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Sobre o desmame do Caê

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Essa semana, publiquei um post no qual comparava a amamentação do Leo e a amamentação do Caê e no qual, também, eu comentava que o Caê desmamou quando completou 1 ano. Quando leram essa informação, muitas mães ficaram curiosas e entraram em contato comigo para saber como foi o desmame do Caê, de que forma ele foi conduzido, e quais as dicas que eu tenho para dar sobre esse assunto.

E assim, aqui estou eu, escrevendo esse post para falar um pouco sobre tudo isso.

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Foto Line Sena

Vou começar contando desde o princípio, para vocês entenderem como chegamos ao fim dessa história.

Eu amamentei exclusivamente o Caê até 5 meses. Nesse período, introduzi os sólidos. Quando ele fez 6 meses, passei a tentar oferecer para ele mamadeira (até então ele nunca tinha tomado), pois eu morria de medo de precisar me ausentar por um período maior e o meu pequeno ficar sem mamar (eu era assombrada pela ideia do Leo ter alguma coisa, eu ter que ficar com ele no hospital por alguns dias e aí o Caê não ter como mamar. Acho que passei a sentir esse medo porque, quando o Caê tinha 3 meses, ele ficou internado e aí fiquei longe do Leo por três dias). Enfim, tinha esse receio e, nesse momento, passei a oferecer mamadeira para ele.

Mas Caê não aceitava mamadeira de jeito nenhum. Nem para tomar meu leite, nem para tomar fórmula, nem para tomar suco, nem para tomar água. Nada!

Eu experimentei um modelo de mamadeira específico e, quando vi que não tinha jeito, parti para outro. Nada do pequeno aceitar. Tentei algumas vezes com o meu leite e nada também. Aí passei a experimentar diferentes fórmulas. Nada! Ele não pegava.

Com o tempo, ele foi aceitando tomar água na mamadeira e, conforme íamos insistindo, ele ia tomando um pouquinho mais. Mas o leite, não tinha jeito.

Como eu realmente queria ter a segurança que o Caê aceitaria mamadeira para o caso de uma eventualidade em que eu tivesse que ficar ausente, eu insisti. Testei várias fórmulas diferentes, com a indicação do pediatra, e escolhi a que ele demonstrou aceitar melhor. Isso ele já estava com uns 10 meses. E aí, segui insistindo nessa fórmula. Todos os dias, eu preparava 30 ou 60mls, dava para ele, e aceitava o quanto ele quisesse tomar. Em seguida, dava o peito. (Fiz isso por indicação de uma amiga que desmamou a filha quando precisou voltar a trabalhar. Ela disse que dava o leite para a filha na mamadeira e não se frustrava se ela tomava só 10 ou 20mls. Assim como a papinha, que começou com uma colher e que depois a filha comia um pratinho cheio, ela acreditava que o mesmo aconteceria com a mamadeira. E foi o que aconteceu. Nos primeiros dias, eram poucos mls, mas em um mês a filha dela estava tomando 180mls de leite).

Bom, mas voltando à minha história… No dia 23 de janeiro, mais ou menos uns 20 dias antes do Caê completar 1 ano, fomos no casamento do meu cunhado. Nessa noite, por estar com um vestido que não me permitia amamentar, eu não amamentei o Caê e pedi para a pessoa que estava me ajudando a cuidar dos meninos nessa noite dar para o Caê mamadeira. Como ele estava há algumas horas sem comer ou mamar (era umas 22h, mais ou menos) ele tomou 120mls de leite, que foi o máximo que ele havia tomado até então. Nessa noite, essa pessoa dormiu aqui em casa e pedi que durante a noite, quando o Caê acordasse para mamar, ela oferecesse a mamadeira (eu queria ter algumas horas de sono depois de quase 1 ano sem dormir uma noite inteira). Ele mamou, não muito, mas mamou e passou bem a noite toda.

O problema fui eu. Meus peitos pareciam explodir na hora que chegamos em casa. Tive que tirar leite às 3h da manhã e, depois, de novo às 7h (e eu querendo dormir algumas horas. Ahahaha!) Eu não conseguia dormir de tanta dor por meus peitos estarem cheios e nesse momento me perguntei como seria quando eu desmamasse o Caê. Imaginei que seria bastante difícil para mim.

E então, eu decidi que começaria a substituir algumas mamadas por mamadeira, para ver se ele aceitava e, também, para o meu corpo já ir acostumando.

Num dia substituí a mamada do início da tarde, dois dias depois substituí de novo. Depois substituí a primeira mamada do dia, alguns dias depois substituí duas mamadas e assim fui indo.

