a necessidade de voltarmos a cuidar de nós. Vou trazer dicas e compartilhar a minha experiência dessa nova fase e espero que tanto esse quanto os demais posts que virão as ajudem a voltar a olhar um pouco para dentro de vocês.

Nós merecemos e nossos filhos e companheiros também merecem ter mães completas.

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