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Obesidade e gravidez

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Obesidade na gravidez é um sinal de alerta, pois pode afetar tanto a saúde da gestante como a do bebê. Por isso, alguns médicos indicam para quem está planejando engravidar, atingir um peso saudável. Inclusive, a obesidade pode causar até dificuldades para engravidar.

Para entender melhor sobre obesidade e gravidez, fique de olho neste post. Quem fala deste assunto sério, é o nosso colunista, o ginecologista Dr. Marcelo Marinho. Confira!

Obesidade e Gravidez

*Por Marcelo Marinho

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é reconhecida como uma doença em que o excesso de gorduras anormalmente acumuladas pode afetar a saúde. É notório que a prevalência da obesidade vem aumentando nos últimos anos em todo o mundo em vários países da Europa, como também nos Estados Unidos da América, onde o fenômeno já é conhecido há mais tempo.

Além de sua conhecida interferência direta na fertilidade de homens e mulheres, a obesidade na gestação é causa insofismável do aumento do risco de complicações maternas e fetais. É considerado um fator modificável, principalmente se corrigido antes da gestação. Estima-se que os custos econômicos da obesidade nos países desenvolvidos possam representar de 2 a 7% dos custos em saúde. Nesse contexto, os custos com gestantes obesas são consideravelmente maiores do que as gestantes não-obesas. A obesidade é definida quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) é superior à 30 kg/m², representando um grave problema de ordem médica e social, demonstrado por diversos estudos que associam o IMC pré-gestacional elevado e diversas complicações maternas e fetais.

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Dentre as complicações maternas, fetais e neonatais em curto e longo prazo, destacam-se:

Maternas – hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, trabalhos de parto vaginais mais prolongados, maiores índices de partos cesáreos, hemorragia pós-parto, infecção, doenças tromboembólicas e taxas mais elevadas de mortalidade materna. À longo prazo, destacam-se maiores chances de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial.

Fetais – Macrossomia (grande para a idade gestacional), maiores necessidades de cuidados intensivos ao nascer, maiores taxas de mortalidade fetal e neonatal. À longo prazo, obesidade infantil e diabetes mellitus.

Assim, a obesidade é encarada como uma doença capaz de afetar diretamente tanto a mãe como seu filho. Pode, inclusive, ser causa de alterações clínicas futuras, o que também representa impacto direto à nível de saúde pública. Segundo a Associação Americana de Obstetrícia, pequenas reduções de peso antes da gravidez, entre 5 e 10%, pode representar melhora nos resultados clínicos e obstétricos. Do ponto de vista de acompanhamento obstétrico, é mais fácil perder peso antes de engravidar. Pois durante a gestação, a mãe precisa de consumo crescente de calorias, não sendo recomendado restringir de modo intenso a ingesta de nutrientes.

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De todo modo, gestantes obesas devem ser orientadas com dieta personalizada definida por um nutricionista, para identificar carências nutricionais e os limites diários de calorias, assim como os momentos de elevação do aporte calórico, particularmente no 2º e 3º trimestres. Igualmente, os exercícios físicos específicos para gestantes devem ser estimulados com orientação profissional. Eles são importantes para a manutenção e controle do peso e da pressão arterial, sendo as gestantes sedentárias bastante beneficiadas pelas atividades de pouco impacto, como a hidroginástica.

Finalmente, o parto deve ser uma indicação obstétrica. Caso não haja fatores que elevem os riscos para a mãe e o bebê, como a macrossomia fetal, por exemplo, o parto normal, vaginal, deve ser estimulado, seguindo a gravidez seu curso natural.

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