Eu não tinha uma data clara para o desmame do Caê, nada foi muito planejado, eu ia conforme o ritmo de aceitação dele. Mas quando percebi, vi que estávamos nos encaminhando para um desmame próximo da data dele completar 1 aninho.

Então, viajamos para passar o carnaval na praia e o aniversário do Caê caiu bem no meio do carnaval. Um pouco antes de viajarmos, eu decidi que tentaria desmamar o Caê nesses dias que a gente estaria fora, que seria exatamente quando ele faria 1 ano, mas que também iria respeitar a vontade do meu pequeno. Se ele não quisesse a mamadeira e pedisse o peito, eu daria.

E assim foi. Nessa nossa viagem, eu fui dando mais mamaderia do que peito até que, no dia 08 de janeiro, dia que o Caê completou 1 aninho, eu acordei, amamentei-o e pensei: essa será a sua última mamada no meu peito. Aproveitei aquele momento, curti, gravei na memória e, depois disso, o Caê não mamou mais. E também não pediu mais o peito. Tudo bem tranquilo, sem dificuldades para mim ou para ele.

A partir desse dia, ele passou a tomar somente mamadeira.

Até hoje, ele não é um bebê que mama muito na mamadeira (mama 150ml e, antes de dormir, à noite, 180), mas também não pede o peito.

O que eu senti quando fiz o desmame definitivo dele foi que nós dois estávamos prontos para isso. Eu porque não fiquei com o meu peito explodindo de leite quando ele começou a deixar de mamar (diferente do que havia acontecido na noite de 23 de janeiro) e ele porque nunca mais pediu o peito e passou a aceitar a mamadeira na boa.

Se eu estou feliz com a minha experiência da amamentação do Caê? Estou sim. E muito! Sinto-me realizada por ter amamentado o Caê até ele completar 1 ano. E por que um ano? Porque senti que essa era a nossa hora. Simples assim. Sem pressão social, sem pressão da família, sem pressão de ninguém. Seguindo o meu coração e o que o Caê me mostrava.

E o que eu tenho a dizer para as mães que estão tentando desmamar seus filhos:

1: que o desmame deve partir de um desejo da mãe e da criança. Ele não deve ser imposto. Sempre lembrando que a OMS orienta a amamentação exclusiva até 6 meses e complementar (junto com outros alimentos) até, no mínimo, 2 anos de idade. Ou seja, não há pressa para você desmamar. Quanto mais seu filho mamar, melhor para a saúde dele. Eu decidi desmamar com 1 ano porque senti que era a nossa hora.

2: se você sente que é a hora de desmamar seu filho ou se você precisa desmamá-lo por algum motivo, a minha dica é insistir sem obrigar, sem forçar a barra. Ir oferecendo leite aos poucos, deixando a criança mamar o quanto ela quiser. Assim, ela acostuma com o novo sabor, o novo acessório (mamadeira ou copinho), e uma hora aceita de vez. Mas nunca obrigando a criança a largar o peito de vez, mentindo que o peito está “dodói”, cortando abruptamente de uma hora para a outra. Não acho isso bacana.

3: que tem que ter paciência e sentir que é a hora. Basear-se no instinto materno. Ouvir aquela voz que diz: “chegou a nossa hora”. Como eu comentei, eu não sabia quando iria desmamar o Caê. Não tinha uma meta definida de idade para isso. Na verdade, quando estava em depressão pós parto eu havia pensando em desmamá-lo e conversei sobre isso com a  psiquiatra com quem estava me tratando. Ela foi contra desmamar naquele momento. E foi categórica em dizer: você tem que desmamar seu filho num momento que estiver bem. O desmame, assim como a amamentação, deve ser um processo tranquilo – e até prazeroso, por que não? – para vocês dois. E então, eu a ouvi. Desisti de desmamar o Caê naquele momento difícil da minha vida e resolvi esperar um momento que a minha intuição dissesse que era a hora. O que aconteceu há alguns dias.

4: por fim, quero voltar a dizer: quanto mais tempo seu filho for amamentado, melhor para a saúde dele. EU achei que 1 ano era tempo suficiente para nós dois, achei que era a MINHA hora de parar, mas se você quiser amamentar até 2, 3, 4 anos, essa é uma decisão sua. Não se deixe influenciar pela pressão social, pressão da família, ou de quem quer que seja para interromper a amamentação. Amamentar é um ato maravilhoso, amamentar é saudável, amamentar é vida. Para desmamar seu filho, respeite a hora de vocês dois e esqueça a opinião alheia.

 

 

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