O bebê nasce, durante alguns dias mama o famoso colostro, depois o leite desce e ele é amamentado por meses e meses, dividindo com a babona mamãe momentos de puro deleite. Certo? Errado! Nem sempre as coisas acontecem dessa forma.
Infelizmente, eu fui uma das contempladas, e passei alguns perrengues para conseguir amamentar o meu filhote, o que me deixou sem chão logo que cheguei da maternidade.
Desde que nasceu, o Léo era preguiçoso para mamar. Pegava meu peito, sugava um pouco e segundos depois largava. E aí começou a estratégia de guerra, primeiro com táticas simplesinhas (fazer cócegas na bochecha, no queixo, na mãozinha ou nos pezinhos…), depois com manobras mais complexas (ir despindo o bebê até ele ficar só de fraldas). Mas nada disso funcionava, o Léo continuava ficando alguns segundos preso ao meu peito e logo depois largava, pois havia adormecido.
Eu achei que isso fosse porque eu tinha apenas o colostro e que tudo mudaria quando o leite descesse. Ledo engano!
Cheguei em casa três dias depois do Léo nascer e, para completar o quadro de desespero total, meu leite ainda levou mais um dia para descer. Ele resolveu aparecer só no final do quarto dia e, até lá, eu já tinha deixado de raciocinar normalmente, abalada e desesperada por essa triste realidade que eu sequer imaginava existir.
Para evitar que meu filho morresse de fome (ou pelo menos de tanto gritar), fui orientada pela pediatra a dar complemento (leite em pó) e isso acabou comigo. Eu ficava me perguntando por que meu filho não pegava meu peito e fiz as mais inusitadas suposições. Ainda, fui orientada pela pediatra a recorrer à uma consultora de amamentação e claro que eu o fiz, afinal, se ela me dissesse que passar a noite em cima de uma árvore faria meu filho pegar meu peito eu teria subido na primeira que avistasse.
No sexto dia de vida do Léo a tal consultora veio até nossa casa. Ela passou a tarde aqui e tentamos de tudo para o Léo pegar o meu peito (sim, porque a essa altura do campeonato ele já nem queria mais pegá-lo, muito menos ficar preso a ele): tentamos várias posições de amamentação (normal, invertida, sentada, deitada), tentamos usar sobre o mamilo não um, mas dois modelos de bico de silicone, tentamos mudar de ambiente. Só não tentamos mandar rezar uma missa. Nada adiantava e eu ficava cada vez mais desesperada. Eu queria, e muito, amamentar no peito, só pensava nisso.
Antes de ir embora, a consultora comentou que havia uma última alternativa, que poderia ser tentada caso eu encontrasse à venda o tal apetrecho que ela iria me indicar: uma sonda de amamentação chamada Mamatutti para tentarmos uma técnica chamada translactação.
Pois, no dia seguinte, assim que acordei, iniciei a caça à tal sondinha. Recorri todos os pontos de venda do produto em São Paulo e consegui encontrar em uma única loja. Comprei e comecei a rezar para funcionar.
O funcionamento da sondinha Mamatutti é simples: é um tubinho que se prende dentro do soutien mesmo e do qual sai um caninho descartável. Uma das pontas do caninho fica dentro desse tubo e a outra é colocada junto ao bico do peito. Assim, quando o bebê suga o bico ele também puxa o leite que está dentro da sondinha.
Esse artíficio é utilizado por mulheres que adotam bebês e, mesmo não tendo leite, tem o desejo de dar de mamar no peito. No meu caso, foi utilizado para “enganar” meu bebê e fazer com que ele achasse que o leite estava saindo do meu peito e, assim, fazê-lo se fixar ao peito e sugar cada vez mais, estimulando a produção do leite e assim aumentando o seu interesse por mamar.
Fizemos o teste e funcionou! Usei a sondinha por aproximadamente 10 dias e consegui o resultado esperado: o Léo passou a pegar o meu peito e a ficar acordado enquanto mamava. Esse estímulo produziu mais leite e ele acostumou-se, cada vez mais, a mamar no peito.
Hoje, quase um mês após o nascimento do Léo, o amamento dando o peito e complementando com mamadeira (o Léo mama 40 minutos no peito e eu dou a “sobremesa” na mamadeira.). Infelizmente, não tenho leite suficiente para dar só o peito, mas pelo menos consegui reverter o quadro inicial que seria de amamentação exclusivamente via mamadeira.
Eu usei e super indico essa sondinha. Ela é uma ótima alternativa para bebês “preguiçosos” acostumarem-se com o peito mesmo quando este não tem volume ou fluxo de leite significativo.
Infelizmente, como o seu funcionamento não é totalmente prático (às vezes é difícil o bebê pegar o bico do peito e o caninho juntos ou então encaixar o caninho dentro da boca dele depois que ele já estiver no peito), acabei optando por abandoná-la assim que percebi que o Léo já estava pegando meu peito e ficando acordado nele por mais tempo. Mas se você estiver passando por um problema parecido com o meu, vale a pena experimentar essa alternativa. Não é um método caro (a sonda sai por R$ 13,00 e a caixa com 10 tubos extensores por R$ 14,00, em média) e é uma forma de se manter o bebê conectado ao peito da mãe em situações nas quais isso não seria possível.
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Sondinha Mamatutti – um método simples que garante a amamentação no peito. Imagem: http://abcdaamamentacao.blogspot.com.br |
Assista esse vídeo, no Canal MdM, com dicas de posições para amamentar: