Categorias: bem estar | Viagens/Passeios

Viagem pela Europa com bebê de 6 meses (relato da leitora)

Compartilhe:
pin it

A querida leitora Gisele Bridi vem compartilhando, aqui no blog, os preparativos para sua primeira viagem internacional com sua filhota Alice, de 6 meses (em uma série que quase podemos chamar de “Europa com Bebê”). Assim, ela já escreveu alguns posts para a gente, com dicas e conselhos muito bacanas: A decisão de viajar com um bebêEmissão de passaporte para bebêSeguro saúde para viagensQue vacinas as crianças devem tomar ao viajar ao exterior.

Pois bem, hoje é o post no qual ela conta como foi a aventura da viagem em família. E, claro, como não poderia deixar de ser, ela também compartilha algumas dicas e aprendizados.

Venha ver! Está uma delícia de acompanhar os relatos da Gisele.

Alice e a Torre de Belém em Lisboa – Portugal

Enfim viajamos

Por Gisele Bridi, mãe da Alice

Não vou mentir, eu estava muito pessimista com relação a essa viagem. Para ajudar, quase todas as pessoas com quem conversávamos falavam “vocês são loucos”, ou então, faziam aquela cara do tipo “hum… sei não”.  Algumas leitoras aqui do blog incentivaram, compartilharam dicas e experiências, isso ajudou a melhorar um pouco minha expectativa, mas confesso que eu estava com medo.

Chegou o tão esperado mês da viagem, meu foco era totalmente outro: batizado da Alice e introdução alimentar. Minha cabeça estava a mil e eu deixei várias coisas para organizar na última hora. Para completar, meu marido teve um compromisso de trabalho em São Paulo, na véspera da viagem. Eu tive que me virar para dar jeito em tudo e ainda me preparar psicologicamente para pegar um avião sozinha com uma bebê de seis meses. Não preciso nem comentar meu nível de estresse e meu grau de ansiedade e cansaço antes de viajar. De qualquer forma, eu precisava transparecer a calma de um monge para que a Alice não entrasse na onda da mamãe louca. Confesso que enquanto esperava o táxi que nos levaria para o aeroporto eu pensei: Viagem assim, nunca mais! Nunquinha! Nuuuunca mais!

No dia 7 de março, Alice e eu embarcamos para encontrar o papai em Guarulhos. Nosso voo era Cascavel-Guarulhos, com escala de quase três horas em Curitiba. Só essa parte já rendeu assunto para um outro texto. Lá fomos nós com malas, carrinho e bebê conforto. Chegamos em Guarulhos abaixo de chuva, duas horas depois do previsto. Para meu grande alívio, Alice não chorou e dormiu durante os voos. Não despachei o carrinho, e isso facilitou muito a minha vida no aeroporto em Curitiba. Tudo ocorreu perfeitamente bem e eu pude me acalmar, principalmente quando vi meu marido. Realmente não era um bicho de sete cabeças, dei conta sozinha, junto com o papai então… iríamos tirar de letra! A animação bateu, a viagem virou realidade e eu finalmente estava otimista. Posso dizer que, a partir daí, nossas férias começaram literalmente e eu resolvi relaxar e aproveitar da melhor maneira. No dia seguinte embarcamos para o nosso primeiro destino: Portugal.

Sim, eu tinha receio que Alice chorasse durante o voo. Acho que isso é algo que preocupa boa parte dos que viajam com criança. Para felicidade geral isso não aconteceu. Olha que não foram poucos voos, 11 no total. Por incrível que pareça em nenhum teve choro. Segui a recomendação de amamentar durante pousos e decolagens para aliviar um possível desconforto nos ouvidos da bebê. Viajamos em horários que geralmente ela está dormindo, isso colaborou para que ela dormisse na maioria dos voos. Trocamos a fralda quando foi preciso, afinal bebê nenhum gosta de ficar com fralda suja. Quando ela começava a ficar entediada, levantávamos para passear no corredor do avião. Alice é curiosa e adora brincar, então, levei uma sacola com brinquedinhos novos. Além disso, o celular estava calibrado com Galinha Pintadinha que ela ama. Na hora do desespero, em um avião onde não se tem para onde correr, vale a pena usar desse artificio.

Frio ou calor demais deixam qualquer um irritado, geralmente é muito frio dentro do avião. Levei um cobertorzinho e uma mala de mão recheada com roupinhas. Além da temperatura dentro do avião eu tinha receio de que a bagagem da Alice fosse extraviada, o que não é difícil de acontecer, por isso fui preparada para qualquer inconveniente. Sempre bom lembrar que, em viagens longas de avião, o bebê fica muito tempo no colo. Nesse caso, o conforto fica acima de roupinhas cheias de frufrus que possam incomodar ou até machucar o bebê. Teve voo em que Alice viajou de pijama, bem confortável.

Pijama no avião…. Porque não?

No voo de ida, tivemos sorte e fomos gentilmente alocados nas poltronas conforto. Elas possuem maior espaço, são ideais para viajar com bebês ou crianças. No voo de volta ao Brasil, viajamos em poltronas comuns, porém ninguém sentou ao nosso lado.  Pudemos fazer uma caminha para a Alice dormir na poltrona. Sem dúvida, na próxima viagem quero reservar a poltrona conforto com antecedência. Apesar de ser cobrado uma taxa para esses lugares, vale a pena.

Alice no voo de volta ao Brasil

Na ida e na volta tivemos conexão em Roma. Tanto na ida quanto na volta o voo foi cancelado e precisamos ficar cerca de cinco horas aguardando no aeroporto.  Apesar dos imprevistos de cancelamentos, tudo correu bem. Descobri que no aeroporto Fiumicino, em Roma, tem uma sala especial para bebês, tipo um berçário (Nursery). Um lugar calmo com trocador, brinquedos, caminhas, aquecedor de mamadeira e poltronas confortáveis para amamentação. Ideal para descansar um pouquinho, mas Alice queria mais era ver o vem e vai do aeroporto.

Berçário no aeroporto Fiumicino em Roma

Vale a pena lembrar que, em caso de problemas com voos, como cancelamentos, atrasos e remarcações, os passageiros têm direitos e a companhia aérea precisa fornecer hotel, alimentação e transporte se necessário. No nosso caso, que foram poucas horas para o outro voo, recebemos vouchers para alimentação.

Ficar em aeroportos torna a viagem mais cansativa. Quando não tínhamos bebê, não nos importávamos em passar algumas horas aguardando o próximo voo. Dessa vez, optamos por fazer pausas em hotéis e ir para o aeroporto apenas duas horas antes do embarque. Em todos os aeroportos que passamos não despachamos o carrinho de bebê, só o entregamos na porta do avião. Além do carrinho, levamos o bebê conforto, pois alugamos carro para rodar na Europa. As locadoras alugam cadeirinha, mas optamos em levar e economizar com esse item. O carrinho e o bebê conforto são considerados bagagens especiais nos aviões. Nos voos nacionais e internacionais podem ser levados sem problema, não há custo adicional. Nosso voo nacional foi com a Azul e eles tiveram o cuidado de embalar tudo com um plástico. Já com a Alitalia e as outras empresas que viajamos na Europa, isso não ocorreu. Então se você tem apego a esses itens, é melhor despachar bem embaladinho para não estragar. O carrinho da Alice ficou bastante danificado.

Para falar a verdade, a minha preocupação nem era com choro no avião e o cansaço. Meu maior medo era que Alice ficasse doente durante a viagem. Se acontecesse alguma coisa, acho que eu não iria me perdoar por tê-la tirado do conforto de casa. Eu sentia arrepios só de pensar nessa possibilidade. Viajamos com um bom seguro viagem para emergências médicas. A farmacinha também foi abastecida, o pediatra da Alice receitou vários tipos de remédios para as mais variadas situações. Graças ao bom Deus, dos itens que foram receitados, Alice só usou protetor solar e hidratante nas bochechinhas por causa do vento frio.

Muitas pessoas perguntaram se sofri algum problema por amamentar em locais públicos. Isso também era um receio, afinal amamentação ainda é um tabu em muitos lugares. Claro que quando se viaja para um local onde a cultura e os hábitos são muito diferentes dos nossos, é bom procurar se informar a respeito e evitar transtornos. No meu caso não tive problemas, quando Alice queria mamar, eu não pensava duas vezes e amamentava onde estivesse. Fomos muito bem tratados em todos os países que passamos. Italianos, espanhóis e portugueses adoram bebês. Alice gostou muito da atenção e brincadeiras, tanto que, na França, onde as pessoas são um pouco mais reservadas, ela dava um jeitinho de chamar atenção e arrancar sorrisos por onde passava.

Bom, eu pensei que essa viagem se resumiria a muito cansaço e pouco proveito. Mesmo a Alice sendo muito tranquila, bebês são sempre uma surpresa. Sair da rotina, fuso horário, frio… Na minha cabeça tudo isso era sinônimo de cilada. Pensei que haveria dias em que não conseguiria sair do hotel e o medo de doenças me apavorava. Por sorte, me enganei bonito, a viagem foi perfeita! Passamos por três países e um principado: Portugal, França, Espanha e Mônaco. Visitamos onze cidades: Porto, Óbidos, Lisboa, Marseille, Nice, Monte Carlo, Aix-en-Provence, Saint Émilion, Bordeaux, Madri e Toledo. Foram onze voos no total e muitos quilômetros rodados por carro também. Tínhamos um roteiro definido, porém estávamos cientes de que quem ditaria o ritmo seria a Alice. O bem-estar dela foi a nossa prioridade e isso que garantiu o sucesso da viagem.

Não sei se o gosto para viajar está no sangue, mas acredito que a Alice herdou. Foram 15 dias incríveis em que pudemos passar grudadinhos com muita brincadeira, colo e carinho. A alegria da Alice era a resposta de que tudo estava indo bem. Ah, e quanta alegria! Mesmo tão novinha, com apenas 6 meses, foi possível identificar o que ela gostou: vilarejos com ruas estreitas e movimentadas, cachorros, artistas de rua, pessoas idosas… Alice se divertiu e nos permitiu fazer coisas que nem imaginávamos que seria possível, como jantar ao som de fado em um pequeno restaurante em Lisboa.

Eu que pensava em nunca mais fazer uma viagem dessas, já estou ansiosa pela próxima (tudo bem que Alice está maior e com muita energia, mas a gente encara!). Com essa viagem eu aprendi que sofrer por antecedência é bobagem. É melhor deixar as coisas acontecerem, na hora a gente vê o que faz. Com certeza, a preocupação antecipada foi a pior parte. Realmente, quase desisti de uma viagem incrível por medos de fatos que nem aconteceram. Poder desligar da rotina maçante do dia-dia, passar momentos juntinhos da filha e do marido era o que eu precisava para renovar as energias e encarar essa nada mole vida de mamãe de primeira viagem.

P.S.: Alice depois da viagem ficou mal-acostumada, não quer mais ficar dentro de casa…. Por isso a demora em escrever esse relato.

 

Um abraço,

Gi Bridi Dallazuanna

Veja mais!